MENSAGEM DO FREI SAVERIO CANNISTRÀ – Prepósito Geral – Fórum 500 STJ

MENSAGEM DO FREI SAVERIO CANNISTRÀ – Prepósito Geral – Fórum 500 STJ


Roma, 3 de setembro de 2015




Aos

Participantes do Fórum por
ocasião dos 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus

Aparecida (SP – Brasil), 4
a 7 de setembro de 2015


                                Jesus!


Em muitas de suas Cartas a Santa Madre inicia assim, invocando o nome de Jesus.

Como ela, também eu me dirijo a vocês com
esta breve mensagem, respondendo ao convite de Fr. Cléber. Faço votos que a
alegria, a paz e a esperança em Jesus Ressuscitado estejam com cada um de vocês
e com todo o povo brasileiro, que dia 7 próximo celebra sua festa Nacional!

Em Jesus, Teresa encontrou a plenitude de
seu ser; por Ele ela foi associada à sua missão; por Ele ela empreendeu a
reforma do Carmelo e consumiu suas forças pelo bem da Igreja! Por isso seu
testemunho de vida e de experiência com Cristo deixou-nos em herança um carisma
rico de conteúdos doutrinais e espirituais sempre válidos. Seus escritos são
uma fonte incomparável de espiritualidade e de pedagogia e da mística cristã;
são uma riqueza para a humanidade, para a Igreja e para a Ordem!

Apaixonada buscadora da Verdade, esta luz que dá sentido e valor à caridade” (Bento XVI), Teresa descobre
ser infinitamente amada por Ele; por graça também descobre que Deus é a Suma Verdade (Vida 40,3-4) contida na Bíblia e percebe que
«todo o mal do mundo
deriva de não se conhecerem claramente as verdades da Sagrada Escritura» (V
40,1). Por isso
faz da verdade e de sua busca uma pessoal condição
para a vida de oração e de amizade com Deus e com os demais (Vida 13,16; 6 Moradas 10,6). Na Pessoa de Jesus, Livro vivo (Vida 26,5) onde
vê as Verdades; Ele é Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6), a plenitude do Deus encarnado, divino e humano (6 Moradas
7,9) que quis permanecer conosco na
Eucaristia e ser sustento e Modelo (Vida 15,13; 22,6) para os que seguem
seus passos e fazem a vontade do Pai (Caminho
34,27).

Ferida
pelo amor de Jesus Cristo, seu Esposo divino (Vida 36,26) Teresa vai adentrando pela porta da oração e
consideração
(1 Morada 1,7) e pela
prática das virtudes à descoberta das muitas riquezas de seu interior. Morada
após morada, constrói em si mesma uma casa na qual Jesus possa morar (5 Moradas 2,2). E Ele, vendo a firmeza e o
desejo grande de Teresa de segui-Lo e que lhe diz: Juntos andemos Senhor, por
onde fordes, irei
… (Caminho
26,6), a tomará pela mão e a introduzirá na comunhão com a Trindade SS., na
sétima Morada onde Ele se lhe revela e faz presente. Da profundeza desta união,
Teresa diz a cada um/a de nós que o Deus infinitamente bom está nos aguardando para
comunicar-nos a sua misericórdia infinita e a sua amizade incondicional (7 Moradas 1,1). Ela funda a inalienável dignidade
de cada pessoa humana chamada à comunhão com Deus que ali vive e com quem ele
se deleita (1 Morada 1,1). É assim que
Teresa se faz testemunha de que uma autêntica vida de oração humaniza e a leva
à plenitude de si mesma e ao mesmo tempo afável
no relacionamento com os outros (Caminho
40,7). 

Teresa
descobriu também após muitas lutas e desencontros, que o caminho para a amizade
estável e definitiva com Deus é graça Dele. A esta graça não se chega somente
com as próprias forças ou sozinho, mas é resposta confiante no amor primeiro e
definitivo do
Deus-Amor. Nele, “todos fomos criados”
para aquilo que “o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno”
(EG 265). V
alorizando
a amizade vivida em comunidade,
Teresa recupera um outro aspecto essencial do Evangelho, a vida em comunidade.
Desta forma, aqueles/as que buscam ser amigos
fortes
no amor de Cristo para o sustento dos fracos (Vida 15,5; 16,7) podem apoiar-se mutuamente na vida espiritual (2 Morada 1,6). Do realismo Teresiano
aprendemos que o amor é comprovado pelas virtudes e em meio aos trabalhos da
vida, no relacionamento com os outros (Fundações
5,15). Na vida fraterna autêntica aprende-se a conhecer-se mutuamente e a
caminhar na verdade-humildade, pois somente quando se reconhecem os limites
próprios e se tira a trave do próprio olho (Mt
7,3) é que se pode deixar ajudar e ajudar os outros a deixar para trás as
coisas e/ou atitudes que não agradam a Deus e o ofendem. Assim, se hoje o
individualismo, a luta pelo poder, pelo ter, pelo prazer sacodem e fragmentam a
Igreja e nossas comunidades, Teresa recorda-nos que a essência de cada pessoa
humana, à imagem do  amor da SS.
Trindade, está no sair de si para  viver o
amor ao outro, como fez Jesus, o Capitão do Amor (Caminho 6,9); e o amor e a misericórdia vividos para com o próximo são
sinais certos do amor para com Deus (5 Moradas
3,8-9), assim como a verdadeira riqueza é haver a única riqueza, Deus e o poder
é serviço humilde, gratuito e desinteressado (Mt 20,28; Caminho 8,1;
17,1).  

Enfim,
Teresa é testemunha da fecundidade
apostólica
que brota da união com Deus. Nos últimos 20 anos de sua vida (1562-1582)
ela escreve, funda Mosteiros, vive repartindo
os frutos
de sua vida em união com Cristo (Vida 19,3; 20,19) de muitas formas e conforme o amor lhe sugere. Impulsionada
pela salvação dos muitos que se perdem sem conhecer a Cristo (Caminho 1,2; Fundações 1,7), quer que os membros de suas comunidades sejam tais como ela deseja (Caminho 1,1-3), imbuídos do seu mesmo ardor
pelo bem da Igreja e pela salvação das almas, seja pela oração ou pelo trabalho
apostólico. E vemos que Teresa não se paralisa pelo medo diante dos desafios ou
dos trabalhos e sofrimentos com as fundações de Mosteiros; elas são obra de
Deus (Fundações 18,4; 14,12; 25,12) e
por Ele e sua SS. Mãe ela dá sua vida e sua honra (Relação 18; 53; Poesia 2).
Podemos assim dizer que Teresa é a discípula-missionária
que tem “
a
disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus” (EG 127) e
quer ver seus
filhos/as imbuídos deste seu mesmo ardor! E diante dos desafios, perigos,
cansaços e tentações que atravessarmos, Teresa continua dizendo a nós, à Igreja:
Nada te perturbe, nada te espante, tudo
passa… Deus não muda; a paciência tudo alcança. SÓ DEUS BASTA!

Caríssimos, concluindo
esta mensagem, ao mesmo tempo que me congratulo com todos da família do Carmelo
– Frades, Monjas, Ordem Secular – e Institutos de inspiração teresiana e cada
um/a de vocês por ocasião do Fórum Teresiano, agradeço por todo empenho e
serviço dos organizadores e palestrantes. Que o Bom Deus abençoe a todos e a
Virgem Aparecida, em cuja Casa vocês se encontram, os ampare e proteja,
juntamente com seu Esposo S. José, assim como a suas Famílias e Comunidades.  Faço votos que estes dias do Fórum possam
fortalecê-los com o testemunho e exemplo da Santa Madre Teresa, para caminharem
com os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12, 2) e colaborarem fazendo
o pouco ao alcance
(Vida 32,9; Caminho 1,3) para a construção de uma
sociedade mais justa e fraterna.


Fraternalmente,



Fr. Saverio Cannistrà OCD

Prepósito Geral

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