Liturgia – 31 de julho – SANTO INÁCIO DE LOYOLA
SANTO INÁCIO DE LOYOLA,
Presbítero e Fundador
Cor litúrgica: Branco
Ofício da memória
Liturgia das Horas: 1462-1633-721
Oração das Horas: 1306-829-1525
Leituras: Lv 23,1.4-11.15-16.27.34b-37 – Sl 80(81) – Mt 13,54-58
“E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.”
É nessa adaptação ao meio humano e nessa inserção no mundo que consiste o essencial do mistério da vida de Jesus de Nazaré.
Santo Inácio de Loyola, até os 30 anos de idade, foi um homem mundano e cheio de vaidades. O que queria era ganhar prestígio, conquistar amorosamente algumas mulheres interessantes e fazer uma boa carreira nos caminhos do poder. Seus pais, Beltrão Yañez de Oñaz e D.Marina Saenz de Licona pertenciam à pequena nobreza camponesa do País Basco. Foi o caçula dentre 13 irmãos. Todos eram católicos, mas freqüentemente não viviam a fé que professavam. Havia um divórcio sério entre fé e vida. Falavam uma coisa e facilmente faziam outra, por desgraça, bem diferente. Saiu da casa dos seus pais com 15 anos. Seus pais já tinham falecido. Foi, então, morar com um parente riquíssimo, chamado João Velasquez de Cuellar. Morou com eles toda sua juventude!… Mais tarde, quando eles perderam tudo o que possuíam, passou três anos morando sozinho em Nájera, uma bela cidade onde se misturavam a religião e o pecado. Por um certo tempo, o ambiente que o rodeava girava apenas sobre sexo, poder e dinheiro. Em 1521, ele estava lutando em Pamplona contra os franceses. Uma bala de canhão passou entre suas pernas, destroçando a direita e quebrando a esquerda. Teve dores terríveis e passou um mês inteiro entre a vida e a morte. De toda aquela dor nasceu um novo Inácio. Começou a ler a Bíblia. No início pouco entendia, apenas sentia que era chuva caindo em terra muito seca. Foi descobrindo um “valor maior” que relativizava, com sua presença, todos os outros valores. Todos os outros valores perderam seu mágico fascínio diante do Criador deles. Deus entrou de cheio na sua vida dando-lhe um sentido que jamais tivera. Aprendeu a orar, a dialogar e se encontrar com Jesus como um amigo faz com outro.

À medida que o tempo ia passando, afeiçoava-se mais e mais a pessoa de Jesus. Os homens quebraram-lhe as pernas, mas Deus tocava profundamente o seu coração. O estar presente diante de Jesus o fortalecia e cicatrizava todas aquelas feridas morais de sua vida passada. Começou a criar novas formas, para romper de uma vez por todas com as antigas atrações mundanas e colocar Jesus, e só ele, no centro da sua vida, como único Senhor e Deus. Percebeu que sua vida espiritual crescia à medida que renunciava ao seu próprio querer e interesse. Começou a confessar e comungar freqüentemente. Recuperado, Inácio fez em Manresa uma experiência fortíssima de oração, abnegação e auto-análise, colocando a realidade direto com a Palavra de Deus. Aprendeu a rezar e a se perceber por dentro. Analisou, uma e outra vez, as moções percebidas, seus sentimentos e a causa de tudo isso. Foi uma experiência maravilhosa estes
“Exercícios Espirituais”. Sua vida se fez transparente. Fez-se pobre com os pobres, trocando suas roupas com um mendigo, ocultando seu sobrenome, ocupando o lugar social dos pequeninos… Foi a Jerusalém, contemplando com olhar de menino os lugares por onde Jesus tinha passado, perdoado, amado. Esteve na cadeia, preso pela Inquisição, suspeito de ser radical demais por causa de Jesus. Caminhou incansavelmente falando de Jesus a todos, sobretudo aos mais pobres, aos doentes, aos pecadores, levando libertação aos oprimidos, esperança aos cansados, vida nova a todos. Sempre movido, impelido pelo Espírito Santo de Jesus. Inácio era um apaixonado por Jesus! Ele verdadeiramente o cativou! Também descobriu que a vida não tem sentido se não colocada a serviço dos outros. Jesus veio para servir, não para ser servido. Assim como o Pai enviou o seu Filho para dar-nos vida nova, também Jesus nos envia, pelo mundo afora, para que ajudemos na libertação de todos os homens e mulheres, nossos irmãos. Fé e justiça são cara e coroa de uma mesma moeda. No início ele estava meio perdido, não sabia nada, não entendia nada a não ser que Jesus o amava incondicionalmente. Depois percebeu que ele o ensinava como um professor faz com seu discípulo. A primeira coisa que aprendeu foi o discernimento. Foi um aprendizado lento, mas o marcou para sempre. Percebeu que quando fazia coisas erradas, que nada tinham a ver com o Projeto de Deus, ele se sentia mal, com remorsos, vazio, seco e descontente. E, quando tentava com a ajuda dele, vencer suas fraquezas, concretizando um pouco os valores do Evangelho, se sentia feliz da vida, muito contente, realizado. Analisando o que “sentia” por dentro – e por fora, nos acontecimentos históricos que nos rodeiam, procurar as causas, ver se são boas ou não, foi optando sempre por aquilo que estava de acordo com os valores do Evangelho de Jesus. Inácio estudou na Universidade de Paris, fazendo apostolado com seus colegas de sala… Foi uma surpresa muito agradável perceber que outros jovens desejosos de “algo a mais” na vida quiseram fazer, durante 30 dias seguidos, os Exercícios Espirituais. Alguns deles optaram por viver radicalmente o Evangelho em pobreza, castidade e obediência e assim colocar-se a serviço dos outros na Igreja, sob a orientação do Papa. Eles e Inácio queriam a mesma coisa e então se perguntavam porque não viver juntos, para ajudarem-se mutuamente no seguimento do Senhor e no serviço ao próximo. Decidiram chamar-se
“Companheiros de Jesus” pois era isso mesmo que queriam: estar sempre com ele. Os primeiros jesuítas surgiram de um grupo de jovens de diversos países que estudavam na Universidade de Paris. O Papa Paulo III os aprovou oficialmente como ordem religiosa em 1540. Quando Inácio morreu, em 1556, havia no mundo 1.000 jesuítas. Hoje são mais de 21.000 os jesuítas espalhados por mais de 111 países.
Texto original postado em:
http://www.jesuitas.com.br/histor.htm
“A caridade opera igualmente o vazio e o despojamento na vontade, pois nos obriga a amar a Deus sobre todas as coisas; e só podemos cumprir este mandamento desprendendo nosso afeto de todos os bens espirituais e temporais para concentraá-lo somente em Deus.”
São João da Cruz – 2S 6,4
“O benefício da alma não está em muito pensar, e sim em muito amar.”
Santa Teresa de Jesus – F 5,3
Santo Afonso Rodrigues,
Religioso leigo
A Companhia de Jesus gerou padres e missionários santos que deixaram a assinatura dos jesuítas na história da evangelização e na história da humanidade. Figuras ilustres que se destacaram pela relevância de suas obras sociais cristãs em favor das minorias pobres e marginalizadas, cujas contribuições ainda florescem no mundo todo. Entretanto de suas fileiras saíram também santos humildes e simples, que pela vida entregue a Deus e servindo exclusivamente ao próximo, mostraram o caminho de felicidade espiritual aos devotos e discípulos. Valorosos personagens quase ocultos, que formam gerações e gerações de cristãos e, assim, sedimentam a sua obra no seio das famílias leigas e religiosas. Um dos mais significativos desses exemplos é o irmão leigo Afonso Rodrigues, natural de Segóvia, Espanha. Nascido em 25 de julho de 1532, pertencia a uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé. Tudo começou quando Afonso tinha dezesseis anos. Seu pai, um simples comerciante de tecidos, morreu de repente. Vendo a difícil situação de sua mãe, sozinha para sustentar os onze filhos, parou de estudar. Para manter a casa, passou a vender tecidos, aproveitando a clientela que seu pai deixara. Em 1555, aconselhado por sua mãe, casou e teve dois filhos. Mas novamente a fatalidade fez-se presente no seu lar. Primeiro, foi a jovem esposa que adoeceu e logo morreu; em seguida, faleceram os dois filhos, um após o outro. Abatido pelas perdas, descuidou dos negócios, perdeu o pouco que tinha e, para piorar, ficou sem crédito. Sem rumo, tentou voltar aos estudos, mas não se saiu bem nas provas e não pôde cursar a Faculdade de Valência. Afonso entrou, então, numa profunda crise espiritual. Retirado na própria casa, rezou, meditou muito e resolveu dedicar sua vida completamente a serviço de Deus, servindo aos semelhantes. Ingressou como irmão leigo na Companhia de Jesus em 1571. E foi um noviciado de sucesso, pois foi enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas em Palma, na ilha de Maiorca, onde encontrou a plena realização da vida e terminou seus dias. No colégio, exerceu somente a simples e humilde função de porteiro, por quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque, espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões, prodígios e cura. E assim, apesar de porteiro, foi orientador espiritual de muitos religiosos e leigos, que buscavam sua sabedoria e conselho. Mas um se destacava. Era Pedro Claver, um dos maiores missionários da Ordem, que jamais abandonou os seus ensinamentos e também ganhou a santidade. Outro foi o missionário Jerônimo Moranto, martirizado no México, que seguiu, sempre, sua orientação. Afonso sofreu de fortes dores físicas durante dois anos, antes de morrer em 31 de outubro de 1617, lá mesmo no colégio. Foi canonizado em 1888, pelo papa Leão XIII, junto com são Pedro Claver, seu discípulo, conhecido como o Apostolo dos Escravos. Santo Afonso Rodrigues deixou uma obra escrita resumida em três volumes, mas de grande valor teológico, onde relatou com detalhes a riqueza de sua espiritualidade mística. Fonte: www.paulinas.org.br
