Meditando com a Santa
5º dia – “Sacudi o Julgo que pesa sobre vós”
Nossa reflexão para este quinto dia da novena a Santa Elisabete da Trindade inspira-se na essência da vocação carmelitana e cristã, que é o encontro íntimo e transformador com Deus. A exortação da Santa, “Sacudi esse jugo que pesa sobre vós” é um convite à liberdade do espírito. Ela nos lembra, como carmelitas descalços, que a nossa verdadeira dignidade não está nas “futilidades”, mas em vivermos em um “ambiente em que se respira ar divino”, ou seja, no interior da nossa alma onde a Santíssima Trindade habita. A grandeza da nossa vocação reside em sermos “Louvor de Glória” de Deus, desprendidos do apego a nós mesmos e às vaidades, para nos centrarmos N’Ele – o Amigo que “está postado à porta do coração… e espera”.
“Que fazeis desses laços que vos acorrentam a vós mesmas e às coisas inferiores a vós?” Somos chamados a sacudir o jugo do orgulho e do amor-próprio, que nos impede de avançar na vida de oração e união com Deus. Santa Elisabete, ao afirmar que as almas presas às futilidades são “escravas”, ecoa a sabedoria carmelitana de que a verdadeira liberdade se encontra no desapego. Neste sentido, a humildade – que nossa Santa Madre, Teresa de Jesus, define como “andar na verdade” – é fundamental para nos libertarmos.
O abandono e o esquecimento de si, que ela admira nos Santos, formam o caminho seguro para que “nada do exterior possa me distrair” (Poesia 109), mantendo o foco no Único Necessário. Cada Carmelita Secular pode, assim, viver no mundo mantendo-se em seu Carmelo interior, onde o silêncio do coração é a condição para ouvir a voz divina.
O desafio deste dia é aprofundar nossa vida de oração, que é o canal para o “encontro íntimo e verdadeiro com Deus”. A oração contemplativa nos ensina a permanecer N’Ele sem nos “perder em muitas devoções vazias”, as quais priorizam atos superficiais e não levam a uma transformação profunda da alma. A união com Deus é união de amor e, como ensina nosso Santo Padre, São João da Cruz: “No entardecer de nossa vida, seremos julgados no amor.” Portanto, “sacudir o jugo” é a atitude da semente que germina, permitindo que a graça divina nos transforme amorosamente. Que possamos, à imitação de Santa Elisabete da Trindade, fazer da nossa vida um contínuo “Louvor de Glória”.