VOCAÇÃO OU VOCAÇÕES?

VOCAÇÃO OU VOCAÇÕES?

Parece-me mais do que é justo que a Igreja dedique o mês de agosto às vocações, entendidas como os vários “ministérios”  que o Senhor quer infundir para o serviço ao Cristo presente em todos os membros da humanidade.
 
Afinal quem encontra uma pérola preciosa vai, vende tudo o que tem e compra a pérola. Há vocações tão bonitas e especiais  que o Senhor coloca nos corações de algumas pessoas que vale a pena serem apresentadas com todo o esplendor que merecem.
 
Você imagina como é bonito ver uma mulher  que  decide, por amor a Jesus Cristo, dedicar toda a sua vida aos pobres, aos marginalizados, no serviço de caridade. Eu na verdade não gosto de chamar a caridade de “serviço social”. Mas prefiro chamá-la de amor puro, desinteressado. O amor não pode ser um acontecimento social mas sim uma entrada do Deus-amor no coração do ser humano para que possa se dedicar à contemplação do rosto de Cristo nos corpos às vezes desfigurados pelo mal e pela doença. A vida religiosa e consagrada  feminina e masculina é como uma flor que nasce e perfuma todos os que a ela se aproximam.
 
Nada de mais belo que um jovem,  tocado pelo Espírito Santo, que  decide ser Padre, procurando com puro amor a Jesus Cristo, identificando-se com ele e tornando-se um sinal vivo de um mundo em constante transformação para o bem. O evangelho  tem uma força transformadora que é capaz de mudar os corações mais endurecidos. 
 
Toda vocação é um chamado por parte de alguém. Deus é fonte de todas as vocações. Muitas vocações fracassam porque o ser humano acha que ele pode determinar a sua vida como  bem pensar, mas na verdade quem vai orientando a vida é o mesmo Espírito Santo.
 
O matrimônio, antes de ser uma necessidade biológica da propagação da espécie humana é uma vocação das mais belas e sublimes. Um homem e uma mulher que se decidem por puro amor partilhar a vida e a força geradora de outras vidas.
 
É importante re-devolver ao ser humano o sentido verdadeiro de “vocação”  como chamado por parte de Deus. Não há dúvida que a vida é o grande, maior dom que Deus pode fazer a alguém. É chamá-lo do “nada” e inseri-lo no mundo para que ele seja um sinal vivo do seu amor. Ninguém dá a vida a si mesmo, mas uma vez que recebe a vida ele deve  ser capaz de cultiva-la, de ama-la e de transmiti-la aos demais.
 
Parece-me que uma boa parte da confusão que se vê por aí  deve-se ao fato que temos perdido de vista que somos enviados ao mundo não para dominar mas sim para amar, não para fazer dos outros “degraus” para subir, mas de mãos dadas construir  um futuro que seja melhor e mais bonito. A cada pessoa cabe esta responsabilidade.
 
O mês vocacional é o momento de Deus que  nos questiona e pergunta: que você está fazendo neste mundo? Será que vai deixa-lo um pouco melhor do que quando você veio habita-lo? Uma vocação não pode ser frustrada. A vida deve ser vivida com qualidade, com amor, com alegria. Deus, alegria infinita, nos quer felizes.
 
Nenhum ser humano tem vocação para fazer o mal ou passar por aqui triste e abatido. Deus nos ama e o amor de Deus se espalha no mundo através do meu amor.
Frei Patrício Sciadini, OCD

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