4o DOMINGO DA QUARESMA
ASSIM TAMBÉM SERÁ LEVANTADO O FILHO DO HOMEM
“Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único, para todo aquele que nele crer, tenha vida eterna”. (Jo 3,16)
Hoje é o domingo lactare, isto é, o domingo da alegria. Estamos já vivendo um preludio, um vislumbre, da Páscoa que irá chegar.
A liturgia de hoje nos traz o motivo da nossa alegria: Deus nos ama!
Na primeira leitura temos um pequeno resumo da história de Israel com seu Deus. Ela nos ajuda a compreender a história da relação de Deus com seu povo eleito. Vejamos em 2Cr 36,14-16.19-23)
Leitura do Segundo Livro das Crônicas:
“Naqueles dias, 14 todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as práticas abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém.” – Israel foi o povo escolhido por Deus, amado por Deus. Deus os tirou do Egito, lhes deu o maná no deserto, deu os 10 mandamentos no Monte Sinai, fez sair água da rocha para que Israel não morresse de sede, deu carne de codornices para não morrerem, expulsou os povos cananeus da terra santa e deu a Israel tudo isso como sinal de amor. E Depois Deus disse: eu sou o vosso Deus! E vós sois o meu povo! Vós sois uma raça escolhida, um Sacerdócio Real, uma Nação Santa. Isso é uma glória mas trás responsabilidades, porque Israel não poderia esquecer do seu Deus, não poderia adorar a outros deuses, não poderia ter um vida pagã, ter uma vida relaxada moralmente. Israel deveria viver só para o seu Deus, mas Israel foi infiel e se profana. Na Igreja nós somos o povo santo que não pode profanar-se com esse mundo. Somos um povo consagrado – quer dizer: sagrados para Deus. É uma glória e uma responsabilidade. Mas vejam os pecados de Irsael: esquecimento de Deus, idolatria, miséria, ganância, imoralidade! E vejam a resposta de Deus a tudo isso na sequência da leitura:
15 “Ora, o Senhor Deus de seus pais dirigia-lhes frequentemente a palavra por meio de seus mensageiros, admoestando-os com solicitude todos os dias, porque tinha compaixão do seu povo e da sua própria casa.”
Aqui está o sentido maior das leituras de hoje: nossa alegria porque Deus nos ama. Deus envia seus mensageiros e os corrige com amor! Um pai que tem compaixão do seu povo. Mas, vejam a resposta do povo:
16 “Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio”.
Aqui vamos lembrar da parábola dos vinhateiros homicidas e o dono da vinha! O dono da vinha é Deus, os vinhateiros, os profetas. Eles espancaram , zombaram, mataram os vinhateiros. Não houve um profeta em Israel que não sofresse e que fosse bem recebido. Eram caluniados, ameaçados, mortos. Isaías foi cortado ao meio, Jeremias ficou numa cisterna a pão e água.
Vejamos consequências disso na sequência da leitura:
19 “Os inimigos incendiaram a casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém, atearam fogo a todas as construções fortificadas e destruíram tudo o que havia de precioso.
Deus vai corrigindo o seu povo e vai purificando a Igreja. Ele nos corrige constantemente e muitas vezes Ele nos purifica pela dificuldades, sofrimento e angústias. Quando sabemos ver Deus nesses momentos, a gente se deixa corrigir e crescer em Deus. Reflitamos se os nossos pensamentos, modo de falar, atitudes diante da vida são iguais aos do mundo ou são como os do Senhor?
Na sequência a Igreja nos trás o Salmo 136, que é um salmo de uma dor profunda, um judeu, no exílio da Babilônia, que disse: “junto aos rios da Babilônia, a gente se sentava chorando, com saudade de Sião…ahh seu me esquecer de ti Jerusalém que se cole minha língua ao céu da boca, eu quero que minha mão seque se não me lembrar de ti Jerusalém todo dia.” Aqui temos o lamento de um povo que perdeu tudo.
Na segunda leitura, São Paulo nos diz: “Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!”
Nessa leitura começamos a entender e mergulhar mais na dimensão desse domingo “lactare”, ou domingo da alegria. Deus, diante de todas as nossas infidelidades, não deixa de nos amar porque Ele é misericórdia. Deus é amor! Nos disse Raniero Cantalamessa: “O amor de Deus é uma realidade única, indivisível como o é o próprio Deus. Ele se manifestou a nós numa sucessão de gestos, de manifestações, que nós chamamos “história da salvação”. Por causa disso, nós podemos reconstruir como se processou o amor de Deus por nós.”
E a liturgia faz seu apogeu no Evangelho, onde nos fala da conversa de Jesus com Nicodemos que está no Evangelho de João3, 14-21, que nos diz:
“Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 14 “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê, não é condenado, mas, quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19 Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21 Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”
Nicodemos vem a noite falar com Jesus, e a noite aqui tem o sentido de que, quem ainda não crê em Jesus, está na noite, ainda anão está na luz! Jesus diz que é necessário que o Filho do Homem seja levantado assim com a serpente foi levantada no deserto. Ser levantado significa toda a paixão de Jesus: crucificação, morte e ressurreição. Essa leitura já nos prepara para a Páscoa. Na Nova aliança, nós somos o povo de Deus no deserto. Aqui, na nova aliança, a cura não é de uma enfermidade física, mas do pecado e da incredulidade, que é a pior doença do homem. Porque “Deus amou tanto o mundo que mandou seu Filho Único, para que, quem Nele crê não morra, mas tenha a vida eterna! Vejamos o que nos diz Gabriel de Santa Maria Madalena: “Eis o gesto extremo da misericórdia de Deus: em vez de punir no homem ingrato e reincidente os pecados, punio-os em seu Filho Unigênito, para que, crendo em Cristo Crucificado, encontre o homem a salvação. – é por graças que fostes salvos!
Que hoje possamos dar Glória e nos alegrar pelo infinito amor de Deus ao homem, que não nos castiga conforme nossas iniquidades, mas que é puro amor e misericórdia. Que está sempre de baços abertos a nos esperar, a nos amar, porque deseja nossa salvação, deseja nos dar o céu.
Reflitamos na história da nossa salvação o quanto Deus esteve presente! Como nos momentos de dificuldade, a mão de Deus esteve presente para nos corrigir e nos colocar em seus caminhos novamente. Demos Glória a Deus com alegria no coração por tão grande amor de Deus por nós que mesmo com todas nossas iniquidades, nos deu seu Filho Único para nos salvar.
OREMOS
“Ó Deus, que por vossa palavra realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheios de fervor e exultando de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espirito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém!”
Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.
Amém
Bendigamos ao Senhor, demos graças a Deus!
Referências Bibliográficas
- O VERBO SE FEZ CARNE, Raniero Cantalamessa. Ed. Ave Maria, São Paulo, 2012. Pag 282
- IMITAÇÃO DE CRISTO, Gabriel de Santa Maria Madalena. Ed. Loyola, São Paulo, 2010. Pag 234
Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds
Comissão de Espiritualidade – Província São José