A MISSÃO DOS LEIGOS E A PEQUENA VIA DE SANTA TERESINHA

A MISSÃO DOS LEIGOS E A PEQUENA VIA DE SANTA TERESINHA

(Artigo publicado no periódico Viver de Amor – Santa Teresinha em Ação, da Paróquia Santa Teresinha, em Higienópolis – São Paulo-SP – Ano 18 – Número 212)

A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil instituiu o Ano Nacional do Laicato de
26/11/2017 a 25/11/2018 sob a luz do pedido do Papa Francisco de
fazer crescer “a consciência da identidade e da missão dos leigos
na Igreja”.

O Ano do Laicato
comemora os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os leigos (1987) e da
Exortação Apostólica 
Christifideles
Laici
,
de São João Paulo II, sobre a vocação e missão dos leigos na
Igreja e no mundo (1988) e tem como eixo central a presença e a
atuação dos cristãos leigos como “ramos, sal, luz e fermento”
na Igreja e na sociedade (CNBB 105, 275 “i”).

Desde o Concílio do
Vaticano II a Igreja vem afirmando e reafirmando a dignidade e a
missão fundamental dos leigos como sujeitos eclesiais, ou seja,
protagonistas em sua ação evangelizadora, uma vez que, como
batizados, não apenas estão na Igreja, mas são Igreja, fazendo
parte do Corpo Místico de Cristo juntamente com os demais sujeitos
eclesiais (religiosos, diáconos, presbíteros e bispos), sendo
portanto participantes do múnus sacerdotal, profético e real de
Cristo, assumindo na Igreja e no mundo a parte que lhes toca naquilo
que é a missão de todo o povo de Deus.
1
Assim, todo cristão
tem uma função como membro do Corpo Místico de Cristo e cabe a
nós, como leigos, atendendo ao apelo do Ano Nacional do Laicato,
tomarmos consciência de nosso identidade e assumirmos com amor a
nossa missão.

São João Paulo II
disse que Santa Teresinha foi iluminada de maneira particular sobre a
realidade do Corpo místico de Cristo, sobre a variedade dos seus
carismas, dons do Espírito Santo, sobre a força eminente da
caridade, que é como que o próprio coração da Igreja, na qual ela
encontrou a sua vocação de contemplativa e de missionária (cf.
Manuscrito B, 2 r – 3 v).
2
O Catecismo da
Igreja Católica, citando Santa Teresinha, explica que é o amor que
faz agir todos os membros do Corpo Místico e que é ele que nos
conduz à santidade:

826. A caridade é a
alma da santidade à qual todos são chamados: «É ela que dirige
todos os meios de santificação, lhes dá alma e os conduz ao seu
fim»(302): «Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo composto de
diferentes membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não
lhe faltava: compreendi que a igreja tinha um coração, e que esse
coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia
agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos
já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a
derramar o seu sangue… Compreendi que o Amor encerra todas as
vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e lugares
… numa palavra, que ele é Eterno» (303).
3

A missão do leigo,
de fato, não é nada fácil, como não é a missão de nenhum
cristão. Entretanto, temos Santa Teresinha como modelo e a sua
doutrina é um valioso suporte para bem cumprirmos o nosso chamado. A
sua mensagem, muitas vezes sintetizada na chamada «pequena via»,
não é senão a via evangélica da santidade para todos.
4
A doutrina de Santa
Teresinha, pela sua reconhecida sabedoria, rendeu-lhe o título de
Doutora da Igreja. Esta jovem Carmelita, de fato, sem uma especial
preparação teológica, mas iluminada pela luz do Evangelho,
sente-se instruída pelo Mestre divino que, como ela diz, é «o
Doutor dos Doutores» 5 (Manuscrito A, 83 v), do qual haure os
«ensinamentos divinos» (Manuscrito B, 1 r). Sente que se realizaram
nela as palavras da Escritura: «Se alguém é pequeno venha a
Mim…; a misericórdia é concedida aos pequenos» (Manuscrito B, 1
v; cf. Pr 9, 4 e Sb 6, 6) e sabe que foi instruída na ciência do
amor, escondida aos sábios e aos entendidos, que o divino Mestre Se
dignou revelar-lhe, como aos pequeninos (Manuscrito A, 49 r; cf. Lc
10, 21-22).
5
O núcleo da
mensagem de Santa Teresinha é portanto o próprio mistério de Deus
Amor, de Deus Trindade, infinitamente perfeito em Si mesmo. Ela fez a
experiência da revelação divina, chegando a contemplar as
realidades fundamentais da nossa fé, unidas no mistério da vida
trinitária. No ápice, como fonte e termo, o amor misericordioso das
três Pessoas divinas, como ela o exprime, especialmente no seu Ato
de oferta ao Amor misericordioso. Na base, da parte do sujeito, está
a experiência de ser filho adotivo do Pai em Jesus: esse é o
sentido mais autêntico da infância espiritual, isto é, a
experiência da filiação divina sob a moção do Espírito Santo.
Na base ainda e diante de nós, está o próximo, os outros, para
cuja salvação devemos colaborar com e em Jesus, com o Seu mesmo
amor misericordioso. Mediante a infância espiritual experimenta-se
que tudo vem de Deus, a Ele retorna e n’Ele permanece, para a
salvação de todos, num mistério de amor misericordioso. Essa é a
mensagem doutrinal ensinada e vivida por esta Santa.
6
Dessa forma, a
exemplo de Santa Teresinha, devemos procurar buscar sempre ouvir e
realizar a vontade de Deus em nossas vidas, para assim sermos agentes
transformadores do mundo! Mesmo levando uma vida contemplativa na
clausura de seu mosteiro, ela foi proclamada padroeira das missões
pelo Papa Pio XI em 14 de dezembro de 1927, porque desejando
ardentemente ser missionária, cumpriu com fidelidade a missão a que
foi chamada, sendo missionária pela oração!

Como cristãos
leigos, devemos procurar sempre estar bem formados, conscientes de
nossa vocação e missão, atualizados com os documentos da Igreja,
para assim podermos enfrentar com mais segurança os desafios da
evangelização no mundo de hoje!

Fazendo com amor as
coisas ordinárias do dia a dia em nossa família, em nosso ambiente
de estudo e de trabalho e na sociedade, estaremos vivendo a “pequena
via” ensinada por Santa Teresinha. Se estivermos unidos a Deus,
unidos como Comunidade, Paróquia ou Diocese, e em unidade com a
Igreja, conseguiremos cumprir com fidelidade nossa missão e realizar
as Obras a que somos chamados!

Entretanto, devemos
sempre lembrar que não fazemos nada por nossas próprias forças,
mas somos instrumentos nas mãos de Deus que se utiliza de nós,
capacitando-nos e iluminando-nos mesmo na nossa fraqueza e miséria,
para que Sua Graça se manifeste em nós e através de nós! “O
elevador que deve elevar-me até o Céu”, dizia Teresinha, “são
vossos braços, ó Jesus” (Manuscrito B, 3v).

Queremos vivenciar o
Ano Nacional do Laicato de forma consciente e comprometida,
correspondendo aos objetivos propostos pela CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) e pelo CNLB (Conselho Nacional do
Laicato do Brasil)!

Que neste Ano
Nacional do Laicato Santa Teresinha e todos os santos do Carmelo
intercedam por cada um de nós, cristãos leigos, para que possamos
enriquecer a Igreja e a sociedade com a nossa secularidade e assim
cumprir nossa missão de ser sal e luz no mundo!

Luciano
Dídimo, ocds

1
Catecismo da Igreja Católica, 873
2
Carta Apostólica «Divini Amoris Scientia» de João Paulo II, 8
3
Catecismo da Igreja Católica, 826
4
Carta Apostólica «Divini Amoris Scientia» de João Paulo II, 2
5
Carta Apostólica «Divini Amoris Scientia» de João Paulo II, 7
6
Carta Apostólica «Divini Amoris Scientia» de João Paulo II, 6
Inscrições: www.santateresinha.webnode.com

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