Intimidade Divina – 03/10/10

Intimidade Divina – 03/10/10

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Senhor, aumenta-nos a fé (Lc 17,5)
A Liturgia do dia está inteiramente centrada no tema da fé. O profeta Habacuc (1.2-3; 2.2-4) lamenta-se diante de Deus da situação desolada de seu povo. No interior, iniquidade, porque Israel é infiel a seu Deus; e no exterior, prepotência e violência, porque o país está submetido à ação devastadora dos inimigos – instrumentos da justiça divina para castigo dos judeus – porém, não menos pecadores que estes. E o escândalo do triunfo do mal que parece destruir o bem e envolver em sua ruína também os bons. Finalmente responde Deus a seu profeta com uma visão que quer seja escrita com toda a clareza, para ensinamento dos que hão de vir depois. Antes de tudo, exorta Deus à constância, porque justiça será feita, mas a seu tempo: “Se tardar, espera-a, porque há de chegar sem dúvida alguma”… E eis como: “Sucumbe quem não tem a alma reta, enquanto que o justo viverá pela sua fé” (ibidem, 3-4). É esta doutrina tanto para o israelita como para o cristão, para os fiéis de todos os tempos. É válida em qualquer circunstância da vida dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Ainda quando tudo sucede como se Deus não existisse ou não o visse, precisamos permanecer firmes na fé. Não pode Deus tardar em intervir, e intervirá certamente em favor dos que creem nele e nele confiam. “Deus colabora em todas as coisas para o bem dos que o amam” (Rm 8,28).
A 2.ª leitura (2Tm 1.6-8. 13-14) desenvolve um outro aspecto da fé: como testemunho corajoso de Cristo e do Evangelho. Escreve S. Paulo a Timóteo: “Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, prisioneiro por seu amor. Mas suporta comigo os sofrimentos pelo Evangelho, confiando no poder de Deus” (ibidem, 8). O intrépido Apóstolo, que havia enfrentado lutas e inúmeros riscos pela fé e tinha a glória de ser prisioneiro por Cristo, podia com todo o direito, exortar seu discípulo a sofrer como ele pelo Evangelho. O cristão que não estiver disposto a sofrer algo pela sua fé não poderá resistir aos assaltos dos inimigos. É humano que em certas circunstâncias surjam a timidez ou o medo, porém serão vencidos pela “força de Deus” e “com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós” (ibidem, 8.14). O Espírito, com efeito, foi dado aos fiéis para sustentá-los em suas fraquezas (Rm 8,26) e dar-lhes força de confessar o nome do Senhor (1Cor 12,3).
Após estas reflexões vem, espontânea, a oração que se lê no Evangelho do dia: “Senhor, aumentai-nos a fé!” (Lc 17, 5-10). Para crer sem titubear, para permanecer fiéis a Deus nas adversidades ou nas lutas contra a fé, precisamos de uma fé sólida, robusta, como sé Deus pode dar. Aos Apóstolos que lha pediam disse Jesus: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te e lança-te no mar’, e ela vos obedeceria” (ibidem, 6). Linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus não pede muito, pede um pouquinho de fé como um pequeníssimo grão de mostarda, muito menor que uma cabeça de alfinete. Se for, porém, fé sincera, viva, convicta, será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis sob o ponto de vista humano. Quer Jesus educar seus discípulos numa fé sem incertezas ou hesitações, fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, tudo ousa, e persevera invencível ainda nas situações mais ásperas e obscuras.
Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D.

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