
VI DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B
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1ª Leitura – At 10, 25-26.34-35.44-48
Salmo – 97
2ª Leitura – 1Jo 4,7-10
Evangelho – Jo 15,9-17
Senhor, permaneça eu em vosso amor (Jo 15,9)
“O amor vem de Deus… Deus é amor” (1Jo 4,7-8). Estas palavas de João sintetizam a mensagem da Liturgia do dia.
É Amor o Pai que “enviou seu Filho Unigênito ao mundo para que tivéssemos a vida por meio dele” (ibidem, 9; 2ª leitura). É Amor o Filho que deu a vida não só “pelos amigos” (Jo 15,13; Evangelho), mas também pelo inimigos. É Amor o Espírito Santo que “não faz distinção de pessoas” (At 10,34; 1ª leitura) e está “impaciente” para descer sobre todos os homens (ibidem, 44). O Amor divino preveniu os homens sem nenhum mérito da parte deles: “Nisto consiste o Amor: não fomos nós que primeiro amamos a Deus, mas foi ele quem primeiro nos amou” (1Jo 4,10). Sem o amor proveniente de Deus que tirou o homem do nada e depois o remiu do pecado, jamais seria o homem capaz de amar! Como a vida não vem da criatura, mas do Criador, assim o Amor só provém de Deus, sua fonte única e infinita.
O Amor de Deus atinge o homem através de Cristo. “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei” (Jo 15,9). É Jesus quem derrama nos homens o amor do Pai, amando-os com o mesmo amor com que o Pai o ama; e quer que neste amor vivam: “permanecei no meu amor” (ibidem). Assim como permanece Jesus no amor do Pai, cumprindo sua vontade, assim devem os homens permanecer no seu amor, observando seus mandamentos. Entre estes, coloca em primeiro plano o que chama “seu mandamento”: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (ibidem, 12). Ama Jesus os discípulos como é amado pelo Pai, e devem estes amarem-se entre si como são amados pelo Mestre. Pelo cumprimento deste preceito tornam-se seus amigos: “Sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos digo” (ibidem, 14). Exige a amizade reciprocidade de amor: retribuímos o amor de Cristo amando-o com todo o coração e amando os irmãos com os quais se identifica, pois considera feito a si o que fazemos ao menor deles (Mt 25,40).
Comovente e impressionante é a insistência com que, no Sermão da Ceia, recomenda Jesus aos discípulos o amor mútuo! Quer fazer deles comunidade compacta, cimentada pelo seu amor, onde todos se sintam irmãos e vivam uns pelos outros. Isto, porém, não significa limitar o amor ao círculo dos fiéis, pelo contrário! Quanto mais fundidos no amor de Cristo, tanto mais capazes serão de levar este amor a todos os homens.
Como poderiam ser, os fiéis, mensageiros de amor no mundo se não se amassem entre si? São chamados a provar pela conduta que Deus é amor e que, aderindo a ele, aprendem a amar, transformar-se em amor, pois o Evangelho é amor e não em vão ensinou Cristo os homens a se amarem.
O amor fundado em Cristo supera as divergências, anula as distâncias, elimina o egoísmo, as rivalidades, as discórdias. Tudo isto convence e atrai à fé mais que qualquer outro meio, e é parte essencial daquela fecundidade apostólica que Jesus espera dos seus discípulos aos quais disse: “Eu vos consituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Só quem vive no amor pode levar ao mundo o fruto precioso do amor.
Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD
Intimidade Divina