RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 10. dia

RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 10. dia

MEDITANDO O POEMA CHAMA VIVA

Oração inicial

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Ave Maria…
Pai Nosso…

Neste décimo dia do retiro com São João da Cruz, continuamos rezando com a canção três da Chama Viva de Amor. Para isso, recitemos, pausadamente, a terceira estrofe.

Oh! Lâmpadas de fogo!
Em cujos resplendores
As profundas cavernas dos sentidos
Que estava escuro e cego
Com estranhos primores
Calor e luz, dão junto a seu querido!

10. DIA: (Ch 3, 70-76)

Agora iremos refletir no estrofe 4 da canção 3, onde o poeta nos diz:

Que estava escuro e cego


Nesse verso, o Santo Padre nos faz recordar do tempo de nossas trevas, do tempo em que estávamos metidos na escuridão de nossos pecados, isto é, afastados de Deus, que é a luz verdadeira. São João da Cruz dirá que: “Deus é a luz e o objeto da alma; se esta luz não a ilumina fica a alma às escuras mesmo que tenha a melhor vista. Quando tal alma está em pecado, ou quando ocupa o apetite em outras coisas fora de Deus, então está cega; e neste caso, por mais que se lhe reflita a luz divina, por ela estar cega, não vê a luz de Deus. A escuridão da alma é a sua própria ignorância.” (Ch 3, 70). A alma está cega também quando desvia o seu olhar de Deus e se perde na admiração daquilo que é secundário, fútil, pobre e muitas vezes feio. A alma que está nessa cegueira tem muita dificuldade para julgar as coisas de Deus como elas são, porque não consegue ver além do aparente, do material. Faltam-lhe o discernimento, a clareza, a transparência, a compreensão, que só são possíveis pela claridade de Deus.

Quando a alma está muito cheia de si e das criaturas, movida por seus apetites desordenados, ela não tem olhos senão para as coisas ao seu redor e, por isso, não pode enxergar a luz reveladora do Senhor. Ela vê, mas está cega. Abrir os olhos é, portanto, entrar no espaço interior, afugentar as trevas com a luz divina. Isso não é trabalho fácil, mas uma atitude ascética, é negar-se a si mesmo, é entrar no caminho estreito, passar pelas noites escuras, permitir-se ser curado por Deus dessa cegueira.

Aqui também, nosso Santo do Amor nos adverte quanto aos apetites naturais e apetites sobrenaturais, ou seja, nosso desejo de Deus. Ele nos diz: “o desejo que a alma tem de Deus nem sempre é sobrenatural, só é quando infundido pelo próprio Deus, que produz então a força de tal desejo e este é muito diferente do desejo natural. E, enquanto Deus não o infunde, muito pouca coisa ou nada merece a alma. Quando, por teu próprio movimento, queres apegar o apetite as coisas espirituais…exercitas o teu natural…ainda não podes julgar o que é espiritual. Portanto aqui, estás cego e escuro…por causa de seus apetites e inclinações naturais…mas agora essa alma, com o agir de Deus, se encontra não iluminada e resplandecente com suas cavernas profundas mediante esta divina união com Deus, mas, além disso, transformado, com as cavernas de suas potências, numa luz resplandecente.”( Ch 3, 75-76)

Meditação Orante

Muitas vezes, em nossa vida espiritual, somos encantados por falsas luzes, prestamos atenção em focos luminosos que nos atraem mas que, na verdade, são brilhos das criaturas, que em nada nos iluminam. Outras vezes, olhamos para nós mesmos e nos enganamos por procurar em nossa pobreza e impotência algum traço de luz que seja genuinamente nosso. Não há luz verdadeira se essa não vier de Deus, não há contemplação da beleza das criaturas, se esse brilho não refletir a beleza de Deus mesmo. Por isso é necessário adentrarmos num caminho de purificação dos sentidos, tanto dos sentidos físicos quanto espirituais, dos nossos apetites desenfreados, das nossas tendências viciosas e más inclinações. Esse processo é doloroso, assim como é doloroso olhar para a luz ofuscante depois de passar muito tempo num quarto escuro.


Encarar a luz é já uma purificação dos nossos olhos doentes. Oh Senhor! Nos ajuda a abrirmos os olhos e contemplarmos a verdadeira luz: a Tua luz, a luz de tua presença nas criaturas e em nós mesmos. Que saiamos desse dia cheios do Espírito Santo, certos que nossa natureza está ao Teu serviço! Certos que a Chama Viva de Amor habita em nosso peito, certos que, se estávamos cegos, hoje temos a Tua luz para nos iluminar.

 

São João da Cruz, Rogai por nos!

Amém!

Referência Bibliográfica

 

1. JOÃO DA CRUZ. Chama Viva. In:__ Obras Completas. São Paulo: Editora Vozes, 2002, pgs 913 a 917.

 

Artur da Santa Mãe de Deus, ocds.

Com. Flor do Carmelo de Santa Teresinha, Fortaleza, CE.

 

Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds.

Com. Senhora do Carmo, Fortaleza, CE.

 

Maria de Jesus Crucificado, ocds.

Com. Sagrada Face, Itapetininga, SP

 

Comissão de Espiritualidade – Província São José

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