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ORDEM DOS CARMELITAS DESCALÇOS SECULARES – OCDS
 
Uma vez que os Carmelitas Descalços foram declarados como Ordem independente dos Calçados, tiveram que começar, em muitas ocasiões e lugares, a construir novos conventos que geralmente se levantaram em lugares onde já os tinham levantado os Calçados, os quais desde épocas anteriores vinham atendendo à então chamada Ordem Terceira. Os Descalços, com o propósito de evitar diferenças e confusões, não erigiam a Ordem Terceira em lugares onde já a tivessem erigido os Calçados, porque também o Direito Canônico (C 711) proibia erigir no mesmo lugar dos confrades de mesmo nome e parece que este mesmo critério se aplicava às Ordens Terceiras.
 
Em 1708, na França, se encontrou um livro da V.O.T. do Carmelo Descalço que, se não é o primeiro que se escreveu, é o primeiro que utiliza o título de Santa Teresa para distingui-la dos Carmelitas Calçados. Sua origem deve ser italiana, porque na Espanha não houve Ordem Terceira alguma dos Carmelitas Descalços, senão até o ano de 1775.
 
A primeira fundação da Ordem Terceira dos Carmelitas Descalços que se comprova com documentos, é a da Fraternidade “São João Evangelista”, estabelecida na Igreja do Carmo da cidade de Toluca , no México. O Padre Geral, Frei Pablo de La Concepción , com o consentimento do Definitório, autorizou o estabelecimento da Ordem Terceira dos Carmelitas Descalços em Toluca, em 02 de março de 1731 (segundo o livro da fundação). Poucos anos mais tarde, em 02 de junho de 1737, se estabeleceu solenemente a fraternidade. A Congregação da Espanha a autorizou em atenção ao fato de que não havia Carmelitas Calçados em Toluca. Estas são as razões pelas quais se considera esta fraternidade a primeira da Ordem Terceira dos Carmelitas Descalços, canonicamente erigida.

 
Natureza da Ordem

 
A Ordem Carmelita Secular da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (historicamente conhecida como Ordem Terceira) é uma associação principalmente de pessoas leigas. Seus membros, respondendo a um chamado especial de Deus, se comprometem livremente e deliberadamente a viver no seguimento de Jesus Cristo, de acordo com as tradições e o espírito do Carmelo Teresiano.
 
A espiritualidade carmelitana acentua a pureza de coração e o esvaziamento do ego, de tal forma, que Deus possa ser nosso tudo. O Carmelita Secular é chamado a buscar a Deus, nas circunstâncias normais da vida cotidiana, levando amor, flor brotada das raízes do Carmelo, a todos, como os quais convive, ou trabalha.
 
Os membros da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços pertencem plenamente à família carmelitana, são filhos da mesma Ordem, na comunhão fraterna dos mesmos bens espirituais e na participação da mesma vocação de santidade e da mesma missão da Igreja, que é de viver a mensagem do Evangelho e levar Jesus Cristo a outras pessoas.
 
Um padre diocesano pode ser admitido na Ordem Carmelita Descalça Secular, adaptando seu estado de vida, com a espiritualidade carmelitana.
 
O membro da Ordem Carmelita Secular será chamado de: “Carmelita Secular”.
 
A comunidade formada pelos seus membros chamar-se-á, por exemplo: “Comunidade Santa Teresa de Jesus”, ou “Comunidade Rainha do Carmelo”, etc.

 
Propósito da Ordem

 
A proposta da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços é oferecer ao leigo um ambiente em fraternidade, onde se viva o Evangelho e a espiritualidade carmelitana de buscar o Senhor em oração contemplativa, numa comunhão de fé, esperança e amor; e num espírito de serviço para Deus e à humanidade.
 
A família carmelitana é inspirada nas vidas da Bem-Aventurada Virgem Maria e do profeta Santo Elias. Maria é nossa Rainha, Mãe e Irmã. Uma comprovação da influência de Maria em nossas vidas é determinada pela declaração “Carmelus totus marianus est” (o Carmelo é eminentemente Mariano). Nela, nós achamos o modelo de tudo aquilo que desejamos e esperamos ser.
 
Elias é o profeta do Monte Carmelo e nosso pai na fé. Com um desejo ardente voltado para o Deus vivo e verdadeiro, ele passou a vida inteira a testemunhar a presença de Iahweh no mundo.
 
Este modo de viver o Evangelho deve ser buscado pelo Carmelita Secular, numa vida de oração contemplativa e numa comunhão permanente com os irmãos. Em resumo, vivendo verdadeiramente o amor. Este amor foi alegremente declarado por Santa Teresinha do Menino Jesus, quando descobriu sua vocação, exclamando: “ó Jesus, meu amor… minha vocação, afinal eu a encontrei… minha vocação é o amor !”.

 
O Chamado à Oração

 
O desafio do Carmelita Secular é buscar a presença de Deus na oração, mesmo tendo uma vida ativa e ocupada no meio do mundo. Esta era a situação enfrentada pelos primeiros eremitas Carmelitas que migraram para a Europa. Estes homens viviam uma vida de oração na solidão e foram chamados para ser envolvidos em um ministério ativo. Oração e serviço são os companheiros mútuos de acordo com nossas tradições. A oração desenvolve de forma concreta uma fé que alcança generosamente os que estão ao nosso redor, enquanto este envolvimento com os outros gera frutos de amadurecimento e crescimento na oração. É uma tentativa de viver esta vida de oração no mundo agitado de hoje. Esta é a forma como a Igreja tem agido durante séculos.
 
Os Sacramentos da Igreja devem estar no centro do coração de um Carmelita Secular.
 
A Liturgia das Horas santifica o nosso dia e nos une à oração da Igreja. O leigo Carmelita deve ser fiel à oração litúrgica e às devoções marianas, especialmente o terço diário. Se possível, a Missa diária, como forma mais perfeita de crescimento espiritual.
 
Nos momentos livres de nossa vida diária, somos chamados pela Regra Carmelita a ler e escutar a Palavra de Deus, no intuito de edificar e trazer quietude ao nosso coração. Esta quietude e reflexão da Sagrada Escritura nos conduzem a uma oração contemplativa, aos moldes de Maria, nossa Mãe, que “guardava todas estas coisas e refletia em seu coração (Lc 2,19)”.
 
Através destes esforços, as Comunidades de Carmelitas Seculares tornar-se-ão modelos de comunidades orantes, dentro da Igreja.

 
Um Chamado para a Comunidade

 
A Ordem Carmelita oferece aos membros da Ordem Secular os meios necessários à vivência do Evangelho e a fidelidade aos compromissos assumidos no Batismo. Este chamado para a comunidade é evidenciado profundamente na Regra de Vida do Carmelo, escrita por Santo Alberto de Jerusalém, capítulos 7 a 11, que determina que os carmelitas vivam em comunidade, celebrem juntos a Eucaristia, freqüentemente se encontrem para encorajar um ao outro, tenham sempre um espírito de pobre e encontrem na oração contemplativa o caminho de um encontro profundo com o Senhor. Os membros da Ordem Secular devem dar testemunho de cristãos, sendo “um só coração e uma só mente, vivendo em comum, na partilha do pão e da oração (Atos 2, 42-47; 4, 32)”.
 
Este relacionamento mútuo de amor, no entanto, difícil de alcançar, fortalece os corações dos membros, num espírito de cooperação amorosa e ativa, para estabelecer o Reino de Deus, em um mundo freqüentemente secularizado e hostil. Este espírito de amor não deve se estender somente aos Carmelitas, mas a todos e, principalmente, aos pobres e marginalizados, num esforço de se estabelecer a paz e justiça neste mundo injusto e sem paz.
 
Viver como membro de uma Comunidade Carmelita, implica também, não negligenciar nos deveres; de acordo com seu estado de vida, pessoa casada ou solteira.
 
As Comunidades de Carmelitas Descalços Seculares devem ser testemunhas na comunidade, dentro da Igreja e no mundo.
 
 
O Chamado para o Ministério

 
Os Carmelitas Seculares, como todas as pessoas batizadas, são chamados a se envolver profundamente na missão da Igreja. Submersos no mundo como eles estão, deverão refletir um espírito cristão, nas suas famílias, no ambiente de trabalho, nas responsabilidades sociais, nas relações com outros e em todos os momentos do dia.
 
Eles encontrarão na pessoa de Elias inspiração e testemunho. Foi ele quem disse: “Eu me consumo de ardente zelo por Iahweh dos Exércitos” (I Reis 19, 10). Em luta com os falsos profetas de seu tempo, Elias proclamou o Reino de Deus e trabalhou arduamente para seu estabelecimento. Um Carmelita Secular no mesmo espírito de Elias é chamado a criticar os valores, ações, sistemas e metas que são hostis ao Evangelho.
 
Nossa Mãe Maria, é também um maravilhoso exemplo de Ministério, caminhando com Jesus em todos os momentos da sua vida, até mesmo ao pé da cruz.
 
O Ministério em nossos dias envolve um sacrifício de tempo, talento e dedicação por parte do indivíduo. Um Carmelita Secular aceita o sofrimento e estima o convite do Senhor de renunciar a si mesmo e levar sua cruz diariamente no seguimento do Senhor (Mc 8, 34).
 
Qualquer ministério exercido individualmente, ou pela comunidade, deve fluir de nossa herança Carmelita e deve provocar a santificação de nossas famílias, do nosso trabalho e da sociedade. Ou seja, os ministérios devem ser integrados com as outras áreas da vida de um Carmelita. Orar pelos outros é um ministério bastante válido, como é tão bem exemplificado e executado, na Ordem Carmelita Descalça, pelas monjas que vivem nas clausuras do mundo inteiro e sustentam o mundo com suas orações.
 
 
Devoção Mariana

 
Desde seu começo, toda a Família Carmelitana tem tido uma dedicação especial pela Santíssima Virgem Maria. Realmente, os Carmelitas, em todos os tempos, têm sido conhecidos como: “Irmãos e Irmãs de Nossa Senhora do Monte Carmelo”. Então, toda a Ordem Secular deverá honrar Nossa Senhora com especial amor e devoção. Ela é um modelo de tudo aquilo que nós desejamos e esperamos ser.
 
Os Carmelitas sempre se colocaram sob os cuidados maternos de Nossa Senhora, chamando-A de Mãe. A Ordem desfruta de Sua ajuda especial.
 
O Escapulário marrom é um sinal de sua proteção , é um símbolo também da vida interior da pessoa que tem devoção por Nossa Senhora .
 
 
A Ordem Carmelita Descalça Secular nos tempos atuais
 
 
A OCDS pertence ao “tronco” do Carmelo Descalço. Somos perfeita e plenamente unidos ao Frades Carmelitas Descalços e às Monjas Carmelitas Descalças. Cada uma desses grandes ramos, que na verdade formam uma única família, possui seu carisma próprio, seu “modo” de ser e de agir no mundo e na Igreja. Cada vez mais cresce no meio dos membros da OCDS a consciência de nossa grande responsabilidade eclesial, apostólica e missionária: sermos verdadeiros carmelitas, no espírito e carisma de Santa Teresa de Jesus e de São João da Cruz, porém vivendo inseridos no mundo secular, na sociedade.
 
Para isso devemos estar muito bem preparados. Não é fácil, em nosso mundo secularizado, que esqueceu valores humanos e espirituais básicos, sermos legítimos carmelitas. Temos que nos “encher” do Carmelo para vivermos o carisma carmelitano em nossas vidas e famílias e, depois, levarmos esse carisma para o mundo. Falei que não é fácil, porém, não é impossível. Através da oração, da leitura e vivência da Palavra de Deus, de nossa união com a Igreja (sua doutrina, ensinamentos, sacramentos e missão), com o Carmelo Descalço (seu carisma e apostolado) e por meio de um consciente e generoso “sim” à causa do Reino de Deus, é possível ser um verdadeiro carmelita vivendo no mundo.
 
Assim é a OCDS: uma sociedade de fiéis leigos que se apaixonaram por Cristo através dessa “ótica” ensinada por nossos santos e santas: sermos plenamente dEle, de corpo e alma, amando-O com um amor puro e desprendido, cheios de zelo por Sua glória e desejosos de que todos O amem como Ele merece ser amado.