COMO O CARMELITA SECULAR DEVE VIVER O ADVENTO
0 comments

O tempo do Advento é o período litúrgico das quatro semanas que
precedem o Natal. É um tempo de expectativa, de espera, onde pela
oração e penitência somos convidados a nos preparar para a vinda de
Jesus Cristo.
O Catecismo da Igreja Católica, em seu parágrafo 524 nos explica que “ao
celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera
do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do
Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda. Pela
celebração da natividade e do martírio do Precursor, a Igreja se une a
seu desejo: ‘É preciso que Ele cresça e que eu diminua’ (Jo 3,30)”.
Como cristãos, devemos viver esse tempo na certeza da presença de
Cristo em nós, sendo sinal de sua ação no mundo, conforme reflete o Papa
Bento XVI em sua catequese de 05/12/2012: “o tempo litúrgico do
Advento nos coloca diante do luminoso mistério da vinda do Filho de
Deus, ao grande ‘desígnio de benevolência’ com o qual Ele quer
atrair-nos para Si, para fazer-nos viver em plena comunhão de alegria e
de paz com Ele. O Advento nos convida, mais uma vez, em meio a tantas
dificuldades, a renovar a certeza de que Deus é presente: Ele entrou no
mundo, fazendo-se homem como nós, para trazer a plenitude do seu plano
de amor. E Deus pede que também nós nos tornemos sinal da sua ação no
mundo. Através da nossa fé, da nossa esperança, da nossa caridade, Ele
quer entrar no mundo sempre de novo e quer sempre de novo fazer
resplandecer a sua luz na nossa noite”.
Conforme consta em nossas Constituições da OCDS, em seu artigo 10,
“Cristo é o centro da vida e da experiência cristã. Os membros da Ordem
Secular são chamados a viver as exigências de seu seguimento em comunhão
com Ele, aceitando seus ensinamentos e entregando-se a sua pessoa.
Seguir Jesus é participar em sua missão salvífica de proclamar a Boa
Nova e de instaurar o Reino de Deus (Mt 4,18-19)”.
Portanto, se Ele é centro de nossas vidas e se somos chamados a
segui-Lo incondicionalmente, devemos ser anunciadores de seu primeiro
advento, que foi sua Encarnação, a qual trouxe para nós a salvação, e do
advento no final dos tempos, quando virá com todo o poder e glória.
Assim, para nos prepararmos para a vinda de Cristo, é necessária uma
contínua conversão. Para tanto o Estatuto Particular da Província São
José da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares, em seu art. 11, “b”,
nos orienta:
11. Porque a vida de oração e de união com Deus exige uma contínua
conversão e purificação, o Carmelita Secular cultivará o espírito de
penitência e de mortificação, segundo as indicações que se seguem:
(…)
b) praticará algum exercício de penitência, segundo a tradição da Ordem, especialmente nas sextas-feiras do Advento. (grifo nosso)
O Advento, portanto, é tempo de penitência, porém é menos rigoroso que a Quaresma. É um tempo de vigilância, de espera.
No Brasil, devido a cultura de se celebrar ou comemorar antecipadamente
as festividades, vivemos um dilema ao participarmos das festinhas de
páscoa realizadas durante a Quaresma e das confraternizações de Natal ou
“de fim de ano” realizadas durante o período do Advento.
Em minha opinião, não vejo qualquer problema em participarmos de todas
essas comemorações culturalmente impostas em vista da boa convivência
social e familiar. Inclusive, acredito que a penitência deve ser vista
hoje sob um novo olhar. Mortificações, jejuns e sacrifícios não farão
qualquer sentido se não nos levarem a uma mudança interior, a uma
mudança de mentalidade, a uma mudança de sentimento, a uma mudança de
vida.
Dessa forma, vivamos esse tempo de espera na alegria e na certeza de
que “Aquele que vem” virá para habitar em nossas almas, em nossos
corações, entre nós e em nós!
Bom Advento e Feliz Natal!
Luciano Dídimo
“Quando os dias se tornam mais curtos, quando no inverno caem os
primeiros flocos de neve, então, docemente, renasce a lembrança do
Natal. Desta palavra emana um encanto misterioso ao qual dificilmente o
coração pode resistir. Até aqueles para quem a evocação do Menino de
Belém nada significa, crentes de outra Fé ou descrentes, preparam a
festa e tentam acender aqui e além um raio de alegria. Durante semanas e
meses, um rio de amor espalha-se pela terra.”.
primeiros flocos de neve, então, docemente, renasce a lembrança do
Natal. Desta palavra emana um encanto misterioso ao qual dificilmente o
coração pode resistir. Até aqueles para quem a evocação do Menino de
Belém nada significa, crentes de outra Fé ou descrentes, preparam a
festa e tentam acender aqui e além um raio de alegria. Durante semanas e
meses, um rio de amor espalha-se pela terra.”.
(Edith Stein, O Mistério do Natal)