Oração inicial
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Ave Maria…
Pai Nosso…
Convido você a silenciar seu interior, sentir a presença do Espírito Santo e orar comigo o Poema de São João da Cruz:
Oh! Chama de amor viva
que ternamente feres
De minha alma no mais profundo centro!
Pois não és mais esquiva,
Acaba já, se queres,
Ah! Rompe a tela deste doce encontro.
2 O DIA – (Ch 1, 1-8)
Nesse primeiro dia de retiro iremos refletir nos dois primeiros versos da primeira canção da Chama Viva, onde o poeta nos diz:
“Oh! Chama Viva da Amor!
Que ternamente feres, de minha alma”
Aqui, o nosso Santo do Amor, já sente a alma toda inflamada na divina união. “Rios de Glória parecem transbordar até o íntimo de sua substância… sente brotar os rios de agua viva que o Filho de Deus declarou que haviam de jorra nas almas chegadas a essa união”( Ch 1, 1). Essa Chama delicadíssima de amor, diz nosso Santo do Amor, “arde e glorifica em nós de tal maneira, que parece quase lhe dar a vida eterna, que chega a romper a tela desta vida mortal. Mas, ao perceber que esta tela não é toda rompida logo, a alma se dirige ao Espirito Santo, suplicando que rompa logo a tela desse doce encontro. Pede, enfim, que a glorifique de modo pleno e perfeito e diz”:
Oh! Chama de Amor Viva!
Nosso Santo do Amor, usa a expressão de exclamação “Oh!” em todo seu poema. Isso expressa afetuoso encantamento, para manifestar muito desejo e muita súplica. Ele notifica aqui seu grande desejo de persuadir ao Amor que a desate do corpo, quer dizer: é um superlativo dos seus desejos mais íntimos para assim o Espirito Santo o ouvir.
A Chama de amor é o espírito do seu esposo, que é o próprio Espírito Santo. Nosso Santo do Amor descreve assim: “sente a alma agora em si, não apenas como fogo que a mantém consumida e transformada em suave amor, mas como fogo que, além disso, arde em seu íntimo, produzindo chama! E essa chama, cada vez mais que flameja, mergulha a alma em glória, refrigerando-a ao mesmo tempo numa atmosfera de vida divina” ( Ch 1,3) São João da Cruz nos retrata aqui uma chama que refrigera, uma chama que aquece mas que ao mesmo tempo, esfria todo o interior. É uma experiência mística de união com Deus, onde ele nos revela que: “os atos interiores que produz são como labaredas inflamadas de amor, nas quais a alma, tendo a
vontade unida a Ele, ama de modo elevadíssimo, toda feita um só amor com aquela chama.”(Ch 1,3)
Os frutos dessa união são preciosíssimos atos de amor, que é o que somos chamados a viver, já nessa vida! Seus atos são a chama que se levanta do fogo do amor. Nesse estado, a alma não pode fazer atos porque é o Espírito Santo que produz tudo.
São João da Cruz nos ensina que o deleite produzido nessa alma é tão profundo que a faz sentir um gosto de vida eterna, e por isso a alma dá esse nome de chama viva.
Que ternamente feres!
São João da Cruz nos diz que a alam é ferida ternamente nesse encontro. Essa chama viva fere a alma com ternura. O santo do amor compara ao que aconteceu à esposa dos Cantares quando disse em Ct 5,6: “A minha alma se derreteu assim que o amado falou.”
Mas ele pergunta: como pode dizer que a fere, se na alma não há mais o que ferir? Estando ela já toda cauterizada pelo fogo do amor? E explica que o amor nunca está ocioso, mas em constante movimento. É como o fogo em chamas que está sempre levantando labaredas aqui e ali. Assim é na alma. As labaredas da chama estão sempre provocando feridas de amor aqui e ali. Assim se faz para que se cumpra a palavra expressa em provérbio: “Cada dia me deleitava, brincando todo o tempo diante dele, brincando na redondeza da terra, e achando as minhas delícias em estar com os filhos dos homens.” (Pr 8,30-31)
Meditação orante:
Esse texto nos provoca o desejo de conhecermos essa chama viva que arde no peito e nos faz conhecer um pedaço do céu na terra.
Hoje somos chamado a refletir na nossa oferta a Deus, acima de tudo, no desapego das coisa visíveis e invisíveis. A promessa para nós é viver o céu na terra. Esse céu se aproxima na medida do nosso sim, quer dizer, na medida que vamos deixando os nossos gostos e nos abrindo a Deus no dia a dia, em oração e ação de graças.
O caminho é a ascese, a oração cotidiana e fiel, como nos disse Santa Teresa: não precisa intensidade mas constância. Será na oração constante o lugar onde essa Chama Viva brotará em nosso interior. Por isso hoje somos convidados e uma vida de oração profunda, deixando deus agir em nossos corações e entrar em águas mais profundas. Busquemos o silêncio e a Palavra de Deus e mergulhemos nesse amor infinito de Deus.
Senhor, vem nos ajudar a buscarmos e vivermos nessa Chama Viva que é o Teu próprio amor em nós! Amém.
São João da Cruz, Rogai por nos!
Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds.
Com. Senhora do Carmo, Fortaleza – CE.
Comissão de Espiritualidade
Província São José
Maria José chagas costa
Rogai, por nós São João da Cruz