Santo Henrique de Ossó e Cervelló, presbítero
Fundador da Companhia de Santa Teresa de Jesus (Irmãs Teresianas)
Alguns dados bibliográficos de Santo Henrique
Henrique de Ossó e Cervelló nasce em Vinebre, a 16 de outubro de 1840, uma pequeníssima povoação da província de Tarragona, Espanha, situado nas margens do rio Ebro.
Henrique fala da sua família e diz que teve: “bons pais e santos avós”. Uma boa referência. A morte da sua mãe, aos 14 anos, causada pela cólera, deixa-o desolado. Ela dizia-lhe com frequência: “Meu filho, que alegria me darias se fosses sacerdote“. Ele respondia-lhe invariavelmente: “Não. Eu quero ser mestre“.
Num dia de primavera de 1852, ainda Henrique não completara os doze anos, saiu, com o pai, em direção a Quinto de Ebro, na província de Saragoça. Ali vivia, dedicado ao comércio de tecidos, João de Ossó, irmão do Sr. Jaime. Ali poderia Henrique passar uma larga temporada e, meio a brincar, meio a sério, junto do balcão do tio, ir-se-ia habituando à prática da vida comercial. Depois para Reus, ou para Tarragona… Assim pensava o Sr. Jaime.
Naquele dia, Dª Micaela ficou em casa a chorar. Em Quinto de Ebro, Henrique fica doente e regressa a casa. “Assim, pois, por novembro de 1852 entrava de novo Henrique na sua casa de Vinebre, donde saíra naquele formoso dia de primavera. A mãe apertou-o contra o peito, capaz de o comer com beijos. Também a sua irmã Dolores o recebeu com o melhor dos seus carinhos. Jaime, o irmão mais velho, já estava em Barcelona.
E agora?… Já não podiam mandá-lo à escola da aldeia, porque Henrique já não tinha mais nada para aprender. Contudo, não tinha abandonado os livros durante a estadia em Quinto de Ebro.
(…) naquela noite o Sr. Jaime disse à esposa: “A partir de amanhã começas a preparar a roupa e as coisas necessárias porque na segunda-feira próxima vou levar Henrique a Reus”.
Henrique talvez tenha ido para Reus na primavera de 1853, depois de se ter refeito totalmente da doença sofrida em Quinto de Ebro. O comércio para onde foi trabalhar era propriedade do Sr. Pedro Ortal. Era um estabelecimento de tecidos. Chamava-se e chama-se ainda “A Maravilha”. Henrique em Reus fazia a sua vida normal de empregado de comércio. Um dia recebeu uma notícia inesperada. Tem de ir rapidamente a Vinebre. Dª Micaela estava gravemente doente. Ao anoitecer do dia 15 de setembro de 1854, D. Micaela morreu.
Pouco tempo depois, da morte de Dª Micaela seu pai manda-o novamente para Reus, para trabalhar na loja de tecidos, a mais importante da cidade. Henrique, enquanto trabalha por detrás do balcão, vai pensando noutros caminhos para a sua vida….
Certo dia deixa umas cartas de despedida e põe-se a caminho do santuário de Montserrat. Ali, diante da Virgem Moreneta, decide o seu futuro:
“Encontrei a minha vocação… Serei sempre de Jesus, seu ministro, seu apóstolo, seu missionário de paz e de amor”.
SEMINARISTA E SACERDOTE
Encontrei a minha vocação!!!
Em Montserrat, uns dias depois, o seu irmão Jaime encontra-o, e atua como mediador com seu pai para que o autorize a ir para o Seminário de Tortosa.
Em 1854, a vida em Espanha não ia nada bem para quem queria dedicar-se à causa de Jesus Cristo. Nem os seminários tinham a estrutura e o ambiente propícios para o estudo e a preparação que se requer para uma boa formação teológica e espiritual. Henrique vive em casa de Mosén Alabart, um sacerdote da diocese, estuda com dedicação sob a tutela do Domine Sena, que lhe ensina Latim e algo muito mais importante: introdu-lo no conhecimento de Santa Teresa de Jesus. Em 1856 começa a estudar Humanidades. Nas atas do final de curso, as notas de Henrique em Filosofia e Teologia aparecem sempre com a classificação de “Meritissimus”. Henrique, desenha muito bem, esculpe lindas figuras em madeira com uma simples navalha e canta com muito boa voz. Como se ainda fosse pouco, faz parte da Conferência de S. Vicente de Paulo, com os encargos que trazem consigo: reunião semanal, retiro mensal, e visita aos pobres cada semana; assim entra em contacto com as pessoas mais miseráveis de Tortosa. Passa as férias de Verão em Vinebre, na linda casa de seu pai. Ali reza, ajuda um pouco nas tarefas agrícolas e, durante o tempo que habitualmente todos dedicam à sesta, reúne nas amplas caves da casa todas as crianças da terra para a catequese. Assim começa a sua missão de catequista e de mestre. De tarde leva-as a passear pelos arredores da aldeia. Em cada verão, todas as crianças esperam ansiosas a sua chegada à aldeia.
Ao terminar os três anos de Filosofia, os seus superiores e a sua família querem que continue os estudos no Seminário de Barcelona, e ali se matricula no ano letivo de 1860-61 para frequentar os estudos de Física e Química como aluno de um catedrático excecional: o doutor Jaime Arbós. Henrique e Arbós chegam a ter uma boa amizade e este nomeia-o seu adjunto durante algum tempo. A sua família queria que “luzisse” e subisse na escala das honras académicas, mas Henrique só tinha uma única preocupação: preparar-se bem para ser sacerdote e fazer brilhar, não a sua própria pessoa, mas a de Jesus Cristo.
No verão, desloca-se a Benicasim, uma povoação costeira da vizinha província de Castellón, onde vivem os seus tios. Ali o seu corpo recupera as forças enfraquecidas pelos esforços do estudo. De Benicasim sobe às próximas montanhas do Deserto das Palmas, onde os Padres Carmelitas têm o seu convento. Com a comunidade carmelita recupera as forças do espírito, passa longas horas em oração e reflexão na ermida de Santa Teresa, situada num dos cumes, de onde vê ao longe o mar e um horizonte tão amplo como os seus sonhos apostólicos. Isto vai repeti-lo durante quase toda a sua vida.
Em Setembro de 1861 volta outra vez a Tortosa como aluno do primeiro curso de Teologia, no seminário. Uns meses depois entra na diocese o novo bispo, D. Benito Vilamitjana y Vila. Rapidamente, Henrique de Ossó não será só um seminarista para o bispo, mas o seminarista que é tratado pessoalmente com ilusão e esperança. Contudo, uns anos mais tarde o panorama mudará radicalmente.
Três anos depois volta a Barcelona, para frequentar o seminário, desta vez como interno, o terceiro ano de Teologia. O seminário é dirigido pelos jesuítas. Henrique admira o reitor, P. Fermín Costa, mas admira, sobretudo o P. Joaquín Forn, homem sábio, bom professor. Henrique coloca-se sob a sua orientação. Os três anos de Teologia tirados em Barcelona foram brilhantes, assim como o seu comportamento moral e disciplinar. Este período é também de suma importância na consolidação da sua amizade com Sardá y Salvany, Andrés Martorell, Casanovas, Manuel Domingo y Sol, Juan Bautista Altés, que duraria toda a sua vida.
Em 1866, quando termina os estudos em Barcelona, o bispo Vilamitjana reclama-o para Tortosa. Não quer que Barcelona lhe roube o seminarista Ossó que – o bispo sabe muito bem – é um seminarista fora de série.
Em Tortosa recebe o subdiaconado, a 26 de Maio, e com ele o encargo do bispo de ser professor de Física dos seminaristas; ao mesmo tempo continua os estudos de Teologia. Termina o curso com as notas mais altas e também examina-se em Barcelona, na faculdade civil, onde adquire grau de Bacharel em Artes.
Finalmente, a 21 de Setembro de 1867, em Tortosa, o bispo Vilamitjana ordena-o sacerdote. E a 6 de Outubro, em Montserrat, celebra a sua
primeira missa.
primeira missa.
Tu es sacerdos in aeternum…
Contribuição Comissão de Espiritualidade OCDS