RETIRO COM SÃO JOÃO DA CRUZ, O SANTO DO AMOR 6. Dia

6 . DIA: (Ch 2, 16-22)

Nesse sexto dia de retiro iremos refletir os versos da segunda canção da Chama Viva, onde o poeta nos diz:

Oh! Mão tão branda!
Oh! Toque delicado!
Que a vida eterna sabe!

São João da Cruz é um profundo conhecedor da Sagrada Escritura e o que o movia para se aproximar e conhecer a Palavra de Deus era o desejo de sentir e saborear a presença do Senhor em tudo.

Ao usar a expressão “Oh! Mão tão branda! Oh! Toque delicado!”, São João da Cruz rememora a salmodia que canta e reza: “A mão direita do Senhor fez maravilhas! A mão direita do Senhor me levantou! A mão direita do Senhor fez maravilhas!” (Salmo 117 (118), 16). Assim, as mãos são expressões de trabalho, de acolhida, de transformação e o nosso Santo Poeta enfatiza que, na perfeição de Deus, a mão divina abranda tudo o que é inflexível, duro, difícil, tenso e complicado. São João da Cruz, o cantor da formosura de Deus, vem nos lembrar que as almas que são sensíveis aos toques de Deus procuram viver o afeto verdadeiro, deixam se guiar pelo amor e pela fé. Dessa forma, as provações que enfrentamos são permitidas por Deus para a nossa transformação interior. Então o Santo nos diz: “Chagaste-me para curar-me, oh! Divina Mão! E mataste em mim aquilo que me mantinha morto, sem a vida de Deus na qual me vejo agora viver”.

Assim, a pura liberalidade de Deus, ou seja, por imensa generosidade e prodígio de Deus que conhece o mais profundo de nós, sabe exatamente de tudo o que precisamos e Ele mesmo, por amor, dispõe no nosso viver situações e momentos que irão nos mover interiormente para crescer e progredir na fé.

Tudo o que nos acontece é pura graça e amor de Deus e tantas vezes nos faltam olhos, ouvidos, sensibilidade e coração para percebermos a sua “mão” e o seu “toque”.

O Santo Padre João da Cruz ainda nos ensina que Jesus, a Palavra Viva de Deus, é esse “toque”, essa delicadeza eterna que Deus Pai se dispôs em nos oferecer para nos mostrar os caminhos do Reino, que devem transformar o nosso interior e a nossa vida. Dessa forma, a vida eterna não se torna um momento que devemos esperar e que um dia chegará com a nossa morte, mas uma realidade que já estamos vivenciando, a cada segundo, a cada momento e em cada coisa que fazemos. Portanto, se a presença da mão de Deus que abranda e diante do seu toque delicado que transforma, Deus faz da alma o seu paraíso.
Dessa forma, a vida eterna não se torna um momento que devemos esperar e que um dia chegará com a nossa morte, mas uma realidade que já estamos vivenciando, a cada segundo, a cada momento e em cada coisa que fazemos. Portanto, se a presença da mão de Deus que abranda e diante do seu toque delicado que transforma, Deus faz da alma o seu paraíso.

Que a vida eterna sabe Sim, a vida eterna sabe. Ela é conhecedora de todas as graças de Deus. E esse toque delicado na alma, por essa mão tão branda, tem esse sabor de eternidade. Como nos disse São João da Cruz, “é um toque da substância de Deus, à substância da alma.”

Nosso Santo do Amor nos ensina tão bem sobre a vida eterna: “Embora nesta vida não se goze perfeitamente deste toque como na glória, contudo, por ser toque de Deus, a vida eterna sabe. Goza então a alma nele de todas as coisas de Deus que lhe comunica e sua fortaleza, sabedoria e amor, formosura, graça e bondade, etc. Como Deus encerra em si todas essas perfeições, a alma as saboreia todas num único toque de Deus, gozando delas em suas potências e substâncias.” (Ch 2,21) Sim, a vida eterna sabe