A MATERNIDADE DIVINA DE MARIA E SANTA TERESINHA

A MATERNIDADE DIVINA DE MARIA E SANTA TERESINHA

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

(1º de Janeiro de 2022)

A MATERNIDADE DIVINA DE MARIA E SANTA TERESINHA

Sabemos muito bem que a Virgem Santíssima é a rainha do céu e da terra,

mas ela é mais mãe do que rainha”. (CA.21.8.3)

A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos») (cf. Concílio de Éfeso). Ela é chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» (Jo 2, 1; 19, 25), e é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo desde antes do nascimento do seu Filho. Diante da nobre saudação de sua prima Isabel, também ela ouvirá: “Como me visitará a Mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43). Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. (CEC 495) No dizer de São Paulo, compreendemos o mistério a ser assumido por nós batizados: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá — ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus”. (Gl 4, 4-7)

Ao celebramos a Solenidade da Maternidade Divina Virgem Maria precisamos nos recordar que Ela é ao mesmo tempo, virgem e mãe, porque é a figura e a mais perfeita realização da Igreja: «Por sua vez, a Igreja, que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da Palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.

Recordamos, ainda, que maternidade da Virgem Maria é assumida pelos cristãos de todos os tempos que sentem-se gerados em seu coração maternal e na acolhida de sua vida de fé e amor a Deus e aos seu filho por Ela concebido. Convicta dessa certeza dirá S. Teresinha à Celina em outubro de 1892: “A propósito da Santíssima Virgem, devo lhe confiar uma das minhas simplicidades com ela. Às vezes, surpreendo-me a lhe dizer: ‘Mas, minha boa Santíssima Virgem, acho que sou mais feliz que a senhora, pois eu a tenho por Mãe, e a senhora não tem uma Santíssima Virgem para amar… É verdade que a senhora é a Mãe de Jesus, mas esse Jesus a senhora no-lo deu todo inteiro… e Ele, na cruz, no-la deu por Mãe. Assim, somos mais ricos do que a senhora, pois possuímos Jesus e a senhora é nossa também. Outrora, na sua humildade, a senhora desejava ser, um dia, a pequena serva da feliz Virgem, que teria a honra de ser a Mãe de Deus, e eis que eu, pobre criaturinha, não sou vossa serva, mas vossa filha, a senhora é a Mãe de Jesus e a senhora é minha Mãe” – completa Teresinha -, sem dúvida, a Santíssima Virgem deve rir da minha ingenuidade, contudo, o que lhe digo é bem verdadeiro!” (CT. 137)

 Nosso Senhor Jesus Cristo é concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, porque Ele é o Novo Adão, que inaugura a criação nova: «O primeiro homem veio da terra e do pó: o segundo homem veio do céu» (1 Cor 15, 47). A humanidade de Cristo é, desde a sua conceição, cheia do Espírito Santo, porque Deus «não dá o Espírito por medida» (Jo 3, 34). É da «sua plenitude», que Lhe é própria enquanto cabeça da humanidade resgatada que «nós recebemos graça sobre graça» (Jo 1, 16). O olhar da fé pode descobrir, em ligação com o conjunto da Revelação, as razões misteriosas pela qual Deus, no seu desígnio salvífico, quis que o seu Filho nascesse duma virgem. Tais razões dizem respeito tanto à pessoa e missão redentora de Cristo como ao acolhimento dessa missão por Maria, para bem de todos os homens: A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação. Jesus só tem Deus por Pai. (cf. CEC 502-504)

Em seu amor filial à Santíssima Virgem e Mãe, S. Teresinha expressa seu ardente desejo de manifestar esse amor assumindo até mesmo a dignidade de sacerdote, dizendo: “Como quisera ser padre para pregar sobre a Santíssima Virgem! Uma só vez me teria bastado para dizer tudo o que penso a esse respeito. Teria, primeiramente, feito compreender a que ponto se conhece pouco sua vida”. Testemunha com amor a entrega abnegada dessa Mãe, que se ofereceu desde a mais tenra idade a Deus, e, continua: “Não seria necessário dizer coisas inverossímeis ou que não se sabe, por exemplo, que, bem pequena, com três anos, a Santíssima Virgem foi ao Templo se oferecer a Deus com sentimentos ardentes de amor e muito extraordinários, enquanto ela talvez foi lá, muito simplesmente, para obedecer a seus pais”. Como sabemos, desde o primeiro instante da sua conceição, a Virgem Maria foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida. Maria é verdadeiramente «Mãe de Deus», pois é a Mãe do Filho eterno de Deus feito homem que, Ele próprio, é Deus.  Maria permaneceu «Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz, Virgem grávida, Virgem fecunda, Virgem perpétua» (cf. Santo Agostinho); com todo o seu ser; ela é a «serva do Senhor» (Lc 1, 38). Por isso, completará Teresinha: “O que a Santíssima Virgem tem mais do que nós, é que ela não podia pecar, que ela era isenta da mancha original, mas, por outra parte, teve muito menos chance do que nós, pois não teve a Santíssima Virgem para amar e isto é uma doçura a mais para nós e uma doçura a menos para ela! Enfim, digo no meu Cântico: “Por que te amo, ó Maria!”, tudo que pregaria sobre ela. (CA.21.8.3)

Como Santa Teresinha, que possamos também nós, demonstrarmos nosso amor filial à Santíssima Virgem e Mãe neste dia em que a Igreja celebra sua Maternidade Divina. E, com ardente desejo de manifestar esse amor, assumirmos a dignidade de filhos desta Mãe, Irmã e Rainha. Pois, “sabemos muito bem que a Virgem Santíssima é a rainha do céu e da terra, mas ela é mais mãe do que rainha”. (CA.21.8.3) Que no Filho bendito de Deus Pai, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, proclamemos continuamente:

 

SANTA MARIA MÃE DE DEUS,

ROGAI POR NÓS!

Estela da Paz, OCDS.

Comissão de Formação.

 

Ref.:

Obras Completas de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face. Paulus 2002.

Catecismo da Igreja Católica: CEC 495; 502-504; 507-511;

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