SÃO TITO BRANDSMA, MÁRTIR

SÃO TITO BRANDSMA, MÁRTIR

"Entrego-me de corpo e alma à causa de Deus."

Vida e vocação


Tito Brandsma, nasceu na Holanda, aos 23 de fevereiro de 1881, em uma família camponesa. Tinha cinco irmãos, apenas uma das irmãs, não tornou- se religiosa, casou-se e com o marido cuidaram dos pais e do sítio.


Era um menino franzino, atencioso, inteligente e brilhante nos estudos. Com 11 anos tomou o trem para chegar por uma longa viagem, ao seminário franciscano. O motivo pelo qual não entrou para a Ordem franciscana e nem se tornou jesuíta, não é clara, mas, existem várias hipóteses.


Ingressou no Carmelo em 17 de setembro de 1898, como frei ainda noviço apaixonou-se pela vida de Santa Teresa de Jesus. Foi ordenado em 17 de junho de 1905 e enviado para Roma, a fim de doutorar-se em filosofia, ao mesmo tempo segue num curso de sociologia.


O fato de ter conquistado o título de doutor, não alterou seu lado humano e humilde, trazia em si este diferencial. O desejo de viver o amor por Cristo e em Cristo dando testemunho como cristão exercendo a virtude da caridade, indo ao encontro do próximo. Já professor universitário, ao avistar um trabalhador que com dificuldade empurrava uma carroça com bananas, morro acima, prontamente foi ao encontro e jogou sua maleta de livros sobre a carroça e juntos empurraram.. Apagando a impressão de que pobres e professores não se misturavam.

Evangelização


Regressando à Holanda, Tito foi nomeado professor de filosofia de alguns frades carmelitas. Ele estava entusiasmado e desejoso para trabalhar pela evangelização do povo, isto não permitia limitar-se aos estudos de professor, pois queria levar o melhor da formação. Também envolveu-se na pastoral da juventude, criando escolas, fundando uma biblioteca pública e escrevendo artigos nos jornais.


Fundou em conjunto com outros professores a primeira Universidade Católica em seu país, tornando-se professor titular de teologia e mística da mesma universidade.

Diretor espiritual dos jornalistas católicos


Em 1935, foi nomeado pelo arcebispo, diretor espiritual da união dos jornalistas católicos do seu país. Com esta função, aumenta cada vez mais o choque com a ideologia nazista, tornando-se o assunto em suas aulas de 1938 e 1939. Foi um profeta da liberdade de expressão.


Tinha diante de si o profeta Elias e se inspirava nele. Homem de fogo com sua espada chamejante na mão, conhecido por seu lema: ” Entrego-me de corpo e alma à causa de Deus.” O amor ardente em seu coração fazia com que Padre Tito vivesse esse lema, defendendo a liberdade do ensino e da imprensa. Seu carisma carmelita e sua pastoral a cada dia adquiria força na oração e renúncia. O testemunho com coerência na vivência na fé católica e a disposição em viver e escrever a verdade, foram pontos fundamentais para seguir adiante e atrair os olhares nazistas para si, levando-o à prisão e condenação.


Não se calou diante do nazismo, das atrocidades, logo ficou conhecido pela polícia nazista alemã, que elaborou de imediato um relatório extenso sobre sua vida e atuação.

Prisão


Tito Brandsma, foi preso em janeiro de 1942. As escolhas feitas por ele, em viver e anunciar a verdade, evangelizando e ensinando o amor, lhe custou a liberdade, já não podia ensinar na universidade…era considerado como subversivo, muito perigoso e cérebro de propaganda anti-nazista. Pouco antes de ser preso, no dia 19 de janeiro de 1942, compadeceu-se de um garoto que ficara órfão, procurou um casal de padrinhos para adotar o menino.


Tito foi apontado oficialmente como um homem de firmeza de caráter e perigoso para o sistema. Durante sua permanência na prisão manteve o lema: “Sofrer não faz mal, desde que nós sintamos amados” Mesmo impossibilitado de receber a eucaristia, ele dizia sentir-se em casa na prisão, porque Deus era sua companhia, estava ao seu lado a todo tempo. Graças a um diário e algumas cartas pode-se ter detalhes de onde estava e de seus dias de prisão. Descrevia o espaço pequeno, os maus tratos e todo tipo de humilhações que sofria, sem tristeza e reclamações. Nada o abalava, não perdia a paz. Sua postura perante ao sofrimento, impressionava os demais presos, assim como seu testemunho e suas palavras de esperança. Muitos presos lembravam-se mais tarde da sua meditação sobre a Paixão na sexta-feira santa. Ele não pregava teoria, falava de coração.


Como preso e condenado, foi transportado para o campo de extermínio, em Dachau. Quem lá chegava sabia que não haveria retorno. Assim como os outros, teve suas roupas trocadas por roupas listradas, sua cabeça raspada e recebeu o número de preso 30492 passando a ser apenas um número. Dachau é um lugar conhecido pela violência brutal dos guardas que traziam em si o desprezo profundo por todos os que não eram alemães.


Padre Tito suportou o sofrimento, em plena Comunhão com Cristo sofredor oferece sua vida em favor de um mundo mais justo e fraterno. Bebia da fonte de água viva que é o próprio Deus. Tinha um profundo amor pela Eucaristia. Somente o clero alemão era permitido celebrar a Eucaristia no bloco 26. Outros religiosos eram excluídos, mas, de maneira secreta, a Santa Comunhão chegava a eles.


O sofrimento aumentava e todos os dias, os prisioneiros eram obrigados a marchar por um caminho longo e lamacento para trabalhar em uma plantação de verduras, independente se estivesse com sol ou chuva.

O primeiro Jornalista mártir (morte).


Padre Tito manteve a mesma serenidade, seu estado de saúde estava piorando visivelmente, foi levado para a enfermaria. Antes de a enfermeira lhe aplicar uma injeção letal, obedecendo ordens, Tito lhe entregou um terço, a mesma disse que não sabia rezar. Então, ele respondeu: “Reza pelo menos a última parte: rogai por
nós, pecadores ” A enfermeira relatou os últimos momentos de Brandsma, durante o interrogatório do processo de canonização. Mais tarde, após a morte de Tito, converteu-se ao cristianismo e no dia da beatificação deu o seu testemunho sobre ele.


Tito Brandsma, morreu no dia 26 de julho, na festa de Sant’Ana. Seu corpo foi cremado nos fornos existentes no campo.

Beatificação


O processo de Beatificação, começou em 1955 e em 3 de setembro de 1985, São João Paulo II o proclamou beato e mártir da fé. Por ocasião de sua beatificação, foi ressaltado, de modo particular, seu trabalho como jornalista. Elogiaram sua força de ânimo, seu sofrimento, o seu perdão oferecido à enfermeira.


O milagre da canonização


O milagre atribuído à sua intercessão foi a cura de um sacerdote Carmelita de um “Melanoma metastático dos linfonodos,” em estágio bem avançado, em 2004, Palm Beach (EUA).


O mártir do nazismo, Tito Brandsma é o primeiro Jornalista a ser elevado aos altares, foi canonizado em 15 de maio de 2022, pelo Sumo Pontífice Papa Francisco.


São Tito Brandsma, com seu testemunho de vida e busca de santidade, movido pelo Espírito Santo viveu com determinação e fé, abandonando-se confiando sua vida a Deus. Tudo viveu e fez por Jesus e com Jesus.


“Quem quiser ganhar o mundo para Cristo, deve ter a coragem de entrar em conflito com esse mundo.”

São Tito Brandsma.


Fonte: https://ocdssaojose.org/saotito-brandsma-martir/
Michele Cristina Maria da Sagrada Face, ocds.
(Comissão de Espiritualidade/Província São José)

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