QUEM SOMOS NÓS
Autor: Fernando de Carvalho Azevedo Alcici, OCDS
Membros da família do Carmelo, fundado por Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, formada pelos frades, monjas e nós. Reconhecidos oficialmente no meio do século XV, no priorado do Beato João Soreth, já estávamos presentes desde a origem, no Monte Carmelo, leigos eremitas que tiveram seu estilo de vida confirmado pela Igreja, através da regra do Carmo dada pelo patriarca de Jerusalém, Santo Alberto de Jerusalém, por volta do ano de 1207-1208. Ali está nossa origem, nesta regra está condensada nosso estilo de vida e nossos valores, que devem permear nossa vida hoje, de carmelitas leigos, irmão descalços da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Homens e mulheres, de diferentes condições econômicas, sociais, culturais, mais movidos pelo mesmo ideal e pelo mesmo amor, que é viver em obsequio de Jesus Cristo, ou seja, viver no seguimento de Jesus Cristo, sendo para isso necessário conhecê-lo, por isso meditamos dia e noite a lei do Senhor. Devemos nos impregnar das sagradas escrituras, ter uma grande familiaridade com ela, ruminá-la, confrontá-la com nossa vida, rezá-la, por isso devemos ser fieis a lectio divina, o seja a leitura orante da palavra cotidianamente, para nos transformarmos em palavra viva. Se as Sagradas Escrituras são a carta de Deus para nós, devemos ser homens e mulheres que se transformam em outras cartas de Deus para o mundo. Isso só é possível através desta familiaridade com a Palavra e do autoconhecimento, tão recomendado por nossa Santa Madre. Por isso nossa espiritualidade é a espiritualidade do caminho, do conhecimento progressivo de si e de Deus, de um processo lento e transformador, em que vamos nos deificando, nos identificando com o Cristo, o homem perfeito, é a subida do Monte Carmelo, conforme processo descrito por nosso Pai são João da Cruz, através das noites dos sentidos e do espírito.
Somos homens sedentos do Absoluto, que um dia buscando um sentido maior para nossas vidas, ou quem sabe, cada qual por caminhos diferentes, num momento de grande falta ou sofrimento, por pura graça e misericórdia de Deus, nos atraiu para esta espiritualidade, para este poço de águas profundas, que saciam nossa sede. Dom gratuito. Carmelo, jardim de delicias, paraíso terrestre, no qual Deus tem seu projeto para o homem, que ele volte ao seu projeto original, ao seu sonho de ser sua imagem e semelhança, vivendo em harmonia consigo mesmo e com os irmãos. Como aqueles eremitas, que cansados das longas lutas das Cruzadas, buscando uma vida de maior intimidade com Deus, no silêncio, na solidão, nós leigos carmelitas do século XXI, amantes também do silêncio e da solidão, buscamos nossa cela interior, nosso deserto, nossa solidão sonora, para estarmos a sós com Aquele que sabemos que nos ama incondicionalmente, como somos, seres limitados, cheios de sombras, mas também de luzes. Mas não ficamos somente neste jardim de delicias, fechados em nós mesmos, num intimismo estéril e narcísico. Transbordados destas delicias, somo comunicadores desta experiência, para isso deixamos nossa cela interior, descemos a santa Montanha e vamos ao encontro do mundo, para servir, transformar e amar este mundo, nos nossos irmãos. É a nossa diaconia. Sermos agentes discretos, fermento na massa, que com nosso estilo contemplativo, nos engajamos em tantos serviços, aonde o Espírito nos impele, junto aos pobres e carentes de toda espécie. Percorrendo a historia do Carmelo, encontramos belos testemunhos deste serviço, missionários em terras distantes, pregadores da palavra, homens e mulheres que no silêncio dos claustros rezavam sobre este mesmo mundo, a ponto de mesmo sem nunca ter saído dele, tornar-se Padroeira das Missões. Ou profetas num mundo esquecido de Deus e de seus verdadeiros valores, em meios a regimes totalitários, chegando ao ponto de darem a sua própria vida. Pais e mães de família, em seus locais de trabalho, engajados na paróquia e nos serviços mais diferentes, nas escolas, nos hospitais, nos ambulatórios, nas visitas domiciliares, nos clubes de mãe, nos lactários, em casas de retiro, nas prisões, nas creches e asilos. Tenho certeza, que cada um de nós, aqui, consegue se encontrar num destes serviços. Mistério maravilhoso de amor, que une o céu a terra. Somos portadores de uma grande riqueza, verdadeiros tesouros que trazemos, que é a nossa espiritualidade, em vasos de barro.
Por isso mesmo, devemos ser puros de coração, tendo sempre a reta intenção, conforme nos diz a nossa regra carmelitana e sermos homens, do vacare deo, esvaziando-nos, para que Deus nos habite. Somos templos da Santíssima Trindade, inabitados por Ela, conforme nos lembra muito bem nossa irmãzinha Elisabeth da Trindade. A nossa espiritualidade visa a que sejamos homens plenamente realizados, felizes, em sintonia com o projeto de Deus, para isso nos apegamos ao essencial, ao que realmente vale a pena, por isso emitimos nossas Promessas de vivermos os conselhos evangélicos, no espírito das Bem-Aventuranças. Para chegarmos ao Tudo, devemos escolher o Nada. Homens movidos pelos seus desejos mais genuínos, valorizando a sua identidade própria, identificando com Jesus Cristo, nosso modelo e sua mãe, nossa Mãe e Rainha. Se somos marianos é para nos identificarmos mais ainda com Cristo, seu filho e nosso irmão. Maria, a mulher que soube ouvir e guardar em seu coração todas as coisas e sempre se pôs a serviço. A vida do carmelita deve ser como a de nossa Mãe, modelo de seguimento do Cristo. Por isso a veneramos com tão grande amor e trazemos seu escapulário, como sinal de pertença e proteção, assim como de serviço. Maria nos inspira a uma entrega total ao projeto de
Deus em nossas vidas e nos faz suas testemunhas, do amor e da ternura. Devemos estar grávidos de Cristo como Ela e sermos portadores do seu filho ao mundo. Alimentados pela Eucaristia, fazemos dela o centro de nossas vidas. O carmelita é o homem eucarístico por natureza. Buscamos ali nosso alimento cotidiano, nosso momento de unificação, inspiração para nossos projetos, força e remédio para nossos males. É a nossa grande alegria e dali, fortalecidos e inspirados nos transformamos em hóstias vivas, em seres eucaristizados, prontos para servir, atentos às necessidades dos irmãos. Somos profetas de um mundo novo, a exemplo de nosso Pai Santo Elias, nos consumimos de ardente zelo pelo Senhor. Homem de profunda oração contemplativa, ao mesmo tempo atento às necessidades do mundo, capaz da denúncia dos contra-valores e de posições firmes, defendendo os verdadeiros valores, mas ao mesmo tempo sensível aos toques do Senhor, capaz de reconhecê-lo na brisa suave. Quanta inspiração para nossas vidas de carmelitas. Homens e mulheres da ternura, do amor, da sensibilidade, da atenção ao outro. Se somos amantes da solidão e do silencio, dos nossos dias de deserto, amamos estarmos em comunidade, na alegria de nossos recreios, procurando divertir nossos irmãos, como crianças, fazendo o outro feliz, possibilitando que o outro seja e possa mostrar o melhor de si mesmo. Destituamos tudo o que somos, desejos de outros, que na tentativa de nos construírem nos distanciaram do que devemos realmente ser, homens do desejo de Deus, repletos de alegria e vivamos em plenitude, para isso temos uma senda, carisma deixado por nosso Pais espirituais, inspirado pelo Espírito Santo, que é a vida carmelitana.
Somos homens sedentos do Absoluto, que um dia buscando um sentido maior para nossas vidas, ou quem sabe, cada qual por caminhos diferentes, num momento de grande falta ou sofrimento, por pura graça e misericórdia de Deus, nos atraiu para esta espiritualidade, para este poço de águas profundas, que saciam nossa sede. Dom gratuito. Carmelo, jardim de delicias, paraíso terrestre, no qual Deus tem seu projeto para o homem, que ele volte ao seu projeto original, ao seu sonho de ser sua imagem e semelhança, vivendo em harmonia consigo mesmo e com os irmãos. Como aqueles eremitas, que cansados das longas lutas das Cruzadas, buscando uma vida de maior intimidade com Deus, no silêncio, na solidão, nós leigos carmelitas do século XXI, amantes também do silêncio e da solidão, buscamos nossa cela interior, nosso deserto, nossa solidão sonora, para estarmos a sós com Aquele que sabemos que nos ama incondicionalmente, como somos, seres limitados, cheios de sombras, mas também de luzes. Mas não ficamos somente neste jardim de delicias, fechados em nós mesmos, num intimismo estéril e narcísico. Transbordados destas delicias, somo comunicadores desta experiência, para isso deixamos nossa cela interior, descemos a santa Montanha e vamos ao encontro do mundo, para servir, transformar e amar este mundo, nos nossos irmãos. É a nossa diaconia. Sermos agentes discretos, fermento na massa, que com nosso estilo contemplativo, nos engajamos em tantos serviços, aonde o Espírito nos impele, junto aos pobres e carentes de toda espécie. Percorrendo a historia do Carmelo, encontramos belos testemunhos deste serviço, missionários em terras distantes, pregadores da palavra, homens e mulheres que no silêncio dos claustros rezavam sobre este mesmo mundo, a ponto de mesmo sem nunca ter saído dele, tornar-se Padroeira das Missões. Ou profetas num mundo esquecido de Deus e de seus verdadeiros valores, em meios a regimes totalitários, chegando ao ponto de darem a sua própria vida. Pais e mães de família, em seus locais de trabalho, engajados na paróquia e nos serviços mais diferentes, nas escolas, nos hospitais, nos ambulatórios, nas visitas domiciliares, nos clubes de mãe, nos lactários, em casas de retiro, nas prisões, nas creches e asilos. Tenho certeza, que cada um de nós, aqui, consegue se encontrar num destes serviços. Mistério maravilhoso de amor, que une o céu a terra. Somos portadores de uma grande riqueza, verdadeiros tesouros que trazemos, que é a nossa espiritualidade, em vasos de barro.
Por isso mesmo, devemos ser puros de coração, tendo sempre a reta intenção, conforme nos diz a nossa regra carmelitana e sermos homens, do vacare deo, esvaziando-nos, para que Deus nos habite. Somos templos da Santíssima Trindade, inabitados por Ela, conforme nos lembra muito bem nossa irmãzinha Elisabeth da Trindade. A nossa espiritualidade visa a que sejamos homens plenamente realizados, felizes, em sintonia com o projeto de Deus, para isso nos apegamos ao essencial, ao que realmente vale a pena, por isso emitimos nossas Promessas de vivermos os conselhos evangélicos, no espírito das Bem-Aventuranças. Para chegarmos ao Tudo, devemos escolher o Nada. Homens movidos pelos seus desejos mais genuínos, valorizando a sua identidade própria, identificando com Jesus Cristo, nosso modelo e sua mãe, nossa Mãe e Rainha. Se somos marianos é para nos identificarmos mais ainda com Cristo, seu filho e nosso irmão. Maria, a mulher que soube ouvir e guardar em seu coração todas as coisas e sempre se pôs a serviço. A vida do carmelita deve ser como a de nossa Mãe, modelo de seguimento do Cristo. Por isso a veneramos com tão grande amor e trazemos seu escapulário, como sinal de pertença e proteção, assim como de serviço. Maria nos inspira a uma entrega total ao projeto de
Deus em nossas vidas e nos faz suas testemunhas, do amor e da ternura. Devemos estar grávidos de Cristo como Ela e sermos portadores do seu filho ao mundo. Alimentados pela Eucaristia, fazemos dela o centro de nossas vidas. O carmelita é o homem eucarístico por natureza. Buscamos ali nosso alimento cotidiano, nosso momento de unificação, inspiração para nossos projetos, força e remédio para nossos males. É a nossa grande alegria e dali, fortalecidos e inspirados nos transformamos em hóstias vivas, em seres eucaristizados, prontos para servir, atentos às necessidades dos irmãos. Somos profetas de um mundo novo, a exemplo de nosso Pai Santo Elias, nos consumimos de ardente zelo pelo Senhor. Homem de profunda oração contemplativa, ao mesmo tempo atento às necessidades do mundo, capaz da denúncia dos contra-valores e de posições firmes, defendendo os verdadeiros valores, mas ao mesmo tempo sensível aos toques do Senhor, capaz de reconhecê-lo na brisa suave. Quanta inspiração para nossas vidas de carmelitas. Homens e mulheres da ternura, do amor, da sensibilidade, da atenção ao outro. Se somos amantes da solidão e do silencio, dos nossos dias de deserto, amamos estarmos em comunidade, na alegria de nossos recreios, procurando divertir nossos irmãos, como crianças, fazendo o outro feliz, possibilitando que o outro seja e possa mostrar o melhor de si mesmo. Destituamos tudo o que somos, desejos de outros, que na tentativa de nos construírem nos distanciaram do que devemos realmente ser, homens do desejo de Deus, repletos de alegria e vivamos em plenitude, para isso temos uma senda, carisma deixado por nosso Pais espirituais, inspirado pelo Espírito Santo, que é a vida carmelitana.
___________________________________________________
Fernando de Carvalho Azevedo Alcici tem 48 anos, é casado e membro da OCDS desde julho de 1990, sendo atualmente Presidente da Comunidade Santa Teresa de Jesus de Belo Horizonte-MG (Palestra proferida no XXIV Congresso Provincial OCDS)

Beatriz Zahn
Desabafando:
Refletir o que somos e aonde vamos, absorvendo nossa espiritualidade, nos faz sair da cela interior, ir de encontro ao mundo como discretos comunicadores do amor de Deus como ouvimos do Fernando.
Tudo isto passa por uma entrega total a Ele colocando-nos diante dos contra-valores de nosso tempo que nos questionam se Ele é amado, ainda…
Sim, és o Deus escondido que desperta, que suscita, que tudo renova, refaz e cria outra vez.
Não há como não amá-Lo, nem como fugir.