Liturgia – A voz do Papa – 15 de agosto

Liturgia – A voz do Papa – 15 de agosto

VATICANO


OS SANTOS MOSTRAM O VERDADEIRO ROSTO DE DEUS E DO HOMEM

Bento XVI recordou o martírio de Edith Stein e de Maximiliano Kolbe nos lagers nazistas

No domingo, 9 de agosto, recitando a oração mariana do Angelus com os fiéis em Castel Gandolfo, o Papa faloudo martírio de Edith Stein e de Maximiliano Kolbe, e recordou que quando o homem se esquece de Deus e se substitui a Ele, abre-se na terra o inferno. Foi o que aconteceu nos lugares nazistas e em todos os campos de extermínio.

Queridos irmãos e irmãs!

Como no domingo passado, também hoje – no contexto do Ano sacerdotal que estamos a celebrar – nos detemos a meditar sobre alguns Santos e Santas que a liturgia recorda nestes dias. Exceto a virgem Clara de Assis, fervorosa de amor divino na oblação quotidiana de oração e da vida comum, os outros são mártires, dois dos quais mortos no lager de Auschwitz: Santa Teresa Benedita da Cruz – Edith Stein, que, tendo nascido na fé judaica e conquistada por Cristo em idade adulta, se tornou monja carmelita e selou a sua existência com o martírio; e São Maximiliano Kolbe, filho da Polônia e de São Francisco de Assis, grande apóstolo de Maria Imaculada. Encontramos depois outras figuras maravilhosas dos mártires da Igreja de Roma, como São Ponciano Papa, Santo Hipólito sacerdote e São Lourenço diácono. Que excelentes modelos de santidade nos propõe a Igreja. Estes Santos são testemunhas daquela caridade que ama “até o fim”, e não tem em consideração o mal recebido, mas combate-o com o bem (cf. r Cor 13, 4-8). Deles podemos aprender, sobretudo nós, sacerdotes, o heroísmo evangélico que nos estimula, sem nada temer, a dar a vida pela salvação da almas. O amor vence a morte!
Todos os Santos, mas sobretudo os mártires, são testemunhas de Deus, que é Amor: Deus caritas est. Os lagers nazistas, como qualquer campo de extermínio, podem ser considerados símbolos extremos do mal, do inferno que se abre sobre a terra quando o homem esquece Deus e se substitui a Ele usurpando-lhe o direito de decidir o que é o bem e o que é o mal, de dar a vida e a morte. Mas infelizmente este triste fenômeno não se limite aos lagers. Eles são antes a ponta culminante de uma realidade ampla e difundida, muitas vezes em confins fugazes. Os santos, que recordei brevemente, fazem-nos refletir sobre as divergências profundas que existem entre o humanismo ateu e o humanismo cristão; uma antítese que atravessa toda a história, mas que no final do segundo milênio, com o niilismo contemporâneo, chegou a um ponto crucial, como grandes letrados e pensadores compreenderam, e como os acontecimentos demonstraram amplamente. Por outro lado, há filosofias e ideologias, mas há também cada vez mais formas de pensar e de agir, que exaltam a liberdade como único princípio do homem, em alternativa a Deus, e deste modo transformam o homem num deus, mas trata-se de um deus errado, que faz da arbitrariedade o próprio sistema de comportamento. Por outro lado, temos precisamente os santos que, praticando o Evangelho da caridade, dizem o motivo da sua esperança; eles mostram o verdadeiro rosto de Deus, que é Amor e, ao mesmo tempo, ao rosto autêntico do homem, criado à imagem e semelhança divina.
Querido irmãos e irmãs, peçamos à Virgem Maria, para que nos ajude a todos – em primeiro lugar aos sacerdotes – a serem santos como estas heróicas testemunhas da fé e da dedicação de si até ao martírio. Este é o único modo para oferecer às realidades humanas e espirituais, que a crise profunda do mundo contemporâneo suscita, uma resposta credível e completa: a da caridade na verdade.

Fonte: L´OSSERVATORE ROMANO , 15 de agosto de 2009

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