NOVENA A SÃO JOSÉ 2023 – São José no Carmelo Teresiano e na Igreja 9. dia

SÃO JOSÉ, O PAI DA CONTEMPLAÇÃO

Que o Senhor Jesus seja louvado!

Reunidos aqui mais uma vez para entendermos mais das virtudes Josefinas, aprendermos delas e por em prática.

Importante definirmos que contemplação, na oração, mais do que poder ver a Deus é ver com Deus. E temos visto a importância, de recuperarmos, na nossa vida espiritual, o gosto pela contemplação, entendida como maravilhamento, admiração, diante do Mistério transcendente -de Deus Pai que se manifesta no Filho, por meio do Espírito. É um maravilhamento que gera o silêncio… Silêncio da música calada, da solidão sonora, da ceia que recreia e que enamora (cf. S João da Cruz). É um silêncio que não significa ausência de palavras ou de sons, mas Plenitude da Palavra e da harmonia suprema, como uma “imersão” na luminosidade da comunhão plena com Deus.

Interessante que o verbo hebraico, que costuma ser traduzido por contemplar, na realidade indica a ação de “escavar”, de perfurar a superfície da realidade para alcançar o núcleo secreto que contém os sinais do mistério. Por esse motivo o “Contemplai o Senhor e sereis radiantes” (Sl 34,6) indica a transparência de espírito , ainda límpido, que contempla Deus sem ver a sua face, que o escuta sem ouvir a sua voz, que responde à sua vontade sem conhecê-la.

Assim é São José, homem dado ao silêncio, que caminhou com uma fé íntegra, dócil à ação do Senhor. Muitas vezes, pelo fato de ter exercido uma profissão manual, São José foi lembrado como alguém que levou vida ativa, mas não se pode esquecer, como tanto enfatizou a Santa Madre Teresa, que ele nos é um modelo de vida contemplativa.

“Quem não encontrar mestre que ensine a rezar tome por mestre esse glorioso santo, e não errará o caminho”- V 6, 8.

O dicionário de Mística, ao resgatar os escritos de São João Paulo II, reflete que, “embora os evangelhos falem “exclusivamente” do que José fez, permitem entrever em suas ações, acobertadas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação. No documento RC (Redemptoris Custus), não aparece a palavra “mística”, mas ela é continuamente subentendida, é exposta sua essência, que é a união íntima com Deus.

José, homem contemplativo, escolhido para ser o esposo de Maria, o pai do Salvador… Ele, que ao tomar ciência da divina gravidez, não toma atitude imediata, mas permanece em silêncio… adormece nos braços do seu Senhor… e como retrata o evangelho de Mateus:

“Enquanto assim pensava, eis que um anjo José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo… Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado…” (cf. Mt 1, 20-24).

Dessa forma, uma vez que a participação no mistério de Cristo é o fundamento da união que se chama “mística”, ninguém mais do que José, “juntamente com Maria e também em relação a Maria” (RC 5), participou do mistério divino, e isto “desde o primeiro instante”, chamado por Deus para servir diretamente à pessoa e à missão de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade. E é desta maneira que ele coopera na plenitude dos tempos com o grande mistério da redenção e torna-se verdadeiramente “ministro da salvação” (RC 8).

Que o glorioso São José, exemplo de vida contemplativa, de silêncio fecundo, seja por nós acolhido e amado como pai espiritual, irmão de caminhada, intercessor precioso junto a Deus.