RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 12. dia

11. DIA: (Ch 4, 1-13)

Nesse décimo segundo dia de retiro iremos refletir nos dois primeiros versos da canção 4, da Chama Viva, onde o poeta nos diz:

“Quão manso e amoroso

Despertas em meu seio”

Nessa canção IV, a alma se volta para seu esposo com muito amor, agradecendo por duas graça especiais que ela recebe nessa união com Deus. Nos diz o Santo do Amor: “O primeiro efeito é o despertar de Deus na alma. O segundo efeito é uma aspiração de Deus na alma, que tem como consequência o enamoramento de Deus na alma. Seria como se a alma dissesse: Oh! Verbo Esposo meu! Quando despertas no centro e fundo de minha alma…onde moras sozinho, escondido e silencioso, como único Senhor…Oh! Quão manso e amoroso te manifestas…”

São João da Cruz nos explica que são muitas as formas desse despertar de Deus na alma. Ele diz que essa maneira que ele narra é uma das melhores. Ele explica assim: parece que se movimentam todos os reinos e senhorios do mundo, juntamente com as potestades ( os anjos) e virtudes no céu. Não somente isso, mas todas as virtudes, perfeições e graças, reluzem e se põem em movimento uníssono e simultâneo.”

São Joao da Cruz afirma que: “quando todo o bem do homem vem de Deus e o homem nada de bom pode fazer, esse despertar é de verdade o despertar de Deus.” E continua o Santo do amor: “é de todo indizível o que a alma conhece e sente da grandeza de Deus neste despertar. Trata-se de uma comunicação da excelência de Deus à substância da Alma, isto é, no seu seio… ressoa na alma como uma imensa força, como a voz de uma multidão de grandezas e milhares e milhares de virtudes incontáveis de Deus. E a alma ali, imóvel no meio delas, acha-se firme e terrível como um exército em ordem de batalha; e ao mesmo tempo se percebe suavizada e agraciada, com todas as suavidades e graças das criaturas.”

Aqui, nessa experiência de amor, Deus nos trata de igual para igual, irmão para irmão, e assim a alma não sente temor. Deus se levanta de Seu trono, que é o centro da alma, onde se achava escondido, inclina-se para ela e a toca com seu cetro real e com seus perfumes, que são as virtudes. Toca com o resplendor de ouro, que é a caridade perfeita. Toca com suas vestes reais, que são as virtudes, e, por fim, toca com suas pedras preciosas, isto é, o conhecimento das substâncias superiores e inferiores, a face do verbo cheia de graça…assim, a alma transformada nessas virtudes do Rei do Céu, se torna Rainha, para poder dizer como o rei Davi: “A rainha esteve à tua direita, com vestes de ouro, cercada de variedades. ( Sl 44,10)