
Liturgia – 25 de abril – SÃO MARCOS, EVANGELISTA
Cor litúrgica: Vermelho
Ofício festivo próprio
Laudes: Liturgia das Horas: 482-1185-619
Oração das Horas: 460-932-510
I Vésperas: Liturgia das Horas: 481-1193-622
Oração das Horas: 459-941-512
Leituras: At 6,1-7 – Sl 32(33) – Jo 6,16-21
“Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura.”
É preciso hoje falar novas línguas, ou seja, a Igreja é chamada a se entender com o mundo moderno, com a cultura tecnológica, com os variados modos de viver e pensar dos novos tempos.
“Fale de maneira que ninguém se ofenda e sobre coisas que todos possam vir a saber.”
São João da Cruz – D 150
“… ouvindo aquela língua divina, em quem parecia que falava o Espírito Santo, deu-me grande arroubamento.”
Santa Teresa de Jesus – V 34,17
Festa de São Marcos, Evangelista.
São Marcos, ou João Marcos hebreu de origem, da tribo de Levi, foi um dos primeiros discípulos de São Pedro, que na festa de Pentecostes receberam o santo Batismo das mãos do Apóstolo, razão talvez, de Pedro em sua primeira epístola o chamar “seu filho” (1Pe 5, 13). Os atos dos Apóstolos (12, 12) mencionam a mãe de Marcos, Maria, proprietária de uma casa em Jerusalém, onde os fiéis realizavam suas reuniões. Autores há, que em Marcos reconhecem o parente de Barnabé, e quem, bem moço ainda, com este e São Paulo se associou na primeira viagem apostólica e, terminada esta, por desinteligências que entre eles surgiram, para Jerusalém voltou. Na segunda viagem paulina não o vemos ao lado do apóstolo (At. 15, 3). Mais tarde, porém, foi companheiro de São Paulo na primeira prisão do mesmo em Roma (Fm 4); pelo mesmo apóstolo foi mandado aos Colossenses (Cl 4, 10). Pela segunda vez preso em Roma, Paulo o chamou para junto de si (2 Tm 4,11). Seu apostolado é intimamente ligado também ao de São Paulo, em Roma, onde desenvolveu um zelo e atividade apostólicos tais, que seu Chefe desejou tê-lo sempre em sua companhia.
Em Roma teve Marcos o prazer de ver os belos frutos, que a pregação do príncipe dos Apóstolos produzira, crescendo dia por dia o número dos que pediam o santo Batismo. Durante sua ausência, São Pedro confiou a Marcos a vigilância sobre a jovem Igreja. Atendendo ao insistente pedido dos primeiros fiéis de Roma, de deixar-lhes um documento escrito, que contivesse tudo que da sua e da boca de Pedro ouviram da vida, da doutrina, dos milagres e da morte de Jesus Cristo. Marcos escreveu o Evangelho que lhe traz o nome, dos quatro Evangelhos o mais curto e por assim dizer, o mais incompleto; não contém a história da Infância de Cristo, nem o sermão da montanha. São Pedro leu-o, aprovou-o e recomendou que dele fizessem a leitura.
Depois de ter passado alguns anos em Roma, Marcos pregou o Evangelho na ilha de Chipre, no Egito e nos países vizinhos. As conversões produzidas por esta pregação contavam-se aos milhares. Milhares de ídolos ruíram por terra, e nos lugares dos templos se ergueram igrejas cristãs. O Egito, antes um país entregue à mais crassa idolatria, tornou-se teatro da mais alta perfeição cristã e refúgio de muitos eremitas. Marcos trabalhou 19 anos em Alexandria, onde a Igreja chegou a um estado de extraordinário esplendor. Não satisfeitos com a observância de tudo aquilo que o Evangelho apresentava como indispensável, muitos cristãos observavam do modo mais perfeito os conselhos evangélicos, abstendo-se, a exemplo do mestre, do uso da carne e do vinho e distribuindo os bens entre os pobres. Inúmeros eram aqueles que viviam em perfeita castidade. O número dos cristãos cresceu de tal maneira, que para todos terem ocasião de assistir ao santo sacrifício da Missa e à pregação, foi necessário destacar um número de casas bem grande onde se pudessem reunir.
Tão grande prosperidade da causa do Senhor não podia deixar de inquietar e irritar os sacerdotes pagãos contra o grande Apóstolo. Marcos, sabendo que os inimigos seus e de Cristo estavam conspirando contra sua vida, e, rezando uma generalização da perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a força de perseverar na fé, deu à Igreja de Alexandria um novo bispo, na pessoa de Aniano, e ausentou-se da cidade. Dois anos durou essa ausência. Ao voltar, havia uma grande festa, que os pagãos celebravam em honra do deus Serapis. A maior homenagem que podiam render à divindade, havia de ser — assim opinavam os idólatras — a oferta da vida do Galileu: por este nome era conhecido o grande evangelista. Imediatamente se puseram a caminho em busca de Marcos. A eles se uniu o populacho. Descobrir-lhe o paradeiro e penetrar na casa que o hospedava, foi obra de minutos. Marcos estava celebrando os santos mistérios, quando a horda sequiosa do seu sangue, entrou. Prenderam-no e, com escolhida brutalidade, conduziram-no pelas ruas da cidade. O trajeto todo ficou marcado pelo sangue do Mártir. Marcos nenhuma resistência fez; ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido achado digno de sofrer pelo nome de Cristo. Na noite seguinte apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos, Servo de Deus, teu nome está escrita no livro da vida, e tua memória jamais se apagará. Os Arcanjos receberão em paz teu espírito”. Além desta, teve a aparição de Deus Nosso Senhor, da maneira porque muitas vezes o tinha visto durante a vida mortal e disse-lhe: “Marcos, a paz seja contigo”. Estas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do Mártir de grande consolo e ânimo. O dia seguinte, 25 de abril, foi o dia do martírio. Os pagãos maltrataram-no de um modo tal que morreu no meio das crueldades. As últimas palavras que proferiu foram: “Em vossas mãos encomendo o meu espírito”.
Os pagãos quiseram incinerar-lhe o corpo. Uma fortíssima tempestade, que sobreveio, frustrou-lhes os planos e forneceu aos cristãos ocasião de tirar o corpo e dar lhe honesta sepultura, numa rocha em Bucoles. Em 815 foram as relíquias de São Marcos transportadas para Veneza, onde ainda se acham. O leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas palavras: “Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.