
São Pedro Tomás, bispo carmelitano. Memória em 08 de janeiro.

Nasceu, segundo registros antigos, em Salimaso de Thomas, diocese de Sarlat, na França; outros creem que talvez tenha sido em Lebreil, parte do município de Salas de Belvés, na Dordonha. Seu pai era agricultor. Empenhou-se a estudar em Monpazier, vivendo da caridade e ensinando aos outros mais jovens. Foi a Agen e voltou a Monpazier, em 1325. Atraído pela Ordem do Carmelo, estudou um ano em Leitora e, aos 21 anos de idade, ingressou na Ordem, fazendo o noviciado em Condom ou Bergerac.
Professou em Bergerac e estudou dois anos, passando depois a Agen e Bordéus. Ensinou lógica e filosofia em Albi e também deu aulas em Paris. Voltou a Aquitânia em 1345, quando foi eleito procurador geral da Ordem; depois de acabar os estudos de teologia em Paris, onde obteve o grau de mestre, em 1348, foi à corte do papa Clemente VI, em Avinhão, e fez a oração fúnebre em seu funeral.
Atividade diplomática como conciliador de conflitos e representante do Santo Padre
Conhecido por sua habilidade diplomática e sua oratória, ajudou os papas seguintes como seu representante, tentando resolver conflitos entre reis cristãos e obter a unificação das Igrejas Católica e Ortodoxa e a união para combaterem os muçulmanos.
Foi delegado papal em negociações com Gênova (1352, para conseguir a paz com Veneza), Milão e Veneza. Em 1354, foi nomeado bispo de Patti e Lipari e representou o papa na coroação de Carlos IV de Luxemburgo. Na Sérvia, em 1356, tentou acalmar o conflito entre Veneza e Hungria.
Entre 1357 e 1359, foi enviado a Constantinopla, onde recebeu o apoio de nobres e do próprio João V Paleólogo para a unificação das Igrejas Católica e Ortodoxa. Foi a Chipre e empreendeu uma peregrinação à Terra Santa, voltando, depois, à Sicília e a Chipre. Ainda em 1359, acompanhado por tropas, foi enviado como delegado universal à Igreja do Oriente e ao bispo de Corinto, com a mesma missão de combater aos turcos, aliado com Veneza, Chipre e os cavaleiros da Ordem de Malta. Em Chipre, coroou Pedro I como rei de Jerusalém.
Concebe a ideia de uma nova cruzada e marcha para pedir ajuda ao Ocidente, aproveitando para por paz em um conflito entre Milão e Roma. Em 1363, foi nomeado arcebispo de Creta, e em maio de 1364, patriarca latino de Constantinopla (era um título simbólico, sem jurisdição real) e legado papal de Urbano V, sucedendo ao cardeal Talleyrand. Nesse mesmo ano, foi cofundador da Faculdade de Teologia da Universidade de Bolonha.
Em suas missões diplomáticas, levou uma vida austera e modelar, preocupado com a evangelização dos povos e a caridade para com os mais necessitados. Apesar dos altos cargos que exerceu, nas suas viagens, frei Pedro Tomás procurava sempre, como residência, os conventos de seus irmãos carmelitas, vivendo ali como irmão e com os irmãos de Nossa Senhora do Carmo a vida normal da comunidade, segundo a Regra.
Com Pedro I de Chipre, participou na cruzada contra Alexandria, em outubro de 1365, que foi tomada, porém, imediatamente abandonada, por medo de um contra-ataque turco. A tradição diz que em um dos ataques das tropas cristãs, o bispo foi ferido com uma flecha e morreu em Chipre três meses depois, em 6 de janeiro de 1366. Por isso, era tido como “mártir”.
Na realidade, voltou a Famagusta são e salvo, porém, enquanto preparava uma viagem até Roma, enfermo “de um catarro” e muito magro (“reduzido a pele e ossos”, conforme relatos da época), morreu em um convento carmelita de sua cidade, no dia 6 de janeiro. Apesar de ser bispo, pediu que o levassem a sua última morada vestido com o hábito da Ordem.
Devoção a Nossa Senhora
Era muito devoto de Nossa Senhora. Amou tanto a Santíssima Virgem que parecia trazer seu nome no coração. Foi um dos mais ardorosos defensores da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. A ele se atribui o tratado De Immaculata Conceptionis, em quatro volumes de sermões, e é dele a profecia inspirada pela Virgem Maria de que a Ordem do Carmo durará até ao fim dos tempos.
Veneração
Rapidamente, começaram os relatos de milagres em seu túmulo, no convento carmelita de Famagusta. Fala-se também de uma claridade que envolvia seu cadáver exposto ao público durante o funeral.
Em maio de 1366, quatro meses após sua morte, descobriu-se que seu corpo ainda estava incorrupto, e Pedro de Chipre pediu sua canonização a Urbano V. O papa proibiu o translado do corpo do santo bispo durante dez anos, ainda que este houvesse pedido que seu corpo fosse levado a Bergerac. Pouco depois, Philippe de Mézières escreveu sua vida, base de sua posterior hagiografia.
Seus esforços pela promoção e consolidação da unidade da Igreja Oriental fazem desse santo do século XIV um precursor do ecumenismo e um verdadeiro “apóstolo da unidade da Igreja”.
A conquista turca de Chipre, em 1571, e o terremoto de 1753 acabaram com o rastro do santo na cidade. Em 1609, a Santa Sé autorizou a festividade de Pedro Tomás entre os carmelitas, confirmada por Urbano VIII em 1628; formalmente, contudo, não foi canonizado. Em Lebreil, levantou-se uma capela sobre a casa onde se crê que tenha nascido, porém, foi derrubada durante a Revolução Francesa. Restaurada em 1895, tornou-se um santuário em sua memória.
Fonte: Revista Virtual Monte Carmelo – Nº 166 – Jan/Fev – 2020