SOLENIDADE DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO – 16/07/2023

SOLENIDADE DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO – 16/07/2023

“A Flor do Carmelo nos incita a amar e imitar suas virtudes”

A Ordem do Carmelo é o símbolo da vida contemplativa, da busca incessante da graça de Deus. Carmelo em hebreu significa “pomar bem cultivado”, “jardim fértil” e “vinha de Deus”. Neste jardim a Flor por excelência é a Virgem Maria, a Mãe de Jesus. Adornada pelas virtudes que o Espírito Santo fez florescer, Ela, a Flor do Carmelo nos incita a amar e imitar suas virtudes. Ao longo dos séculos, neste jardim floresceram inúmeras almas santas, entre elas: Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Edith Stein, entre outros. A tradição da Ordem põe nos lábios de São Simão Stock a autoria de uma linda oração à Virgem Maria. O texto mais antigo conhecido encontra-se no Officium rhythmicum, manuscrito guardado na biblioteca universitária de Cambridge e que foi escrito depois do ano de 1507.* Esta oração é o Hino ‘Flos Carmeli’, atribuído, portanto, a São Simão Stock (1165-1265), o qual foi entoado originalmente pelos carmelitas para a festa desse santo e, desde 1663, para a Festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

 


Todo culto a Maria é trinitário, cristológico e eclesial e tem por finalidade amar, conhecer e dar glória a seu Filho.

(Estatuto OCDS, 2023 – Título II)

Nesta meditação, seremos auxiliados pela oração “Flos Carmeli, e uniremos estrofes do poema 54 “Por que te amo, oh, Maria”, escrito por Santa Teresinha do Menino Jesus, em maio de 1897 (nos últimos meses de vida), onde ela vai expressar tudo aquilo que pensa a respeito da Virgem Maria. Perceberemos virtudes da Boa Mãe que nos saltarão aos olhos, e que a santa foi ao evangelho para ver, escutar e meditar as palavras e os gestos de sua Mãe, para depois narrar em seu poema o que ela “fez e ensinou”.


Com a fecunda presença da Virgem Maria, dizemos:


“Flor do Carmelo/ Vinha florida,/ esplendor do Céu,/ Virgem fecunda,/ és singular.
Doce e bendita,/ ó Mãe puríssima,/ aos carmelitas,/ sê tu propícia,/ Estrela do Mar.

Humildade

A verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas, nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes. (Estatuto OCDS, 2023 – Título II) A caminhada com a Virgem Maria nos prepara continuamente para o dinamismo interior do seguimento de Jesus, por isso o Carmelo tem contemplado Maria como Mãe e Irmã, como “modelo acabado do discípulo do Senhor” (Marialis Cultus 37) e, portanto, modelo da vida dos membros da Ordem. A Virgem do Magnificat anuncia a ruptura com um mundo velho e anuncia o começo de uma história nova, na qual Deus derruba do trono os poderosos e exalta os pobres. (cf. Const. V 29) Por isso dirá S. Teresinha:

 

“Oh! Eu te amo, Maria, proclamando-te a serva/ Do Deus que deslumbras com tua humildade./ Esta virtude escondida te faz poderosa,/ Atrai ao teu coração a Santíssima Trindade./ Então, ao cobrir-te com sua sombra o Espírito de Amor,/ O Filho igual ao Pai em ti se encarnou…/ Será bem grande o número de seus irmãos pecadores,/ Pois, Jesus há de se chamar o teu primogênito”. (cf. P 54, 4)

Grandeza


Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» (Jo 2, 1; 19, 25; Mt 13, 55, Maria é Aquela que acreditou, por isso foi aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu Filho, como «a Mãe do meu Senhor» (Lc 1, 43). Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus, «Theotokos». (cf. CEC 495)

Dirá no início do poema:

 

“Oh! Quisera cantar, Maria, porque te amo,/ Porque teu nome tão doce me faz estremecer o coração/ E porque o pensamento de tua suprema grandeza/ Não consegue inspirar à minha alma nenhum temor./ Se te contemplasse em tua sublime glória,/ Ultrapassando o esplendor de todos os Bem-aventurados,/ Não poderia acreditar que sou tua filha…/ Diante de ti, oh, Maria, meus olhos, eu os abaixaria!” (P 54,1)

Com a fecunda humildade e grandeza da Virgem Maria, dizemos:
Raiz de Jessé,/ de brotos floridos,/ queiras, feliz,/ ao céu pelos séculos/ nos elevar.
Entre os abrolhos,/ viçoso lírio,/ guarda de escolhos,/ o frágil ânimo,/ Mãe tutelar.


Silêncio


No Carmelo teresiano o amor à Maria, Mãe e Rainha, está unido ao amor ao seu esposo São José. O Pai concedeu também a ele, “homem justo” (Mt 1,19), a custódia do mistério da Encarnação de seu Filho Jesus Cristo. Seguindo o exemplo de S. Teresa, o Secular encontra em São José um modelo a seguir para uma vida em humilde adoração e comunhão orante com Jesus, um mestre de oração e de silêncio (Cf. S. Teresa de Jesus , Vida, 6,6-8). (Const. V 31-a) “Quando o bom São José ignorava o milagre/ Que, em tua humildade, querias esconder,/ Tu o deixaste chorar junto ao Tabernáculo/ Que escondia a divina beleza do Salvador!/ Oh! Como amo, Maria, teu eloqüente silêncio!/ Para mim, é um doce e melódico concerto/ Que me fala da grandeza e da onipotência/ De uma alma que só espera auxílios dos Céus…” (P 54, 8)

Exemplo


A Virgem Maria é, para o Carmelita Secular, um modelo de entrega total ao Reino de Deus. Ela nos ensina a escutar a Palavra de Deus na Escritura e na vida, a crer nela em todas as circunstâncias para viver suas exigências. E isto, sem entender muitas coisas; guardando tudo no coração (Lc 2,19. 50-51) até que chega a luz, com uma oração contemplativa. (cf. Const. V 29) “O evangelho me ensina que, crescendo em sabedoria/ A José e Maria, Jesus era submisso./E meu coração revela com que ternura/ Ele sempre obedecia a seus queridos pais./ Agora, compreendo o mistério do templo,/ As palavras veladas do meu amável Rei…/ Teu doce Filho, Mãe, quer que sejas o exemplo/ Da alma que o busca na noite da fé!” (P 54, 15)


Com o fecundo silêncio e exemplo da Virgem Maria, dizemos:
Forte armadura/ Frente o adversário,/ Na guerra dura,/ o escapulário/ vem nos guardar.
Nas incertezas,/ conselho sábio;/ nas asperezas,/ consolo sólido/ queira nos dar.

Alegria


Uma qualidade essencial da vocação de um Carmelita Secular é a capacidade para a meditação. Maria, para um membro da Ordem Secular, é o modelo de uma [vida] meditativa. Ela atrai e inspira o carmelita à forma contemplativa de entender a vida do Corpo Místico de seu Filho, que é a Igreja. O aspecto peculiar da Virgem Maria que deve estar presente em qualquer pessoa chamada ao Carmelo é a inclinação à “meditação em seu coração”, a frase que o evangelho de São Lucas usa duas vezes [2, 19, 51] para descrever a atitude de Maria em relação a seu Filho. Maria é nosso modelo de oração e de meditação. Este interesse em aprender a meditar ou a ter inclinação para a meditação é uma característica fundamental de qualquer OCDS. Isto é, talvez, a o mais fundamental. (cf. Ratio 74-75)

 

“Oh, Virgem Imaculada! A mais terna das mães!/ Escutando Jesus, tu não ficas triste,/ Mas te alegras porque ele nos faz compreender/ Que nossa alma se torna sua família na terra./ Sim, tu te alegras por ele nos dar sua vida,/ Os tesouros infinitos de sua divindade!/ Como não te amar, oh, Mãe querida,/ Vendo tanto amor e tanta humildade?” (P 54, 21)

Caridade


Maria é também ideal e inspiração para o Secular. Ela vive próxima às necessidades dos irmãos, preocupando-se com elas (Lc 1,39-45; Jo 2,1-12; At 1,14). Ela, “o ícone mais perfeito da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos” (Redemptoris Mater 37), ajuda a compreender o sentido da missão. Ela, Mãe e Irmã, que nos precede na peregrinação da fé e no seguimento do Senhor Jesus, acompanha a cada um, para que a imitem em sua vida escondida em Cristo e comprometida com o serviço aos outros. (Const. V 30) “Tu me deixas perceber que não é impossível/ Caminhar sobre teus passos, oh, Rainha dos eleitos./ O estreito caminho do Céu, tu o tornastes visível/ Praticando sempre as virtudes mais humildes./ Ao teu lado, Maria, gosto de permanecer pequena;/ Das grandezas desse mundo, vejo a vaidade…/ Na casa de Santa Isabel que recebe tua visita,/ Aprendo a praticar a ardente caridade”. (P 54, 6)

 


Com a fecunda alegria e caridade da Virgem Maria, dizemos:
Mãe de doçura/ do Carmo régio/ sê a ventura/ que o povo, em júbilo,/ faz exultar.
Do paraíso,/ és chave, és pórtico;/ prudente guia,/ a nós, de glória,/ vem coroar”. Amém.

Salve a Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo!

Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
Vinha Fecunda, intercedei por nós!

Estela Maria Teresa de Jesus, OCDS.
Comissão de Formação
(História e Espiritualidade)


Referências:
• Obras Completas de Santa Teresinha e da Santa Face. São Paulo: Paulus, 2012.
• Estatuto OCDS, de 16/03/2023.
• Constituições OCDS.

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