
Liturgia – 01 de Abril -NUNO ÁLVARES PEREIRA
Liturgia das Horas: 1801-1028-1803
Oração das horas: 1523-802-1525
Leituras próprias: Ef 6,10-18b – Sl 111(112) – Lc 14,25-33
“Quem não renuncia a todos os seus haveres, não pode ser meu discípulo.”
Qualquer pessoa é colocada diante de um dilema, o de ir ao encontro de Jesus, rompendo com o passado e obtendo a vida eterna, ou recusando o testemunho dado por Jesus e como conseqüência a condenação.
São João da Cruz – 2S 12,6
“Se estais padecendo ou tristes, vede-o no Horto. Que aflição tão grande ia-lhe na alma, já que sendo todo paciência, chegou a confessá-la e a queixar-se dela.”
Santa Teresa de Jesus – C 26.5
Carta de Teresa de Jesus no dia 01
1570 – C.26 – Na Quaresma – A frei Antônio de Segura, Guardião dos Franciscanos Descalços (Alcantarianos) de Cadalso de los Vidrios – Queixa-se de que a tenha esquecido o Padre Guardião. Recomenda-lhe Frei Juan de Jesus, seu sobrinho.

No campo de Atoleiros os dois exércitos se defrontam. Nuno forma os seus, num quadrado cerrado e ponteado de lanças. Contra este se atira a cavalaria castelhana, e atrás dela a peonagem, sem conseguir varar a muralha que as lanças formam, enquanto de dentro chovem flechas e pedras. Aos poucos o ímpeto do invasor vai arrefecendo, e então o jovem capitão ordena o ataque. Abre-se o quadrado e dispara a cavalaria portuguesa, animada por D. Nuno, que se atira sobre os castelhanos até desbaratá-los completamente. Para agradecer à Mãe de Deus a vitória, Nuno vai, em peregrinação, ao santuário de Nossa Senhora de Assumar e encontra-o profanado, transformado em estrebaria. Com suas próprias mãos ele o limpa e o entrega novamente ao culto. A vitória de Atoleiros desanima os invasores, que levantam o cerco de Lisboa e se retiram de Portugal. Novamente Castela invade Portugal, agora pelo norte. São 30 mil homens contra os 8 mil de que dispõe D. João I. O conselho real recomenda não dar combate. Colérico, Nuno abandona a corte, até obter do Rei a permissão de ir ao encontro do invasor. Nos campos de Aljubarrota vai se travar a batalha decisiva para a soberania de Portugal. É o dia 14 de agosto, vigília da Assunção. O Bem-aventurado forma seus homens numa garganta estreita, oferecendo assim pequena frente ao ataque. Ao meio-dia surge o exército inimigo, tendo a flor da nobreza e o próprio Rei D. João. Só às seis horas os gritos de guerra cortam o ar, e a cavalaria castelhana arremete em disparada contra a muralha formada pelos portugueses. Estes resistem firmes sob o comando do Condestável. Nova carga, e a ala esquerda começa a ceder. Nuno voa para lá, reanima os soldados e recupera a posição. Entrechocam-se as lanças, saltam os cavalos, bradam os guerreiros, clamam os feridos, e no fragor da batalha os espanhóis começam a recuar. Neste momento, novamente o Condestável ordena o ataque. Abrem-se as fileiras, e ele rompe à frente dos cavaleiros sobre o inimigo, que não mais lhes resiste. Aos poucos o recuo vai se transformando em fuga desabalada, enquanto os portugueses gritam vitória pelos campos, que o sol do crepúsculo ilumina docemente. Em menos de uma hora fora ganha a batalha decisiva. Aproveitando o ímpeto vencedor, Nuno atravessa a fronteira e invade Castela, em busca do exército que ele quer desbaratar completamente. Conquista facilmente Parra, Zafra, Fuente del Maestre, Usagre e Vila Garcia. Por fim oferecem-lhe combate em Valverde. Forma seu quadrado clássico, mas ao invés de esperar na defensiva, investe em bloco contra os outeiros em que se entrincheiram os inimigos. Ao contrário das anteriores, a batalha é longa, já dura dois dias. Dois dos outeiros são conquistados, o terceiro resiste firme. Neste momento o Condestável desaparece. Desconcertados, seus cavaleiros o procuram. Teria morrido? Afinal Ruy Gonçalves encontra-o atrás de umas pedras, rezando. Pede, insiste que venha logo, que os portugueses vão ser dispersados. “Ainda não é o momento — responde D. Nuno — deixai-me terminar de orar”. E permanece longo tempo ainda em oração. Depois levanta-se, o rosto iluminado, os olhos brilhantes. Monta a cavalo e se atira como uma flecha no meio dos inimigos, abre caminho impetuosamente, e sem que o consigam deter, atinge a bandeira do Mestre de Santiago, comandante castelhano. Atrás dele os portugueses, eletrizados pela sua audácia, irrompem igualmente por entre os adversários. Atônitos, estes debandam sem esboçar mais qualquer resistência. A vitória de Valverde consolidou, definitivamente, a independência de Portugal. Nos anos que se sucederam, D. Nuno ocupou-se em reorganizar de forma estável e definitiva o exército português. Fez edificar várias igrejas em honra da Virgem, sendo a mais importante a de Nossa Senhora do Vencimento, em Lisboa. Foi nesta igreja, confiada aos padres carmelitas, que ele se apresentou em 1423 pedindo para ser admitido como irmão donato na Ordem. E como o Superior, Padre Afonso da Alfama, insistisse em recebê-lo ao menos como irmão leigo, numa posição um pouco menos desconforme à sua dignidade, respondeu: “Vim à Religião para me empregar nos humildes ministérios dos que professam a vida ativa, e não quero outro hábito que o dos serventes.”
A 15 de agosto de 1423, 38º aniversário da batalha de Aljubarrota, D. Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal, professou votos solenes perante a comunidade dos frades, o Rei, a família real e toda a corte. Recebendo o hábito carmelita, passou a se chamar simplesmente Frei Nuno de Santa Maria.
Nos anos que passou no convento, sua pureza imaculada, seu amor à oração, sua devoção ao Santíssimo Sacramento, a dureza com que mortificava seu corpo inocente, e sobretudo sua caridade, empenhada em servir aos pobres com a mesma dedicação com que antes combatia os inimigos, tornaram-no querido por toda a população de Lisboa.A vida religiosa em nada abateu seu ânimo guerreiro. Visitado pelo embaixador castelhano, este perguntou-lhe se haveria alguma coisa que o levasse novamente a pegar em armas, ao que o Bem-aventurado respondeu: “Se o Rei de Castela outra vez mover guerra contra Portugal, enquanto não estiver sepultado servirei juntamente à Religião que professo e à Pátria que me deu o ser”. Afastando em seguida o escapulário, abriu o hábito e mostrou por baixo deste a couraça de cavaleiro. Quando se preparava nova expedição militar a Ceuta, que não chegou a se concretizar, Frei Nuno dispôs-se a participar desse que prometia ser um duro feito de armas. Alguns frades chamaram-lhe a atenção, dizendo que aos 70 anos já não teria mais o vigor de um jovem cavaleiro. O venerável ancião tomou de uma lança e violentamente arremessou-a, do alto da colina em que estava, noutra em frente: a arma cravou-se a fundo numa árvore e ali ficou vibrando. Ante a surpresa dos assistentes, disse calmamente: “Em África a poderei meter, se for ainda necessário que eu exponha a vida em perigos, em honra da Pátria ou em defesa da Religião”. Daí se originou o dito “meter uma lança em África” significando praticar feito valoroso.
Oito anos viveu Frei Nuno no Carmo. No dia em que se assinava a paz definitiva entre Castela e Portugal, paz que ele conquistara com seu rijo ânimo e sua rija espada, teve um ataque repentino de febre. Sentindo próximo o fim, comungou pela última vez, renovou os votos, renunciou novamente a todos os seus bens e pediu apenas como esmola “uma mortalha e uma cova para o corpo”. Recebeu a visita do Rei, que chorando o abraçou afetuosamente.
No dia 1º de novembro de 1431, festa de Todos os Santos, Nuno recebeu o Extrema Unção. Pediu, num último murmúrio, que lhe lessem a Paixão segundo S. João. Durante a leitura, entrou em agonia. E no momento em que se pronunciavam as palavras de Nosso Senhor a Maria Santíssima. — “Ecce filius tuus” — cerrou docemente os olhos.
Fonte: heróis medievais.blogspot.com