O PAI-NOSSO E A PATERNIDADE DE SÃO JOSÉ

O PAI-NOSSO E A PATERNIDADE DE SÃO JOSÉ





                                                                           Luciano Dídimo

A São José, Deus
confiou seus maiores tesouros, Jesus e Maria. Vejam só que imenso privilégio
teve este homem, uma criatura, um homem bom, justo, como diz a Bíblia, mas
pecador, fraco, limitado, incapaz, como qualquer ser humano. Entretanto, Deus o
escolheu para essa missão ímpar na história da humanidade, a missão de ser o
pai na terra do Filho de Deus que se encarnou. O SIM de José em receber Maria
como esposa, estando ela grávida do Salvador, foi um sim em ser o pai de Jesus,
o qual unido ao SIM de Maria, teve participação fundamental na história da
salvação. Deus chama e capacita seus escolhidos para que possam exercer a
missão a eles confiada. Assim foi também com José, que recebeu essa missão de
extrema responsabilidade, pois se para um pai comum, a missão de ser pai exige
uma extrema responsabilidade e fidelidade a Deus e à família, imagine para
José, sendo responsável em cuidar do próprio Deus feito criança, dependendo
dele para comer, para se vestir, precisando de seus cuidados, de sua proteção,
de seu amparo, de seu carinho.

A
paternidade de São José foi uma verdadeira oração, a qual pode ser
perfeitamente relacionada com a oração do Pai-Nosso ensinada por Jesus. Ora, a
oração do Pai-Nosso, segundo Horácio Dídimo, em seu livro ‘As Harmonias do
Pai-Nosso”  é composta por sete petições
(sete pedidos), após a invocação dirigida a Deus Pai: PAI NOSSO QUE ESTAIS NO
CÉU, sendo essas petições de LOUVOR, UNIÃO, ENTREGA, ALIMENTO, PERDÃO, PROTEÇÃO
e LIBERTAÇÃO. Essas sete petições podem ser relacionadas com a paternidade de
São José, de acordo com as passagens bíblicas referentes a ele e com as
invocações constantes na Ladainha de São José.
* PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS

1.SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME 

Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça,
que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? (Lc 4, 22)


A
primeira petição é uma petição de LOUVOR, onde Jesus louva o Pai. Nessa
passagem onde as pessoas se admiram de Jesus e dão testemunho dele, é uma
oração de louvor a Jesus por tudo o que Ele dizia e fazia, e no momento em que o
louvor é dirigido a Jesus, Ele é reconhecido como filho de José:
Não é este o filho de José? Ora, todo
filho se parece com o pai, mesmo os adotados são parecidos, porque adquirem os
trejeitos, o modo de falar, o modo de se comportar, os gestos, tudo. Jesus era
a cara de José! Assim também nós, quando louvamos e adoramos Jesus, podemos nos
lembrar de José, da paternidade de José, como aconteceu nessa passagem. E em
duas ocasiões citadas na Bíblia, José estava presente no momento em Jesus era
adorado, na adoração dos pastores e na visita dos magos. O interessante é que
com certeza, José também louvava e adorava Jesus, porque sabia que Ele era o
próprio Deus. Que o louvor de José seja exemplo para os pais de família, que
exercendo sua paternidade, louvem e levem seus filhos a louvar a Deus.
São José, Ilustre descendente de Davi,
rogai por nós!
2.VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino
deitado na manjedoura. (Lc 2, 16)

A segunda petição é uma oração
de UNIÃO, união de Deus com os homens, da Divindade com a humanidade. Essa
união com Deus se dá em Jesus, pois quando nos unimos a Jesus, o Reino de Deus
está em nós. Essa passagem nos mostra que os pastores quando chegaram na manjedoura
encontraram Maria, José e Jesus, uma união perfeita de Deus com a humanidade,
refletida na união da sagrada família. São José, confiado por Deus para ser o
chefe da Sagrada Família, é exemplo a ser seguido por todos os pais de família,
exemplo de fidelidade, de castidade, de prudência e de justiça. Que a união da
Sagrada Família seja exemplo para que todas as famílias sejam cada vez mais
unidas!
São José, Chefe da Sagrada Família, rogai por nós!

3.SEJA
FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e
recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à
luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus. (Mt 1, 24-25)

A
terceira petição é uma oração de ENTREGA, onde se coloca tudo nas mãos de Deus,
para que Ele faça tudo segundo a Sua vontade. A paternidade de José é um grande
exemplo disso, pois ele deixa-se conduzir inteiramente por Deus, comprometendo
toda a sua vida em função daquilo que Deus lhe pedia, não só em receber Maria,
mas principalmente exercendo a paternidade de Jesus, cumprindo com todas as
suas obrigações de pai. Várias outras passagens podem atestar isso, como: em
Lc 2,
21 – Completados que foram os oito dias
para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha
chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno
e em Lc 2, 22-23 – Concluídos os dias da sua purificação
segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor,
conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo
masculino será consagrado ao Senhor.
Assim José, levando Jesus para
circuncidar e levando-o à Jerusalém para O apresentar no Templo, cumpria todos
os preceitos da religião judaica, fazendo com que exercesse sua paternidade
segundo a vontade de Deus. José também, com certeza ensinava a Torah a Jesus,
pois naquela época era costume que o pai assim o fizesse. Vejam, portanto, o
quanto José era diligente em cumprir as suas obrigações de pai, quando vemos
nos dias de hoje exatamente o contrário: os pais se desimcubindo de suas
obrigações, passando toda a responsabilidade para a escola ou para as mães, que
também não têm mais tempo para estar com seus filhos. Se as famílias hoje não
estão se preocupando nem  em batizar os
filhos, em levá-los a fazer a primeira comunhão, muito menos se preocupam em
ensinar-lhes a Bíblia e os mandamentos da Lei de Deus. Dessa forma, como as
crianças de hoje podem fazer a vontade de Deus, se não a conhecem? Que a
obediência de São José seja exemplo para que os pais de família façam e ensinem
os filhos a fazerem a vontade de Deus.
São José obedientíssimo, rogai
por nós!
 4.O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS
DAI HOJE
Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua
mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em
sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. (Lc 2, 51-52)

A
quarta petição é uma oração de ALIMENTO, tanto material quanto espiritual, os
quais nos fazem crescer fisicamente ou espiritualmente. José, sendo o provedor
da família, era o responsável pelo sustento de Jesus e para tanto, trabalhava
como carpinteiro. Esse alimento, essa comida, fez com que Jesus crescesse em
estatura. Os ensinamentos de José, como o ofício de carpinteiro que ensinou a
Jesus, fez com que crescesse em sabedoria, e o ensino sobre a religião fazia
com que Jesus crescesse em graça. Dessa forma, José proveu Jesus em todas as
suas necessidades. Outra passagem bíblica atesta isso:
Lc 2,
39-40 – Após terem observado tudo segundo
a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré. O menino ia
crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus
repousava nele.
Que a dedicação de São José seja exemplo para que os pais
de família trabalhem para o sustento de sua família e participem na educação de
seus filhos, não se desviando dessa responsabilidade pela bebida, pelas drogas,
pela acomodação ou pela busca de prazeres!
São José, Pai nutrício do
Filho de Deus, rogai por nós!
5.PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM
NOS TEM OFENDIDO
José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la,
resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do
Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas
receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu
povo de seus pecados. (Mt 1, 20-21)

A quinta petição é uma oração
de PERDÃO. São José é citado na Bíblia como um homem de bem, um homem justo.
Vejam vocês em que situação constrangedora ele ficou quando soube da gravidez
de Maria sem que tivessem coabitado. Segundo o costume hebraico, o matrimônio
constava de duas fases: primeiro era celebrado o matrimônio legal (o
verdadeiro) e depois de um certo período o esposo introduzia a esposa em sua
casa. Dessa forma, após o casamento e antes que Maria fosse para a casa de
José, ela apareceu grávida, e José, com todos os motivos para denunciá-la e
podendo ser até apedrejada, ainda assim resolve proteger Maria para não
difama-la e se afasta dela secretamente. 

Quando o Senhor apareceu em sonhos a
José revelando que a concepção de Maria provinha do Espírito Santo, José, sendo
justo, recebeu Maria em sua casa. Isso não foi propriamente um perdão, porque
não havia nenhum pecado em Maria, mas o seu ato de voltar atrás em sua decisão
e cumprir a vontade de Deus é exemplo para que haja o perdão nas famílias,
entre os esposos, entre os irmãos e entre pais e filhos e assim prevaleça a
vontade de Deus. Que a Justiça de São José nos ajude a também sermos justos na
família e na sociedade!
São José Justíssimo, rogai por nós!

6. E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO
Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a
José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá
até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José
levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
(Mt 2, 13-14)

A sexta petição é uma oração
de PROTEÇÃO contra os males do mundo. José exercendo sua paternidade, foi o
protetor de Jesus e exerceu bravamente essa missão, fugindo com Jesus para o
Egito, porque Herodes queria matá-Lo, permanecendo lá até a morte de Herodes.
Quando Herodes morreu, quis retornar para Israel, mas quando soube que
Arquelau, o pai de Herodes, reinava na Judéia, não arriscou ir para lá, mais
uma vez exercendo o seu papel de pai protetor, e novamente avisado em sonhos,
foi morar na cidade de Nazaré, na Galiléia. 

Outra passagem que nos mostra a
proteção de José para com Jesus, foi quando, aos doze anos de idade, Jesus se
perdeu no Templo, conforme Lc 2, 42-48:
Seus
pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido
doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da
festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais
o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva,
andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não
o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. Três dias depois o acharam
no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.

Quando eles o viram, ficaram admirados.
E
sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos
à tua procura, cheios de aflição.
Esta passagem nos mostra Maria se
referindo a José como pai de Jesus e retrata a aflição de um pai ao perder seu
filho. Que o exemplo de cuidado e de preocupação de José seja exemplo para que
os pais de família também protejam seus filhos dos perigos do mundo, sabendo
dizer “não” quando necessário, dialogando, discernindo o bem do mal, para que
assim, os filhos possam encontrar a segurança dentro do seio familiar e em Deus
e não procurem essa segurança nas drogas, nas falsas amizades e no poder financeiro.
São José, Insigne defensor de Cristo, rogai por nós!
7.MAS LIVRAI-NOS DO MAL
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é
chamado Cristo. (Mt 1, 16)

A sétima e última petição é
uma oração de LIBERTAÇÃO. Libertação é quando nos livramos de algo que nos
prende, que nos oprime. Essa passagem menciona toda a genealogia de Jesus até
chegar em José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
Assim, a paternidade de São José fez parte do plano de salvação de Deus para a
humanidade, para que, através do sacrifício de Cristo, o homem fosse libertado.
Dessa forma, José sendo o pai na terra de Cristo, e a Igreja sendo o Corpo
Místico de Cristo, podemos considerar José o pai da Igreja, e assim a Igreja o
reconhece, pois Pio IX declarou-o Patrono da Igreja Universal. Assim São José,
ao exercer a paternidade de Jesus, assume também a paternidade de toda a
Igreja, e de todos nós, contribuindo para a libertação de toda a humanidade.
São José, Protetor da Santa Igreja, rogai por nós!
Amém.

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