A Unificação da Ordem em 1875

A Unificação da Ordem em 1875

9/07/2015
(Communicationes) – Pe. Óscar Aparicio
– Em 12/02/1875 o Papa Pio IX decretou
a unificação de todos os Carmelitas Descalços, já que existiam três Congregações
– a Espanhola, a Italiana e a Portuguesa – sob uma só Ordem regida pelas Constituições
da chamada Congregação Italiana. Tal documento tem por título
Lectissimas Christi Turmas, que são as
primeiras palavras com as quais o escrito pontifício começa.
Trata-se de um
dos documentos mais importantes da história de nossa Ordem. A divisão em várias
Congregações dentro de uma mesma Ordem não é algo muito comum. Entre os
Carmelitas Descalços se deu, sobretudo, pela ingerência da monarquia hispânica
no governo interno da Ordem.
O monarca
espanhol – primeiramente Felipe II, seguido por  seus sucessores – não queria que uma Ordem
nascida em solo hispânico ultrapassasse os limites das possessões ibéricas,
correndo o risco de ser “contaminada” pelas ideias  protestantes que pululavam na Europa.
Tendo conhecido
os Carmelitas Descalços, o Papa quis tê-los a seu lado. Foi assim que, com
poucos frades e apenas dois conventos – Gênova e La Scala –, o Papa criou a
Congregação Italiana dos Carmelitas Descalços no ano de 1600.
A Congregação
Portuguesa constituiu-se depois que o reino de Portugal tornou-se independente
da monarquia espanhola e, depois de muitas vicissitudes, foi criada em 1773 a
terceira das Congregações em que foi dividida a Ordem.
A união das
Congregações deveu-se principalmente ao fato de que os Carmelitas espanhóis,
após a exclaustração de 1835-1836, eram poucos e idosos. Mesmo por parte de
alguns deles – Padre Maldonado, principalmente – houve uma tenaz oposição à união.
Os próprios Descalços italianos estavam um pouco pesarosos pela reação negativa
dos poucos Descalços espanhóis. Será o Papa Pio IX quem ordenará a unificação
de ambas as Congregações. Nada se fala a respeito da Congregação Portuguesa,
que nessa época já havia desaparecido.

A palavra para
definir esse acontecimento é mais problemática. Alguns autores falam de unificação,
outros de fusão e há até aqueles que empregam o vocábulo absorção. Há um pouco
de tudo, já que o objetivo fundamental do documento pontifício é unir todos os Carmelitas
em uma só Ordem – como, a bem da verdade, conseguiu fazer – segundo as Constituições
italianas; por isso, pode-se falar, em nível jurídico, de absorção.

O importante é
que, a partir de 1875, todos os Carmelitas Descalços estarão unidos em uma só
Ordem. Também em nível documental isso terá uma importante consequência: só
existirá um Arquivo Geral em Roma.

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