CAMPANHA DA FRATERNIDADE E A ORAÇÃO DOS CARMELITAS
“Como é grande o
poder da oração! É como uma rainha que em todo o momento tem acesso direto ao
rei e pode conseguir tudo o que lhe pede” (Santa Teresinha do Menino Jesus).
Neste ano, 2014, a Igreja no Brasil nos trás importante tema: “A Fraternidade e o Tráfico
Humano”, para reflexão e luta nas diversas dioceses, paróquias, comunidades religiosas e eclesiais, pastorais e movimentos católicos. Um tema polêmico e atualíssimo, que denuncia uma triste realidade: a vida humana está, como nunca, sendo explorada e tratada como objeto ou comércio.
Vivemos em uma sociedade cada vez mais egoísta, individualista e egocêntrica, na qual, a vida do outro pouco ou nada importa. Cada vez mais os homens e as mulheres olham apenas para seus “umbigos”, preocupados apenas com sua própria existência, em “se dar bem”, em “passar a perna no outro”, em “destacar-se”, em “competir” ou, mesmo, em “calcar o outro” com os próprios pés.
Crianças, adolescentes e mulheres são explorados sexualmente, às vezes vendidos como escravos sexuais e quase ninguém se importa. Tornaram-se tão corriqueiras as notícias sobre pedofilia, estupros, prostituição ou quaisquer tipo de violação da sacralidade do outro, que não ligamos mais para as que são publicadas em jornais, revistas, rádio ou televisão.
Crianças, aos milhares, simplesmente “somem”, entram na relação interminável dos “desaparecidos” e ninguém se importa. Fazendas, garimpos ou locais de extração de madeira com escravos ou semi-escravos são descobertos e ninguém se importa. A sociedade está ficando insensível.
Sabemos muito bem da fama que o Carmelo goza: “o pára raios do mundo”. De forma especial, nossas irmãs monjas são tidas como “catalizadoras” do sofrimento humano e como grandes intercessoras para que almas e mais almas se salvem, para que famílias se reconstruam, para que jovens se livrem dos vícios e para que a paz se difunda sobre a terra.
E por que não nós Carmelitas Seculares? Por que nós ainda não gozamos dessa fama? Temos que conquistá-la! Também é responsabilidade nossa tomarmos a peito a “determinada determinação” de consagrarmos nossa vida à oração, à contemplação e à intercessão. Temos que não apenas nos alistar, mas, sermos verdadeiros e eficazes “soldados de Maria”, participando dos esforços dos Exércitos Celestes na luta contra o poder das trevas.

Caríssimos irmãos e irmãs do Carmelo Descalço Secular, recordo a todos a famosa frase do Apóstolo São Paulo: “Pois
a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as
potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, os espíritos malignos
espalhados pelo espaço. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus (Efésios 6, 12-13a)”… Muitas vezes, podemos ter uma visão muito “técnica” ou “materialista” da realidade que nos rodeia. Podemos pensar que a problemática do tráfico humano é coisa apenas de “falta de políticas públicas de repressão”, porém, sabemos muito bem que não é.
Por detrás de toda essa maldade disseminada há uma realidade terrível, dura, porém, real: a existência do maligno, dos espíritos das trevas, que ameaçam e atacam duramente a pobre humanidade, na tentativa de afastá-la de Deus, de arrastá-la para o mal e prejudicá-la de todas as formas possíveis. O mal existe e, como disse o nosso amado Beato João Paulo II, de santa memória, “é pessoal”, é uma realidade que infelizmente a teologia autodenominada de “moderna” não quer admitir.
O mal existe e nós somos os soldados de Cristo e de Maria. Cabe a nós, rezarmos, rezarmos muito para que uma barreira seja interposta entre os planos do maligno e sua execução. Nossas preces diante de Deus tem grande valia e importância nessa batalha contra o poder das trevas.

São Paulo, na Carta aos Efésios continua: “Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus, a
fim de que possais resistir no dia mau, e assim, empregando todos os meios, continueis
firmes. Ficai, pois, de prontidão, tendo a verdade como cinturão, a justiça como
couraça e os pés calçados com o zelo em anunciar a Boa-Nova da paz. Em todas as
circunstâncias, empunhai o escudo da fé, com o qual podereis apagar todas as flechas
incendiadas do Maligno. Enfim, ponde o capacete da salvação e empunhai a espada
do Espírito, que é a palavra de Deus. Com toda sorte de preces e súplicas, orai
constantemente no Espírito. Prestai vigilante atenção neste ponto, intercedendo
por todos os santos” (Efésios 6, 13b-18). Não vejo outra mensagem tão atual como essa, para os homens e mulheres de oração desses tempos tão difíceis! Oremos sem cessar! Nossas preces, súplicas, adorações, terços, oração mental, jejuns, sacrifícios, renúncias, cruzes suportadas com paciência e amor, são armas poderosíssimas que certamente salvarão muitas almas!
Jesus Cristo é Vida, e vida em abundância! Ele morreu por nós na cruz para nossa vida, para nossa alegria e para nossa paz. O lema da Campanha da Fraternidade nos lembra isso: “É
para a liberdade que Cristo nos libertou”! Amém!
(Giovani Carvalho Mendes, ocds)