RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 9. Dia

RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 9. Dia

MEDITANDO O POEMA CHAMA VIVA

Oração inicial

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

 

Ave Maria…
Pai Nosso…

 

Neste nono dia do retiro com São João da Cruz, começaremos a rezar com a canção três da Chama Viva de Amor. Para isso, recitemos, pausadamente, a terceira estrofe.

 

Oh! Lâmpadas de fogo!
Em cujos resplendores
As profundas cavernas dos sentidos
Que estava escuro e cego
Com estranhos primores
Calor e luz, dão junto a seu querido!

9. DIA: (Ch 3, 18-69)

Continuando com o terceiro e quarto versos da canção três, o poeta nos diz:


As profundas cavernas dos sentidos!


Essas cavernas de que fala São João da Cruz são as potências da alma: a memória, o entendimento e a vontade, deste modo, elas têm um sentido relacionado diretamente ao ser humano. Mas essas não são as únicas cavernas dos escritos do Santo Padre, outras cavernas aparecem no Cântico Espiritual (37, 3) e têm um forte valor cristológico, pois significam os mais altos e profundos mistérios da sabedoria de Deus que está em Cristo.


As cavernas iluminadas da alma, conforme compara São João da Cruz: “é como o sol quando, de cheio, investe totalmente no mar e ilumina até mesmo as profundezas e as cavernas, tornando-as semelhantes a pérolas e ouro riquíssimos […], então esse sol divino do Esposo traz à tona as riquezas da alma, das quais até os anjos se maravilham” (CB 20,14).

 

Na Chama, não apenas se descobrem as riquezas da alma, como também chega-se a revelar a infinidade de que são capazes as potências, isto é, de se comunicarem com o próprio Deus. No processo espiritual, nosso entendimento é purificado para poder se unir a Deus pela fé; nossa memória é purificada para poder se unir a Deus pela esperança e nossa vontade é purificada para poder se unir a Deus pelo amor, como nos explica são João da Cruz: “Quanto à primeira caverna, que é o entendimento, o seu vazio é sede de Deus. […] E esta sede é das águas da sabedoria de Deus, objeto do entendimento. A segunda caverna é a vontade e seu vazio é fome de Deus tão grande que faz a alma desfalecer. […]

 

E esta fome é da perfeição de amor que a alma pretende. A terceira caverna é a memória; o seu vazio leva a alma a desfazer-se e derreter-se pela posse de Deus. Profunda é, pois, a capacidade destas cavernas, porquanto nelas só pode caber o que é profundo e infinito, ou seja, o mesmo Deus.

 

Assim, de certo modo, a sua capacidade será infinita; sua sede, também infinita; sua fome, igualmente profunda e infinita.” (Ch 3, 19-22).

Meditação Orante

 

A dinâmica das virtudes teologais é fundamental no itinerário místico apresentado por São João da Cruz. Esse tema é vastamente trabalhado na Subida do Monte Carmelo, mas em todas as obras sanjuanistas vemos, claramente, a importância que o Santo dá ao exercício da fé, da esperança e da caridade no processo de purificação e de união com Deus. São as potências da alma as cavernas dos homens, nas quais eles encontram as maiores riquezas, porque, diferente da analogia de Platão, o sol brilhante e doador de vida está dentro dessas cavernas, como vimos anteriormente na citação de João da Cruz.


Porém, é necessário que o ser humano não apenas se abra à graça de Deus, mas também conte com ajuda externa para avançar nesse caminho. Assim, também no comentário desse verso, o Santo Padre fala dos três cegos que podem afastar, perturbar e atrapalhar essa ascensão espiritual: o demônio, o mau diretor espiritual e a própria alma. Colocar-se no caminho de Deus é trabalho relativamente fácil, manter-se nele, muito difícil. A desistência desse caminho depende de muitos fatores, alguns muito evidentes, outros bastante sutis. Dentre os sutis, podemos não perceber a influência do mal que, discretamente, tenta nos tirar do caminho, ou as orientações de um mau diretor, que em vez de ajudar, mais atrapalha, sem contar que nós também podemos nos autossabotar e nos tirar desse caminho por muito pouco.


Que o Senhor possa olhar com misericórdia para nós e nos ajudar a sermos fieis e perseverantes. Que esse caminho de purificação seja sincero e autêntico, a fim que de também seja verdadeira nossa união com Deus.

 

São João da Cruz, Rogai por nos!

Amém!

Referência Bibliográfica

 

1. JOÃO DA CRUZ. Chama Viva. In:__ Obras Completas. São Paulo: Editora Vozes, 2002, pgs 883 a 913.

 

Artur da Santa Mãe de Deus, ocds.

Com. Flor do Carmelo de Santa Teresinha, Fortaleza, CE.

 

Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds.

Com. Senhora do Carmo, Fortaleza, CE.

 

Comissão de Espiritualidade – Província São José

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