MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS

MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS

Os bispos do Brasil reunidos na 56ª Assembleia Geral da CNBB enviaram sua
mensagem divulgada na tarde
desta quinta-feira, 19 de abril, pela Presidência da Conferência. O documento registra a comunhão do episcopado brasileiro com o papa
Francisco e destaca a necessidade de promover o diálogo respeitoso para
estimular a comunhão na fé em tempo de politização e polarizações nas
redes sociais. A mensagem retoma a natureza e a missão da entidade na
sociedade brasileira.Intitulada “Eleições 2018: compromisso e esperança”, a apresentação
da mensagem foi feita por dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador (BA)
e Primaz do Brasil. 
Confira a mensagem na íntegra:
MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS
O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais
comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho
Jesus Cristo (1Jo 1,3)
Em comunhão com o Papa Francisco, nós, Bispos membros da CNBB,
reunidos na 56ª Assembleia Geral, em Aparecida – SP, agradecemos a Deus
pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus para a Igreja e para a sociedade
brasileira. Convidamos os membros de nossas comunidades e todas as
pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que fazemos sobre
nossa missão e assumirem conosco o compromisso de percorrer este caminho
de comunhão e serviço.
Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas
pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo
respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois, só
permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de ser
discípulos missionários.
A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na
unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos
amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja
simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e
ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo,
e o templo do Espírito Santo.
Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos
unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o
sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja
(cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também
nas Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da
Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o
surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus
Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que
está presente a Igreja.
Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade
brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério,
particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade”
(Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o
mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da
vida, desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção
preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta
Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos
pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre
por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus
Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles
ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa
Francisco.
A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político.
As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o
cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união
interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando
do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano
(cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101).
Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e
políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica
sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo
moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais
da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et
Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar
quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça
corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos
perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a
bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11).
A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser
responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em
sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo
quando realizadas por eclesiásticos.
Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a
integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade
impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de
expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser
pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para com
aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo” (LG
37). “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a
comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar,
dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial
das Comunicações de 2018).
Deste Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes bênçãos divinas sobre todos.
Aparecida-SP, 19 de abril de 2018.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília – DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Os ataques à CNBB
também foram tema da pauta da reunião do Conselho Provincial da OCDS
realizada em São Roque no dia 18/03/2018, que assim se manifestou:
“Com
relação aos ataques à CNBB que vem sendo veiculados nas redes
sociais, como bem nos aconselha Santa Madre, que disse: “Morro
filha da Igreja”, o Conselho Provincial reafirma sua unidade com o
Papa Francisco, com a CNBB e com o CNLB. Portanto, orienta às
comunidades e grupos que, com ponderação e profunda humildade,
procedam ao estudo do Documento 105 e Christifideles Laici, de acordo
com os direcionamentos para o Ano Nacional do Laicato. Convida à
leitura do livro Espiritualidade da Nova Evangelização, de Frei
Camilo Maccise, ocd”.
 

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