FESTA DO 150º ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS (02/01/1873 – 2023)

FESTA DO 150º ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS (02/01/1873 – 2023)

FESTA DO 150º ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO
DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS
(02/01/1873 – 2023)


“Esta pequena Teresa, pediu para voar para o Carmelo” (cf. Carta 261)

Nesta celebração dos 150 anos do nascimento de Santa Teresinha teríamos uma tarefa um tanto difícil, caso quiséssemos relatar toda a sua vida ao longo deste tempo, porque a centralidade do seu testemunho de amor, fidelidade e “oferecimento” a Deus, se dilata mais e mais a sua história para aqueles que dela se aproximam. Para além de sua biografia e dos seus escritos, estão promessas de intercessão feitas por ela em vida, que como “chuva de rosas”, têm dado sentido à vida e à fé de tantas pessoas que dia-a-dia crescem e redescobrem o amor de Deus. Portanto, não pretendemos esgotar aqui sua biografia ou mesmo a “História de sua alma”, mas fazer desta data, 02 de janeiro de 2023, o marco de um período de três anos que a nossa Ordem do Carmelo Descalço pretende celebrar.
Cabe-nos lembrar que no Dossiê que o governo da França enviou à Conferência Geral dos países membros da UNESCO, e que validou a inclusão de S. Teresinha para a celebração dos “Aniversário 2022/2023”, a mesma recebeu o reconhecimento por ter sido “uma jovem francesa conhecida em todo o mundo, uma mulher da cultura, da educação e da ciência”. Isso se deve aos traços de sua personalidade que foram, e tem sido, contribuições para a humanidade de todos os tempos e lugares da história, dando sentido às necessidades inerentes à vida e ao coração humano em busca da paz pessoal e universal.
A sua obra principal é História de uma alma, ou Manuscritos autobiográficos, publicada um ano após a sua morte e que foi difundida de forma fecunda e rápida, com muitas publicações ainda hoje em circulação. Publicações em mais de 80 idiomas e dialetos em todo o mundo, com milhões de exemplares publicados, tornando-o no 2º livro mais popular a seguir à Bíblia. Através de suas obras, S. Teresinha deixa-nos transparecer a realidade histórica de seu tempo, de sua família e da França do século XIX, com realidades vivas da Igreja e da sociedade. Entre suas obras destacamos: 266 cartas de Teresa de Lisieux e 199 cartas dos seus correspondentes. Conta com uma coleção de 54 poemas, que revelam a alma de Teresa de Lisieux, poetisa. Estes, compostos pelas melodias do seu tempo, são concebidos como odes à vida, ao Amor. Sua obra é enriquecida por 8 peças de teatro compostas para deleitar e entreter a sua comunidade, tendo ela própria muitas vezes, interpretando-os como personagem, juntamente com outras irmãs. E, encontramos, especialmente, nos seus Manuscritos A, B e C, pormenores de sua autobiografia – “História de sua alma” -, escritos a pedido de suas Irmãs no Carmelo.
Para esta celebração importa-nos apresentar um itinerário curto de sua “História”. Atentaremos para os contextos gerais, porque ao longo de três anos – como falado acima, faremos um percurso mais detalhado que será o estudo de suas obras, para assim crescermos e redescobrirmos a confiança e o abandono na Misericórdia de Deus, através da experiência de quem descobriu o “Pequeno Caminho” da vida e da santidade.

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897) nasceu em Alençon, França, no dia 02 de Janeiro de 1873. Foi uma criança muito amada, muito mimada também, especialmente por seu pai. Era uma criança comum, expansiva, alegre. Não havia nada de extraordinário nela. Tinha dificuldade nos estudos em gramática e cálculo, mas gostava de história e geografia. Seus pais, Luís e Zélia Martin, deram sentido ao seu caminho de santidade. Teresinha nunca teve dúvida do lar em que nascera e em que fora educada junto as suas irmãs. Um lar que as preparou para a vida e para fé. Escreve ela:
“O bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do Céu que da terra. Pediram ao Senhor que lhes desse muitos filhos e os tomasse para si. Esse desejo foi atendido: quatro anjinhos voaram para o Céu e as cinco filhas que ficaram na arena tomaram a Jesus por Esposo. Foi com uma coragem heróica que meu pai, como um novo Abraão, subiu três vezes a montanha do Carmelo para imolar a Deus o que tinha de mais caro. Primeiro, foram as duas mais velhas; depois, a terceira de suas filhas, sob o conselho de seu diretor e conduzido por nosso incomparável pai, fez uma experiência na Visitação (o bom Deus contentou-se com a aceitação; mais tarde, ela voltou ao mundo, onde vive como se estivesse no claustro). Só restavam ao eleito de Deus duas filhas: uma com dezoito anos, a outra com catorze. Esta, a pequena Teresa, pediu-lhe para voar para o Carmelo, o que obteve sem dificuldade por parte de seu bom pai, que teve a condescendência de levá-la, primeiro a Bayeux, e depois a Roma, a fim de superar os obstáculos que retardavam a imolação daquela a quem chamava sua rainha. Depois de a ter conduzido ao porto, disse à única filha que lhe restava: ‘Se quiseres seguir o exemplo de tuas irmãs, dou meu consentimento. Não te preocupes comigo’. O anjo que devia amparar a velhice de tal santo respondeu-lhe que, depois de sua partida para o Céu, voaria também para o claustro, o que encheu de alegria aquele que vivia só para Deus”. (Santa Teresinha C 261)
A primeira grande perda da vida de S. Teresinha foi a sua mãe, que morreu quando ela tinha 04 anos. A pequena criança, então, apegou-se a sua irmã Paulina, adotando-a como sua mãe. Porém, quando completou 10 anos, sua irmã Paulina ingressou no Carmelo. Foi um grande sofrimento para ela, que a fez adoecer, uma doença misteriosa. Com seu caráter hipersensível, essa segunda perda agravou o quadro, na verdade uma grave depressão. Mas, algo importantíssimo para sua experiência de vida e de fé na tenra idade, ocorreu no domingo de Pentecostes, quando estava imóvel na cama, ladeada pelas irmãs que rezavam por ela, é curada pelo sorriso de Nossa Senhora. Escreve ela:
“Era necessário um milagre e foi Nossa Senhora das Vitórias quem o fez… Não encontrando nenhum socorro na terra, a pobre Teresinha se voltara para sua Mãe do céu, ela lhe pedia, com todo seu coração, para ter, enfim, piedade dela… De repente, a Santíssima Virgem me pareceu bela, tão bela como nunca vira algo tão belo, seu rosto demonstrava uma bondade e uma ternura inefável, mas o que penetrou até o fundo de minha alma foi o “encantador sorriso da Santíssima Virgem”. Então, todas as minhas penas desapareceram, duas grossas lágrimas saíram de minhas pálpebras e rolaram, silenciosamente, por minhas faces, eram lágrimas de uma alegria sem mistura… Ah, pensei eu, a Santíssima Virgem me sorriu, como sou feliz!” (MA.30r-30v)

Santa Teresinha teve a cura dos escrúpulos e de sua hipersensibilidade no Natal de 1886, o dia de sua “conversão completa”: quando ela tinha 13 anos, quase 14. Apesar de já ser adolescente ainda colocava presentes nos sapatos juntos à lareira, uma tradição para as crianças da Europa na época do Natal. Sem saber de sua presença na sala, naquela noite de Natal, seu pai comentou, já enfastiado, que estava satisfeito porque aquele seria o último ano em que ela faria aquilo. Para ela foi um choque ouvir isso de seu amado pai, seu “rei”, como ela dizia. Mas, nesse momento ela teve uma reação surpreendente, um momento de cura e de conversão mesmo.
Aos 14 anos, fala com seu pai que quer entrar para o Carmelo. Mas ainda não tinha idade suficiente pelo Direito Canônico. Seu pai vai conversar com o Bispo. Era preciso esperar aos 21 anos de idade. Mas a decisão e a determinação de Santa Teresinha a levaram até o Papa, na época, Leão XIII. No fim de tudo, ela consegue a autorização: entra no Carmelo com 15 anos. Teresinha, que toma o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face será uma irmã como as outras. Poucas companheiras percebiam que ela era especial. Na monotonia do Carmelo, no serviço cotidiano, ela vai se aperfeiçoando. Em 1894, ano da morte de seu pai, ela descobre a “pequena via”. A “pequena via” é um caminho que pode ser seguido por todos, pois é um caminho de simplicidade. Caminho que não exige nem êxtases e nem penitências
extraordinárias, mas somente a sabedoria de revestir de amor todas as atividades da nossa vida, até mesmo as mais ordinárias. Viver tudo com amor, principalmente as pequenas coisas. Ela nos ensina, com isso, a viver a “Infância Espiritual”, a sermos crianças para atrairmos o olhar de Deus. E isso nos faz viver a pequenez – ser pequeno, viver o escondimento, combater o nosso orgulho e agradar o coração de Deus. “Sou o que Deus pensa de mim!” Santa Teresinha morreu no dia 30 de setembro de 1897. Suas últimas palavras foram: “Meu Deus eu vos amo!” As irmãs rezam o Credo. A cabeça dela se mexe, ela sorri. Entra um passarinho em sua cela, que voa sobre o seu leito e sai. Ela morre. Entrou na vida! Foi canonizada em 1925, pelo Papa Pio XI. Foi declarada padroeira das missões em 1927, pelo mesmo Papa. Foi proclamada Doutora da Igreja no centenário de sua morte, pelo Papa João Paulo II em 1997.
Santa Teresinha não só descobriu no coração da Igreja que sua vocação era o amor, mas sabia que o seu coração – e o de todos nós – foi feito para amar. Sua vida de apenas 24 anos, passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus. Todos os gestos e os sacrifícios do menor ao maior foram oferecidos a Deus, pela salvação das almas e na intenção da Igreja. Viveu como criança para Deus, livre e abandonada, como brinquedo aos cuidados do Menino Jesus. No entanto, tomada pelo Espírito de amor, aprendeu e ensinou a pequena via da infância espiritual. O mais profundo desejo do coração de S. Teresinha era ter sido missionária “desde a criação do mundo, até a consumação dos séculos”. Sua vida nos deixou como proposta, selada na autobiografia “História de uma alma”, e como intercessora dos missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra.
Agradeçamos ao Bom Deus por estes 150 Anos de Nascimento de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, que foram e são, motivo de graça para a vida do Carmelo, da Igreja, das famílias e do mundo em que vivemos, para que através do seu testemunho de amor a Deus e aos irmãos, possamos nos abrir ao seu Amor, assumindo a nossa vocação batismal dentro da vocação específica, tornando o nosso testemunho fecundo para a missão que Deus nos confia nas diversas dimensões de nossas vidas. Peçamos sua intercessão neste dia, para que também nós, sejamos alcançados pela Misericórdia divina.


VIVA SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS!
SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE,
ROGAI POR NÓS!

Comissão de Formação:

(História e Espiritualidade)

Estela da Paz, OCDS.
Com. São José/Petrópolis, RJ.

Coordenadora.

 

Referências:

FACE. Santa Teresa de Menino Jesus e da Sagrada. História de uma alma. Manuscritos autobiográficos. 13ª edição. Paulus.
Dossiê da França à UNESCO de validação da inclusão de Teresa de Lisieux aos seus Aniversários.

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