
Liturgia – 01 de janeiro – SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

1ª. Sexta-feira do mês
Cor litúrgica: Branco
Ofício solene próprio
I Semana do Saltério
Liturgia das Horas: 437-620
Oração das Horas: 206-764
Leituras próprias: Nm 6,22-27 – Sl 66 (67)– Gl 4,4-7 – Lc 2,16-21
“Quanto a Maria, conservava todas estas coisas no seu coração.”
Iniciamos um novo ano. O Evangelho ressalta a atitude de Maria: “conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.”
Nem tudo Maria entende a respeito dos acontecimentos que invadiram
a sua vida.
Dentro da Oitava do Natal, solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, proclamada “Theotókos” no Concílio de Éfeso (431) por ter concebido e gerado, segundo a carne, a própria Pessoa do Verbo Divino, que veio trazer a paz aos homens de boa vontade.
“Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1;19,25). Com efeito, Aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que setornou verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmoDeus” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, Parte I, Seção II, CapítuloII, nº 95).As sementes de verdade, lá:”Não se deve adorar somente o Cristo? Mas não se deve honrar também a Santa Mãe de Deus? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, pois o Filho te honra; Ele nada te nega. Bernardo foi longe demais ao comentar o Evangelho… Só a respeito de Cristo está dito: ‘Ouvi-o’ e: ‘Eis o Cordeiro de Deus’… Isto não foi dito a propósito de Maria, nem dos anjos, nem de Gabriel” (Martinho Lutero, cf. Weimar, tomo 51, pg. 128s).”A mesma amantíssima Mãe de Deus queira obter a graça para mim, a fim de que possa expor o seu cântico com proveito e profundidade” (Martinho Lutero, cf. Weimar, tomo 7, pg. 545).”Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano’. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria. (…) Esta única palavra ‘mãe de Deus’ contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser Mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração” (Martinho Lutero, Explicação do Magnificat).”Não podemos reconhecer as bençãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus” (João Calvino, Comm. Sur l’Harm. Evang. 20).”Estimo grandemente a Mãe de Deus, a Virgem Maria perpetuamente casta e imaculada” (Ulrico Zwínglio, ZO 2,189).”Cremos que o corpo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus é templo do Espírito Santo… foi levado pelos anjos ao céu” (Heinrich Bullinger [Zwingliano]).”Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto” (Basilea Schlink [Luterana], Comentário ao Magnificat).”Por que um cristão evangélico pode ter o direito de ignorar tais realidades pelo fato de se apresentarem na Igreja Católica e não na sua comunidade religiosa? Tais fatos não deveriam, ao contrário, levar-nos a restaurar a figura da Mãe de Deus na Igreja Evangélica? Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo, através de aparições” (Manifesto de Dresden – Maio/1982 [redigido por teólogos luteranos]).”Existem quatro dogmas marianos aceitos na Igreja romana: o dogma da Maternidade Divina, a Virgindade Perpétua, a Assunção e a Imaculada Conceição. Estes dogmas são, via de regra, e em bloco, questionados pelas denominações protestantes mais jovens. Contudo, a medida em que retrocedemos no tempo, quase todos são compreendidos e aceitos, se lidos dentro de uma outra ótica.
A invocação de Nossa Senhora, Mãe de Deus, remonta aos primeiros tempos do Cristianismo, tendo se difundido especialmente por ocasião do aparecimento da heresia de Nestório, Patriarca de Constantinopla, o qual negava a maternidade divina de Maria Santíssima. O Concílio de Éfeso (antiga cidade da atual Turquia), em 431, condenou tal heresia, incentivando e difundindo aquela invocação mariana.
No Brasil, tornou-se famoso o Santuário da Mãe de Deus, edificado em 1679 na ilha de Cururupeva, no Recôncavo baiano, pelo Pe. Manuel Rodrigues. Ele visava dedicar, em terras brasileiras, à Rainha celeste, com a mencionada invocação, um santuário semelhante ao que existia em Lisboa, construído sob os auspícios da rainha Dona Leonor, esposa de Dom João II (1481-1495).
Já desde o século XVII, o povo da região do Recôncavo e o santuário da mencionada ilha comemovam a Mãe de Deus em festividade realizada no dia 10 de janeiro, a oitava de Natal, ocasião em que grande número de romeiros costumam acorrer àquele local para reverenciar a Virgem Santíssima.
Nossa Senhora, Mãe de Deus, é também padroeira das Catedrais de Porto Alegre (RS), Montes Claros (MG), Parnaíba (PI) e Paranavaí (PR).
O título Teotokos (Mãe de Deus, em grego) de tal maneira havia penetrado no espírito e no coração dos fiéis, que se armou um escândalo enorme no dia em que, ante Nestório, Bispo de Constantinopla, um sacerdote, porta-voz seu, teve a ousadia de pretender que Maria não era Mãe senão de um homem, porque era impossível que um Deus nascesse de uma mulher.
Nestório não admitiu qualquer retificação de suas idéias. O Imperador convocou então um Çoncílio, que inaugurou suas sessões em Éfeso, em 22 de junho de 431; presidiu-o São Cirilo, como Legado do Papa Celestino.
“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”. Oração que, desde então, recitam todos os dias milhões de almas para reconhecer em Maria a glória de Mãe de Deus, que um herege quis lhe arrebatar.
Em 1931, ao comemorar-se o décimo quinto centenário desse Concílio, julgou Pio XI que seria “útil e grato aos fiéis meditar e refletir sobre um dogma tão importante” como o da maternidade divina. Para que permanecesse um perpétuo testemunho de sua devoção mariana, escreveu aquele Pontífice a Encíclica Lux Veritatis, restaurou a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e, ademais, instituiu uma festa litúrgica que “contribuiria para o aumento da devoção à Soberana Mãe de Deus entre o clero e os fiéis, e que apresentaria a Santíssima Virgem e a Sagrada Família de Nazaré como um modelo para as famílias”.