“IR CRESCENDO”
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Gema Juan
Crescer é caminhar, ir ao centro da vida e de um mesmo modo, ir à
claridade, a abertura e a simplicidade. É “ir sempre adiante” -diria Santa Teresa-, iluminar cada vez mais
o próprio interior e projetar luz. Crescer é escolher ser veraz, apostar pela
autenticidade continuamente. Crescer é renunciar a afincar-se e preferir abrir
os olhos diante da realidade.
O
caminho espiritual proposto por Teresa é um caminho de crescimento: ir sempre
além, seguir adiante. Convencida de que de Deus temos que esperar “muito
mais e mais”, sua proposta é um convite para não colocar paredes nas porta
e janelas. Tratando-se de Deus, sempre encontramos mais. E quando se trata dos
seres humanos, também sempre há mais.
caminho espiritual proposto por Teresa é um caminho de crescimento: ir sempre
além, seguir adiante. Convencida de que de Deus temos que esperar “muito
mais e mais”, sua proposta é um convite para não colocar paredes nas porta
e janelas. Tratando-se de Deus, sempre encontramos mais. E quando se trata dos
seres humanos, também sempre há mais.
Um
dos sinais do carisma teresiano é seu realismo, e por tanto, sua condição de
um caminho possível. Se a tendência a levantar paredes, a ficar para trás,
ou a fugir das responsabilidades parece inata, Teresa tem certeza de que é
possível crescer, fazer florir o melhor do espírito humano. E se faz retomando
continuamente essa senda porque -como disse no final das Moradas- quando se
descobre a própria interioridade habitada, em tudo encontramos descanso e
sempre se desejar viver desde esse lugar.
dos sinais do carisma teresiano é seu realismo, e por tanto, sua condição de
um caminho possível. Se a tendência a levantar paredes, a ficar para trás,
ou a fugir das responsabilidades parece inata, Teresa tem certeza de que é
possível crescer, fazer florir o melhor do espírito humano. E se faz retomando
continuamente essa senda porque -como disse no final das Moradas- quando se
descobre a própria interioridade habitada, em tudo encontramos descanso e
sempre se desejar viver desde esse lugar.
Ela
lutou contra sua própria obscuridade -“pelejava com uma sombra de
morte”, dizia – e foi capaz de esperar e confiar, apesar de que não
conseguia aceder a seu melhor. Teve a paciência de crescer ” pouco a
pouco” e, por isso, quando acrescenta: quem poderá desconfiar, quando a
mim tanto me sofreu, só porque desejava e procurava algum lugar e tempo para
que estivesse comigo?
lutou contra sua própria obscuridade -“pelejava com uma sombra de
morte”, dizia – e foi capaz de esperar e confiar, apesar de que não
conseguia aceder a seu melhor. Teve a paciência de crescer ” pouco a
pouco” e, por isso, quando acrescenta: quem poderá desconfiar, quando a
mim tanto me sofreu, só porque desejava e procurava algum lugar e tempo para
que estivesse comigo?
Não
precisamos de asas nem de nada extraordinário para descobrir a profundidade da
vida e a proximidade de Deus: “Mesmo falando baixinho, está tão perto que
vai nos ouvir; nem precisamos de asas para ir buscar lhe, senão colocar-se em
solidão e olhar dentro de si e não estranhar-se de tão bom hospede”. O
devemos fazer é dar espaço a Deus, “fazer um pouquinho de força… para
olhar dentro de si” e ver “que a vontade fica conosco”.
precisamos de asas nem de nada extraordinário para descobrir a profundidade da
vida e a proximidade de Deus: “Mesmo falando baixinho, está tão perto que
vai nos ouvir; nem precisamos de asas para ir buscar lhe, senão colocar-se em
solidão e olhar dentro de si e não estranhar-se de tão bom hospede”. O
devemos fazer é dar espaço a Deus, “fazer um pouquinho de força… para
olhar dentro de si” e ver “que a vontade fica conosco”.
Teresa
está nos propondo um caminho aberto: pode-se recuperar o ser e o viver bem,
crescer e chegar a partilhar de verdade. É possível uma vida mais razoável, um
mundo mais saudável e em fraternidade. É possível adentrar-se no mistério,
invisível mas real, que perpassa tudo. E andar com Deus: pode-se viver na amizade,
não é uma quimera, e Teresa é contundente: “de ser possível não temos o
que duvidar”.
está nos propondo um caminho aberto: pode-se recuperar o ser e o viver bem,
crescer e chegar a partilhar de verdade. É possível uma vida mais razoável, um
mundo mais saudável e em fraternidade. É possível adentrar-se no mistério,
invisível mas real, que perpassa tudo. E andar com Deus: pode-se viver na amizade,
não é uma quimera, e Teresa é contundente: “de ser possível não temos o
que duvidar”.
É
claro que tudo isso não acontece senão andamos, senão caminhamos, adquirindo
atitudes que apareçam. Caminhar é “procurar ir adiante no conhecimento
próprio… despertar a vontade a amar… crescer o desejo de servi-lhe”, disse
Teresa. E andar é adquirir costumes surpreendentes, como o de
“acostumar-se a namorar-se”.
claro que tudo isso não acontece senão andamos, senão caminhamos, adquirindo
atitudes que apareçam. Caminhar é “procurar ir adiante no conhecimento
próprio… despertar a vontade a amar… crescer o desejo de servi-lhe”, disse
Teresa. E andar é adquirir costumes surpreendentes, como o de
“acostumar-se a namorar-se”.
É
assim mesmo, que nem se importa em dizer: “se
não procurais virtudes e fazer exercício delas, sempre ficareis anãs” (7M).
Procurar conhecer-se a si mesmo na verdade, avivar o amor, escolher servir,
enamorar-se… tudo isso é para Teresa ir “colocando pedras tão firmes, que assim não vai cair o castelo”, isso é
crescer e não ficar anão. E “para isso é mister não colocar vosso
fundamento só em rezar e contemplar”.
assim mesmo, que nem se importa em dizer: “se
não procurais virtudes e fazer exercício delas, sempre ficareis anãs” (7M).
Procurar conhecer-se a si mesmo na verdade, avivar o amor, escolher servir,
enamorar-se… tudo isso é para Teresa ir “colocando pedras tão firmes, que assim não vai cair o castelo”, isso é
crescer e não ficar anão. E “para isso é mister não colocar vosso
fundamento só em rezar e contemplar”.
Em
tão poucas frases, temos um tratado de vida, uma lição de sabedoria. Porque a
proposta teresiana nasce das fontes do Evangelho e, por tanto, nos coloca
frente a uma eleição, como fizera antes o livro do Deuteronômio: “coloco
ante ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que
vivas, tu e tua descendência”.
tão poucas frases, temos um tratado de vida, uma lição de sabedoria. Porque a
proposta teresiana nasce das fontes do Evangelho e, por tanto, nos coloca
frente a uma eleição, como fizera antes o livro do Deuteronômio: “coloco
ante ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que
vivas, tu e tua descendência”.
Escolher
o caminho que Jesus abriu faz viver a cada seguidor, mas não só isso, também da
vida à “descendência”, a quantos partilham o presente e a aqueles que
viram depois da geração atual. E Teresa avisa: “olha, não escondam o talento,
pois parece que Deus quer escolher para proveito de outras muitas, em especial
nestes tempos que são mister amigos
fortes de Deus para sustentar os fracos”.
o caminho que Jesus abriu faz viver a cada seguidor, mas não só isso, também da
vida à “descendência”, a quantos partilham o presente e a aqueles que
viram depois da geração atual. E Teresa avisa: “olha, não escondam o talento,
pois parece que Deus quer escolher para proveito de outras muitas, em especial
nestes tempos que são mister amigos
fortes de Deus para sustentar os fracos”.
Mais que mestra -mesmo sendo- Teresa é uma
andarilha do espírito, buscadora, provadora de caminhos. Uma mulher audaz,
exploradora das possibilidades humanas de relação. Com essa mesma paixão se
abre à transcendência e encontra a Deus, tão pessoalmente que o reconhece como
“amigo… verdadeiro amador… com necessidade da gente”. E assim,
não fala ex-cátedra mas sim
implicando-se, apoiada sempre em sua vida e no que aprendeu com os outros.
andarilha do espírito, buscadora, provadora de caminhos. Uma mulher audaz,
exploradora das possibilidades humanas de relação. Com essa mesma paixão se
abre à transcendência e encontra a Deus, tão pessoalmente que o reconhece como
“amigo… verdadeiro amador… com necessidade da gente”. E assim,
não fala ex-cátedra mas sim
implicando-se, apoiada sempre em sua vida e no que aprendeu com os outros.
Por
tudo isso, é um manancial de inspirações para iniciar e manter-se no caminho.
Não dogmatiza porque sabe que no terreno das relações – e disso fala ela quando
entra em matéria- cada ser humano deve
encontrar seu próprio modo, mas fez uma experiência profunda e sabe de
“aparejos” (aparelhos – utensílios). Percebeu que “não estava
Sua Majestade esperando senão algum “aparejo” em mim” e por isso
falou longamente sobre o que precisava para não caminhar a toa.
tudo isso, é um manancial de inspirações para iniciar e manter-se no caminho.
Não dogmatiza porque sabe que no terreno das relações – e disso fala ela quando
entra em matéria- cada ser humano deve
encontrar seu próprio modo, mas fez uma experiência profunda e sabe de
“aparejos” (aparelhos – utensílios). Percebeu que “não estava
Sua Majestade esperando senão algum “aparejo” em mim” e por isso
falou longamente sobre o que precisava para não caminhar a toa.
De
“aparejos” e costumes fala Teresa, de esforços positivos, de motivos
verdadeiros… “para não ficar preocupados do trabalho e das contradições
que surgem no caminho, e caminheis com ânimo e não os canseis”. O fim é
não ficar anões, viver de verdade, chegar a “porto de luz”, “à
fonte de água viva”. Crescer, iluminar-se e iluminar; beber, da água e
aproximar à fonte.
“aparejos” e costumes fala Teresa, de esforços positivos, de motivos
verdadeiros… “para não ficar preocupados do trabalho e das contradições
que surgem no caminho, e caminheis com ânimo e não os canseis”. O fim é
não ficar anões, viver de verdade, chegar a “porto de luz”, “à
fonte de água viva”. Crescer, iluminar-se e iluminar; beber, da água e
aproximar à fonte.
tradução : frei Francisco Yudego Xavier,ocd
http://delaruecaalapluma.wordpress.com