Proclamação de Santa Teresa de Jesus, nossa Mãe, como Doutora da Igreja – Papa Beato Paulo VI.
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(Homilia do
Beato Paulo VI no dia em que Santa Teresa foi proclamada Doutora da Igreja)
Beato Paulo VI no dia em que Santa Teresa foi proclamada Doutora da Igreja)
Nós
conferimos, ou melhor, nós reconhecemos o título de Doutora da Igreja a Santa
Teresa de Jesus.
conferimos, ou melhor, nós reconhecemos o título de Doutora da Igreja a Santa
Teresa de Jesus.
O fato de
proferir o nome desta Santa singularíssima e grandíssima, neste lugar e nesta
circunstância, basta para suscitar nas nossas almas uma multidão de ideias.
proferir o nome desta Santa singularíssima e grandíssima, neste lugar e nesta
circunstância, basta para suscitar nas nossas almas uma multidão de ideias.
A primeira seria
a de evocar a figura de Santa Teresa. Vemo-la aparecer diante de nós como uma mulher excepcional, como uma religiosa
que, coberta inteiramente pelo véu da humildade, da penitência e da
simplicidade, irradia à sua volta a chama da sua vitalidade humana e do seu
dinamismo espiritual, e depois como a reformadora e fundadora de uma Ordem
religiosa insigne e histórica, escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida
espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. Como é grande, como é única, como é humana e
como é atraente esta figura!
a de evocar a figura de Santa Teresa. Vemo-la aparecer diante de nós como uma mulher excepcional, como uma religiosa
que, coberta inteiramente pelo véu da humildade, da penitência e da
simplicidade, irradia à sua volta a chama da sua vitalidade humana e do seu
dinamismo espiritual, e depois como a reformadora e fundadora de uma Ordem
religiosa insigne e histórica, escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida
espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. Como é grande, como é única, como é humana e
como é atraente esta figura!
Antes de tratarmos
de outro assunto, sentimo-nos tentado a falar dela, desta Santa que, sob muitos
aspectos, desperta grande interesse. Mas, não deveis esperar que, neste
momento, falemos da pessoa e da obra de Teresa de Jesus. A dupla biografia,
apresentada no livro que a Sagrada Congregação para as Causas dos Santos
preparou com tanto cuidado, bastaria para desencorajar quem quisesse condensar
em breves palavras a imagem histórica e biográfica desta Santa, que parece
transbordar dos traços descritivos que a pretendessem encerrar.
de outro assunto, sentimo-nos tentado a falar dela, desta Santa que, sob muitos
aspectos, desperta grande interesse. Mas, não deveis esperar que, neste
momento, falemos da pessoa e da obra de Teresa de Jesus. A dupla biografia,
apresentada no livro que a Sagrada Congregação para as Causas dos Santos
preparou com tanto cuidado, bastaria para desencorajar quem quisesse condensar
em breves palavras a imagem histórica e biográfica desta Santa, que parece
transbordar dos traços descritivos que a pretendessem encerrar.
Aliás, não é
propriamente sobre ela que desejamos agora fixar, por alguns instantes, a vossa
atenção. Mas, é sobre o ato que acabamos de realizar, sobre o fato que
inscrevemos na história da Igreja e que confiamos à piedade e à reflexão do
Povo de Deus; por outras palavras, sobre a atribuição do título de “Doutora” a
Santa Teresa de Ávila, a Santa Teresa de Jesus, a grande Carmelita.
propriamente sobre ela que desejamos agora fixar, por alguns instantes, a vossa
atenção. Mas, é sobre o ato que acabamos de realizar, sobre o fato que
inscrevemos na história da Igreja e que confiamos à piedade e à reflexão do
Povo de Deus; por outras palavras, sobre a atribuição do título de “Doutora” a
Santa Teresa de Ávila, a Santa Teresa de Jesus, a grande Carmelita.
O significado
deste ato é muito claro. É um ato que intencionalmente quer ser luminoso, que
poderia ter a sua imagem simbólica numa lâmpada acesa diante da humilde e
majestosa figura da Santa. É um ato luminoso, por causa do facho de luz que a
lâmpada do título de Doutora projeta sobre ela, e, também, por causa do outro
facho de luz que este mesmo título de Doutora projeta sobre nós.
deste ato é muito claro. É um ato que intencionalmente quer ser luminoso, que
poderia ter a sua imagem simbólica numa lâmpada acesa diante da humilde e
majestosa figura da Santa. É um ato luminoso, por causa do facho de luz que a
lâmpada do título de Doutora projeta sobre ela, e, também, por causa do outro
facho de luz que este mesmo título de Doutora projeta sobre nós.
Sobre ela,
Teresa: a luz do titulo de Doutora põe em evidência valores indiscutíveis que
já tinham sido amplamente reconhecidos, como, antes de tudo, a santidade da sua
vida, valor que já tinha sido proclamado oficialmente a 12 de Março de 1622 —
ela tinha morrido trinta anos antes — pelo nosso predecessor, Gregório XV, na célebre canonização, que,
juntamente com a nossa Carmelita, inscreveu, no catálogo dos Santos, Inácio de
Loiola, Francisco Xavier, Isidoro Agricultor, todos eles glória da Espanha católica,
e Filipe Neri, florentino-romano. Põe, igualmente, em realce “a eminência da
doutrina”, em segundo lugar, é verdade, mas de um modo especial (cfr. Prospero
Lambertini (Bento XIV) De Servorum Dei Beatificatione, IV, 2, c. II, n. 13).
Teresa: a luz do titulo de Doutora põe em evidência valores indiscutíveis que
já tinham sido amplamente reconhecidos, como, antes de tudo, a santidade da sua
vida, valor que já tinha sido proclamado oficialmente a 12 de Março de 1622 —
ela tinha morrido trinta anos antes — pelo nosso predecessor, Gregório XV, na célebre canonização, que,
juntamente com a nossa Carmelita, inscreveu, no catálogo dos Santos, Inácio de
Loiola, Francisco Xavier, Isidoro Agricultor, todos eles glória da Espanha católica,
e Filipe Neri, florentino-romano. Põe, igualmente, em realce “a eminência da
doutrina”, em segundo lugar, é verdade, mas de um modo especial (cfr. Prospero
Lambertini (Bento XIV) De Servorum Dei Beatificatione, IV, 2, c. II, n. 13).
A doutrina de Santa
Teresa de Ávila resplandece pelos carismas de verdade, de conformidade com
a fé católica, de utilidade para a
erudição das almas, e também por outro carisma que podemos sublinhar, o da sabedoria, que nos leva a pensar no
aspecto mais atraente e, ao mesmo tempo, mais misterioso do doutorado de Santa
Teresa, isto é, no influxo da inspiração divina nesta prodigiosa escritora
mística.
Teresa de Ávila resplandece pelos carismas de verdade, de conformidade com
a fé católica, de utilidade para a
erudição das almas, e também por outro carisma que podemos sublinhar, o da sabedoria, que nos leva a pensar no
aspecto mais atraente e, ao mesmo tempo, mais misterioso do doutorado de Santa
Teresa, isto é, no influxo da inspiração divina nesta prodigiosa escritora
mística.
De onde tirou Teresa o tesouro da sua doutrina? Sem
dúvida, da sua inteligência e da sua
formação cultural e espiritual, das suas leituras, dos colóquios com os grandes mestres de teologia e de
espiritualidade, da sua singular
sensibilidade, da sua habitual e
intensa disciplina ascética, da sua meditação
contemplativa, numa palavra, da sua
correspondência à graça, que ela recebia na sua alma extraordinariamente
rica e preparada para a prática e a experiência da oração. Mas, era esta a
única fonte da sua “doutrina eminente”? Porventura não devemos procurar em
Teresa atos, fatos, estados de alma, que não provinham dela, mas que eram
experimentados por ela, isto é, sofridos, passivos, místicos, no verdadeiro
sentido da palavra, para os atribuir a uma ação
extraordinária do Espírito Santo? Encontramo-nos, indubitavelmente, diante
de uma alma, na qual a iniciativa divina extraordinária se manifesta, é
experimentada e depois descrita, simples, fiel e maravilhosamente, com uma
linguagem literária própria.
dúvida, da sua inteligência e da sua
formação cultural e espiritual, das suas leituras, dos colóquios com os grandes mestres de teologia e de
espiritualidade, da sua singular
sensibilidade, da sua habitual e
intensa disciplina ascética, da sua meditação
contemplativa, numa palavra, da sua
correspondência à graça, que ela recebia na sua alma extraordinariamente
rica e preparada para a prática e a experiência da oração. Mas, era esta a
única fonte da sua “doutrina eminente”? Porventura não devemos procurar em
Teresa atos, fatos, estados de alma, que não provinham dela, mas que eram
experimentados por ela, isto é, sofridos, passivos, místicos, no verdadeiro
sentido da palavra, para os atribuir a uma ação
extraordinária do Espírito Santo? Encontramo-nos, indubitavelmente, diante
de uma alma, na qual a iniciativa divina extraordinária se manifesta, é
experimentada e depois descrita, simples, fiel e maravilhosamente, com uma
linguagem literária própria.
Neste ponto,
multiplicam-se as questões. A originalidade da acção mística é considerada um
dos fenómenos psicológicos mais delicados e mais complexos, em que muitos
factores podem intervir e obrigar o observador às mais severas cautelas. Mas as
maravilhas da alma humana manifestam-se neles de um modo surpreendente,
principalmente a do amor, que celebra nas profundezas do coração as suas
expressões mais variadas e mais completas, amor que devemos por fim chamar
conúbio, porque é o encontro do Amor divino inundante que desce para se unir
com o amor humano, o qual, por sua vez, tende a subir com todas as suas forças.
É a união mais íntima e mais forte com Deus que a alma pode experimentar nesta
terra, e que se torna luz e sabedoria das coisas divinas e sabedoria das coisas
humanas.
multiplicam-se as questões. A originalidade da acção mística é considerada um
dos fenómenos psicológicos mais delicados e mais complexos, em que muitos
factores podem intervir e obrigar o observador às mais severas cautelas. Mas as
maravilhas da alma humana manifestam-se neles de um modo surpreendente,
principalmente a do amor, que celebra nas profundezas do coração as suas
expressões mais variadas e mais completas, amor que devemos por fim chamar
conúbio, porque é o encontro do Amor divino inundante que desce para se unir
com o amor humano, o qual, por sua vez, tende a subir com todas as suas forças.
É a união mais íntima e mais forte com Deus que a alma pode experimentar nesta
terra, e que se torna luz e sabedoria das coisas divinas e sabedoria das coisas
humanas.
E é destes
segredos que nos fala a doutrina de Santa Teresa: os segredos da oração. A sua
doutrina concentra-se neste ponto. Santa Teresa teve o privilégio e o
merecimento de conhecer estes segredos, por meio da experiência, vivida na
santidade de uma vida consagrada à contemplação e, ao mesmo tempo, dedicada à ação,
experiência sofrida e também gozada, na efusão de extraordinários carismas
espirituais. Teresa possuiu a arte de expor estes segredos em grau tão elevado
que se classificou entre os maiores mestres da vida espiritual. É, por isso,
que a sua estátua nesta Basílica, entre as fundadoras de Famílias Religiosas,
tem uma inscrição que define muito bem a Santa: Mater spiritualium.
segredos que nos fala a doutrina de Santa Teresa: os segredos da oração. A sua
doutrina concentra-se neste ponto. Santa Teresa teve o privilégio e o
merecimento de conhecer estes segredos, por meio da experiência, vivida na
santidade de uma vida consagrada à contemplação e, ao mesmo tempo, dedicada à ação,
experiência sofrida e também gozada, na efusão de extraordinários carismas
espirituais. Teresa possuiu a arte de expor estes segredos em grau tão elevado
que se classificou entre os maiores mestres da vida espiritual. É, por isso,
que a sua estátua nesta Basílica, entre as fundadoras de Famílias Religiosas,
tem uma inscrição que define muito bem a Santa: Mater spiritualium.
Esta
prerrogativa de Santa Teresa, a de ser mãe e mestra das pessoas que se dedicam
à vida espiritual, já tinha sido admitida, podemos dizer, por consenso unânime:
mãe de encantadora simplicidade e mestra de admirável profundidade. O apoio da
tradição dos Santos, dos teólogos, dos fiéis e dos estudiosos da matéria já lhe
tinha sido dado. Nós, agora, confirmamo-lo, fazendo com que ela, ornada deste
título de mestra, possa ter uma missão mais autorizada a cumprir na sua Família
religiosa, na Igreja orante e no mundo, com a sua mensagem perene e presente: a
mensagem da oração.
prerrogativa de Santa Teresa, a de ser mãe e mestra das pessoas que se dedicam
à vida espiritual, já tinha sido admitida, podemos dizer, por consenso unânime:
mãe de encantadora simplicidade e mestra de admirável profundidade. O apoio da
tradição dos Santos, dos teólogos, dos fiéis e dos estudiosos da matéria já lhe
tinha sido dado. Nós, agora, confirmamo-lo, fazendo com que ela, ornada deste
título de mestra, possa ter uma missão mais autorizada a cumprir na sua Família
religiosa, na Igreja orante e no mundo, com a sua mensagem perene e presente: a
mensagem da oração.
Esta é a luz,
hoje mais viva e penetrante, que o título de Doutora, conferido a Santa Teresa,
projeta sobre nós. A mensagem da oração chega até nós, filhos da Igreja, num
momento caracterizado por um grande esforço de reforma e de renovação da oração
litúrgica. Chega até nós que nos sentimos tentados pelo grande rumor do mundo
exterior e pelo empenho com que ele se dá às preocupações da vida moderna, com
o risco de perder os verdadeiros tesouros da nossa alma, na conquista dos
sedutores tesouros da terra. Chega até nós, filhos do nosso tempo, numa época
em que se vão perdendo não só o hábito do colóquio com Deus, mas também o
sentido da necessidade e do dever de O adorar e invocar. Chega até nós a
mensagem da oração, canto e música do espírito, embebido da graça e aberto à
conversação da fé, da esperança e da caridade, enquanto a investigação
psicanalítica desagrega o instrumento frágil e complicado, que somos nós, não
para tirar dele as vozes da humanidade sofredora e redimida, mas para auscultar
o turvo rumor do seu subconsciente animal e o clamor das suas paixões
desordenadas e da sua angústia desesperada. Chega até nós a mensagem sublime e
simples de oração da sábia Santa Teresa, que nos exorta a compreendermos « o
grande bem que Deus faz a uma alma quando a prepara para praticar com ardor a
oração mental… porque a oração mental, segundo o meu parecer, é simplesmente
um modo amável de tratar que muitas vezes empregamos ao falar a sós com Aquele
que sabemos que nos ama» (Vida, 8, 4-5).
hoje mais viva e penetrante, que o título de Doutora, conferido a Santa Teresa,
projeta sobre nós. A mensagem da oração chega até nós, filhos da Igreja, num
momento caracterizado por um grande esforço de reforma e de renovação da oração
litúrgica. Chega até nós que nos sentimos tentados pelo grande rumor do mundo
exterior e pelo empenho com que ele se dá às preocupações da vida moderna, com
o risco de perder os verdadeiros tesouros da nossa alma, na conquista dos
sedutores tesouros da terra. Chega até nós, filhos do nosso tempo, numa época
em que se vão perdendo não só o hábito do colóquio com Deus, mas também o
sentido da necessidade e do dever de O adorar e invocar. Chega até nós a
mensagem da oração, canto e música do espírito, embebido da graça e aberto à
conversação da fé, da esperança e da caridade, enquanto a investigação
psicanalítica desagrega o instrumento frágil e complicado, que somos nós, não
para tirar dele as vozes da humanidade sofredora e redimida, mas para auscultar
o turvo rumor do seu subconsciente animal e o clamor das suas paixões
desordenadas e da sua angústia desesperada. Chega até nós a mensagem sublime e
simples de oração da sábia Santa Teresa, que nos exorta a compreendermos « o
grande bem que Deus faz a uma alma quando a prepara para praticar com ardor a
oração mental… porque a oração mental, segundo o meu parecer, é simplesmente
um modo amável de tratar que muitas vezes empregamos ao falar a sós com Aquele
que sabemos que nos ama» (Vida, 8, 4-5).
Em resumo, é
esta a mensagem que nos apresenta Santa Teresa de Jesus, Doutora da Igreja:
ouçamo-la e façamo-la nossa.
esta a mensagem que nos apresenta Santa Teresa de Jesus, Doutora da Igreja:
ouçamo-la e façamo-la nossa.
Devemos agora
acrescentar duas observações que Nos parecem importantes.
acrescentar duas observações que Nos parecem importantes.
A primeira é a
seguinte: Santa Teresa de Ávila é a primeira mulher a quem a Igreja confere
este titulo de Doutora, apesar da severa frase de São Paulo: «Calem-se as
mulheres nas assembleias pois que não lhes é permitido falar » (1 Cor 14, 34),
o que significa, até hoje, que a mulher não é destinada a ter na Igreja funções
hierárquicas de magistério e ministério. Este preceito apostólico foi,
porventura, violado?
seguinte: Santa Teresa de Ávila é a primeira mulher a quem a Igreja confere
este titulo de Doutora, apesar da severa frase de São Paulo: «Calem-se as
mulheres nas assembleias pois que não lhes é permitido falar » (1 Cor 14, 34),
o que significa, até hoje, que a mulher não é destinada a ter na Igreja funções
hierárquicas de magistério e ministério. Este preceito apostólico foi,
porventura, violado?
Podemos
responder com clareza negativamente. Na realidade, não se trata de um título
que comporte funções hierárquicas de magistério, mas, ao mesmo tempo, devemos
declarar que este facto não significa de modo algum uma apreciação menor da
sublime missão que a mulher tem no Povo de Deus.
responder com clareza negativamente. Na realidade, não se trata de um título
que comporte funções hierárquicas de magistério, mas, ao mesmo tempo, devemos
declarar que este facto não significa de modo algum uma apreciação menor da
sublime missão que a mulher tem no Povo de Deus.
Pelo contrário,
a mulher, ao ser recebida na Igreja pelo Batismo, participa do sacerdócio
comum dos fiéis, que a habilita e obriga a «professar diante dos homens a fé
recebida de Deus por meio da Igreja » (Lumen Gentium, n. 11). E nesta profissão
de fé muitas mulheres chegaram aos cumes mais elevados, até serem, com a sua
palavra e os seus escritos, luz e guia para os seus irmãos. Luz alimentada
todos os dias no contato íntimo com Deus, também nas formas mais nobres da
oração mística, para a qual São Francisco de Sales não hesita em dizer que
possuem uma especial capacidade. É luz que se tornou vida, de maneira sublime,
para o bem e o serviço dos homens.
a mulher, ao ser recebida na Igreja pelo Batismo, participa do sacerdócio
comum dos fiéis, que a habilita e obriga a «professar diante dos homens a fé
recebida de Deus por meio da Igreja » (Lumen Gentium, n. 11). E nesta profissão
de fé muitas mulheres chegaram aos cumes mais elevados, até serem, com a sua
palavra e os seus escritos, luz e guia para os seus irmãos. Luz alimentada
todos os dias no contato íntimo com Deus, também nas formas mais nobres da
oração mística, para a qual São Francisco de Sales não hesita em dizer que
possuem uma especial capacidade. É luz que se tornou vida, de maneira sublime,
para o bem e o serviço dos homens.
Por isso, o II
Concílio do Vaticano quis reconhecer a elevada colaboração com a graça divina
que as mulheres são chamadas a dar, para a instauração do Reino de Deus na
terra, e, ao exaltar a grandeza da sua missão, não duvida em convidá-las
igualmente a cooperarem «para que a humanidade não decaia», « para reconciliar
os homens com a vida », « para salvar a paz no mundo » (II Concílio do
Vaticano, Mensagem às mulheres).
Concílio do Vaticano quis reconhecer a elevada colaboração com a graça divina
que as mulheres são chamadas a dar, para a instauração do Reino de Deus na
terra, e, ao exaltar a grandeza da sua missão, não duvida em convidá-las
igualmente a cooperarem «para que a humanidade não decaia», « para reconciliar
os homens com a vida », « para salvar a paz no mundo » (II Concílio do
Vaticano, Mensagem às mulheres).
Em segundo
lugar, não queremos silenciar o facto que Santa Teresa era espanhola e que a
Espanha a considera, com razão, como uma das suas maiores glórias. Na sua
personalidade podemos apreciar as características da sua pátria: a fortaleza de
espírito, a profundidade de sentimentos, a sinceridade de coração e o amor à
Igreja. A sua figura surgiu numa época gloriosa de santos e de mestres, que
caracterizaram o seu tempo com o desenvolvimento da espiritualidade. Teresa
ouviu-os com a humildade de uma discípula e, ao mesmo tempo, soube julgá-los
com a perspicácia de uma grande mestra de vida espiritual, e, como tal, estes
consideraram-na.
lugar, não queremos silenciar o facto que Santa Teresa era espanhola e que a
Espanha a considera, com razão, como uma das suas maiores glórias. Na sua
personalidade podemos apreciar as características da sua pátria: a fortaleza de
espírito, a profundidade de sentimentos, a sinceridade de coração e o amor à
Igreja. A sua figura surgiu numa época gloriosa de santos e de mestres, que
caracterizaram o seu tempo com o desenvolvimento da espiritualidade. Teresa
ouviu-os com a humildade de uma discípula e, ao mesmo tempo, soube julgá-los
com a perspicácia de uma grande mestra de vida espiritual, e, como tal, estes
consideraram-na.
Por outro lado,
dentro e fora das fronteiras da pátria, agitava-se com violência a tempestade
da Reforma, lançando os filhos da Igreja uns contra os outros. Santa Teresa,
por causa do seu amor à verdade e da sua intimidade com o Divino Mestre, teve
que sofrer amarguras e incompreensões de toda a espécie, e o seu espírito não
sabia conservar a paz diante da ruptura da unidade. « Sofri muito — escreveu —
e, como se pudesse ou fosse alguma coisa, chorava diante do Senhor, suplicando
que remediasse tantos males » (Camino de perfección, c. 1, n. 2, em: BAC, 1962,
n. 185).
dentro e fora das fronteiras da pátria, agitava-se com violência a tempestade
da Reforma, lançando os filhos da Igreja uns contra os outros. Santa Teresa,
por causa do seu amor à verdade e da sua intimidade com o Divino Mestre, teve
que sofrer amarguras e incompreensões de toda a espécie, e o seu espírito não
sabia conservar a paz diante da ruptura da unidade. « Sofri muito — escreveu —
e, como se pudesse ou fosse alguma coisa, chorava diante do Senhor, suplicando
que remediasse tantos males » (Camino de perfección, c. 1, n. 2, em: BAC, 1962,
n. 185).
Este seu sentir
com a Igreja, provado na dor que ela sentia ao ver a dispersão das forças,
levou-a a reagir com o seu carácter castelhano cheio de vigor, no anseio por
edificar o Reino de Deus. E, assim, decidiu-se a penetrar no mundo que a
circundava, com uma visão reformadora, para imprimir nele um sentido, uma
harmonia e uma alma cristã.
com a Igreja, provado na dor que ela sentia ao ver a dispersão das forças,
levou-a a reagir com o seu carácter castelhano cheio de vigor, no anseio por
edificar o Reino de Deus. E, assim, decidiu-se a penetrar no mundo que a
circundava, com uma visão reformadora, para imprimir nele um sentido, uma
harmonia e uma alma cristã.
Cinco séculos
depois, Santa Teresa de Ávila continua a deixar o exemplo da sua missão
espiritual, da nobreza do seu coração, sequioso de catolicidade, do seu amor,
despojado de todo o afeto terreno para dar-se totalmente à Igreja. Antes do seu
último respiro, ela pôde dizer, como epílogo de toda a sua vida: «Finalmente
sou filha da Igreja!».
depois, Santa Teresa de Ávila continua a deixar o exemplo da sua missão
espiritual, da nobreza do seu coração, sequioso de catolicidade, do seu amor,
despojado de todo o afeto terreno para dar-se totalmente à Igreja. Antes do seu
último respiro, ela pôde dizer, como epílogo de toda a sua vida: «Finalmente
sou filha da Igreja!».
Queremos ver,
nesta expressão, que é presságio e prelúdio da glória dos Santos para Teresa de
Jesus, a herança espiritual legada a toda a Espanha. Queremos ver também um
convite a todos nós, para fazermos eco à sua voz e para a transformar em
programa de vida a fim de poder repetir com ela: somos filhos da Igreja.
nesta expressão, que é presságio e prelúdio da glória dos Santos para Teresa de
Jesus, a herança espiritual legada a toda a Espanha. Queremos ver também um
convite a todos nós, para fazermos eco à sua voz e para a transformar em
programa de vida a fim de poder repetir com ela: somos filhos da Igreja.
Damos-vos a
Nossa Bênção Apostólica.»
Nossa Bênção Apostólica.»
HOMILIA DO PAPA
PAULO VI
PAULO VI
Domingo, 27 de
Setembro de 1970
Setembro de 1970
Fonte:http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/homilies/1970/documents/hf_p-vi_hom_19700927_po.html