Aprendemos a orar com o olhar
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1. «Deus viu tudo o que tinha feito e era muito bom» (Gn 1,31). Dá um passeio contemplativo por um dos teus percursos habituais ou pelo campo, fazendo como que uma pesquisa à procura da bondade e da beleza ocultas em tudo o que existe. Observa atentamente as pessoas, as coisas, a natureza e repete interiormente: «Deus viu que tudo era bom». Confia mais no olhar de Deus do que no teu, deixa que ele eduque os teus olhos e os torne crentes.
2. Lê em Mc 10,46-52 o relato da cura do cego Bartimeu como se o ouvisses pela primeira vez. Pára em cada momento da cena, tenta imaginá-la, vê-la interiormente. Senta-te como aquele cego sentado na borda do caminho. Ouve o murmúrio das pessoas, pressente a proximidade de Jesus, grita-lhe do fundo do teu coração: «Tem piedade de mim!». Deixa que todo o teu ser se ponha a clamar: «Senhor, que eu veja!» Sente as mãos de Jesus tocar nos teus olhos; deixa-te curar pela força dessas mãos que podem inundar-te de luz. Permanece uns momentos num silêncio cheio de agradecimento.
3. Toma o evangelho de Marcos 6,34. Jesus desceu da barca e, ao ver a multidão, encheu-se de compaixão porque eram como ovelhas sem pastor. Mistura-te àquela gente, tenta sentir-te envolvido pelo olhar de Jesus, cheio de ternura e de acolhimento. Não te censura, nada te aponta de negativo, nem te exige que faças isto ou aquilo. Somente olha para ti e te aceita tal como és. Respira fundo e deixa-te invadir por esse acolhimento incondicional.
4. Ao sair de casa, pára um instante e pede aos teus olhos que se deixem contagiar pela forma de olhar de Jesus. Depois, na rua ou no teu meio de transporte habitual, procura olhar para toda a gente como Jesus o faria. Observa cada rosto, procurando adivinhar o que se esconde por detrás dessas expressões de cansaço, de indiferença, de preocupação, de serenidade… Deixa brotar em ti a compaixão, a proximidade, a súplica de Jesus por eles.
5. No domingo, procura «estrear» a Eucaristia, olha-a com novos olhos, limpos de rotina e de monotonia. Chega uns minutos antes e observa a chegada das pessoas: olha para elas e dá-lhes interiormente as boas-vindas. Descobre o interior do templo: a mesa do altar que te convida, a luz acesa que nos lembra a presença viva do Ressuscitado, o pão e o vinho, memória da sua vida entregue e do seu sangue derramado. Presta atenção aos sinais e aos gestos que fazemos durante a celebração, não os faças de forma mecânica, mas deixa-os surgir do fundo do teu ser…
E o que fores vendo e aprendendo a olhar, o que for entrando na tua experiência de crente e de orante, talvez te ajude a escrevê-lo dentro em breve num «caderno de oração» que irá sendo uma testemunha secreta da história da tua amizade com Deus.
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