RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 7. Dia

RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 7. Dia

MEDITANDO O POEMA CHAMA VIVA

Oração inicial

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Ave Maria…
Pai Nosso…

 

Convido você a silenciar seu interior, sentir a presença do Espírito Santo e orar comigo o Poema de São João da Cruz:

 

Oh! Cautério Suave!
Oh! Regalada Chaga!
Oh! Branda mão!
Oh! Toque Delicado!
Que a vida eterna sabe
E paga toda dívida!
Matando, a morte em vida, me hás trocado

7 . DIA: (Ch 2, 23-36)

 

Nesse sétimo dia de retiro iremos refletir nos dois últimos versos da segunda canção da Chama Viva, onde o poeta nos diz:


“E paga toda dívida
Matando, a morte em vida, me hás trocado”


São João da Cruz, um verdadeiro Mestre do Caminho do Amor, resgata a virtude da “esperança”, lembrando-nos que somos chamados a uma vida com sabor de vida eterna, divinizada, repleta de paz, de alegria, da presença do Senhor. Ele escreve:


“…A alma… neste sabor de vida eterna que experimenta agora, sente a retribuição dos trabalhos que passou para chegar a este estado”… “Devemos notar que ninguém, por via ordinária, pode chegar a este alto estado e reino do desponsório espiritual, sem primeiro passar por muitas tribulações e trabalhos”…


Recorda-nos o importante texto de São Paulo aos Romanos 8, que diz: “E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que são chamados segundo o seu desígnio. Porque os que de antemão ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho… “


“Conhece aqui a alma” – escreve-nos São João da Cruz – como tudo foi para o seu bem, e que “como foram as suas trevas é agora a sua luz”; e assim como foi participante das tribulações, agora o é das consolações e do reino de Deus… E assim o confessa já bem satisfeita dizendo: “E paga toda dívida”


O texto vai nos iluminando, levando-nos a contemplar a beleza desse processo interior, que a graça divina vai operando em nós, de acordo com a nossa cooperação…


Trata-se de um caminho libertador, a harmonizar os apetites, as potências da alma, que até então, encontravam-se desordenados, conduzidos por um mover egoísta, soberbo, adoentado…


E assim o poema prossegue:

 

“Matando, a morte em vida me hás trocado”.


“Na verdade- o Santo explica- a morte não é mais que a privação da vida; em chegando esta, já não há mais vestígio daquela. Sob o ponto de vista espiritual, há duas maneiras de vida. Uma é a vida beatífica, a qual consiste em ver a Deus, e esta se há de alcançar pela morte corporal e natural, conforme diz São Paulo: “sabemos que se esta nossa casa de barro for destruída, temos nos céus morada de Deus (2 Cor 5,1). A outra é a vida espiritual perfeita, ou seja, a posse de Deus por união de amor; e esta se alcança pela mortificação total dos vícios e inclinações, e da própria natureza. Enquanto isto não se efetua, impossível chegar à perfeição dessa vida espiritual de união com Deus, segundo afirma também o Apóstolo dizendo assim: “Se viverdes segundo a carne, morrereis. Mas se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis” (Rm 8, 13)”


Importante salientarmos aqui, que estamos a tratar da morte do nosso “homem velho”, da “mulher velha”, de tudo o que tem nos desfigurado e nos afastado da nossa imagem e semelhança com Deus… E, na medida em que vamos nos dispondo à ação da graça, a vida divina vai expandindo-se em nós, e “a alma, tendo em Deus suas operações em virtude da sua união com ele, vive a própria vida de Deus, e assim a sua morte foi trocada em vida, isto é, a sua vida animal se trocou em vida espiritual”

Meditação Orante

Esse texto provoca o desejo de nos deixarmos guiar pela ação da Graça transformante. “Com efeito – reflete o Santo – a alma já é movida em tudo pelo Espírito de Deus, como verdadeira filha de Deus, conforme ensina São Paulo: “Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, estes são os filhos de Deus (Rm 8,14). “Se for possível, feche os seus olhos, peça a graça do Senhor, para cada dia mais, você abandonar-se em suas divinas mãos… Permita que as marcas das dores, dos desafios enfrentados, sejam banhadas pela ternura divina, na certeza de que tudo concorre para o bem dos que amam ao Senhor…


Escuta atentamente as palavras desse texto preciosíssimo do Santo Padre: “Nessa união em que está vinculada e absorvida em Deus, torna-se Deus por participação de Deus…”


Jesus te ama! Ele te chama para permanecer com Ele, nEle… a formar um mesmo coração… manso, humilde e a transbordar amor…


Senhor, venha “matar” tudo que está a gerar morte em nós…


“Matando, a morte em vida me hás trocado”- Dá-nos um novo coração…


Que possamos nos apropriar das palavras de São Paulo: “Vivo, já não eu, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20)…


O Pai das luzes, o Deus de amor, deseja doar-se todo inteiro a você… Peça a graça de você dispor-se a Ele e poder adentrar de uma vida intratrinitária, a repetir com o Santo Padre:


“Em tão perfeito estado de vida, sempre anda a alma como em festa, no interior e no exterior; com grande frequência saboreia no seu espírito um grande júbilo de Deus, qual um cântico novo, sempre novo, envolto em alegria e amor, e em conhecimento
de seu feliz estado”…

 

E “assim, confessa como a Esposa dos Cantares: “O meu Amado é para mim, e eu para ele”…


Vá repetindo essas palavras no seu coração… O meu Amado é para mim e eu sou para Ele…

 

São João da Cruz, Rogai por nos!

Amém!

Referência Bibliográfica

 

1. JOÃO DA CRUZ. Chama Viva. In:__ Obras Completas. São Paulo: Editora Vozes, 2002, pgs 863 a 872.

 

Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds.

Com. Senhora do Carmo, Fortaleza, CE.

 

Maria de Jesus Crucificado, ocds.

Com. Sagrada Face, Itapetininga, SP

 

Comissão de Espiritualidade – Província São José

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