O GÊNIO ESPIRITUAL DE TERESA DE LISIEUX

O GÊNIO ESPIRITUAL DE TERESA DE LISIEUX

Leio nestes dias que antecedem a
festa de Santa Teresinha o livro de Jean Guitton  O gênio
de Santa Teresinha.
Foi publicado em italiano em 1995 (Società Editrice
Internazionale, Turim), pouco antes das celebrações do Centenário de sua morte
e da proclamação de seu doutorado em 1997. Partilho com vocês algumas ideias
chave deste livro. Penso nos ajudará a aproximar-nos de Teresa. Ela, por  sua vez, nos levará a amar Jesus e fazê-Lo
amado. Sigo as citações de Teresinha conforme às do autor.
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O fascínio que Teresa exerce sobre as pessoas  que após a sua morte entram em contato com
seus escritos, faz com que a amem imediatamente. São atraídos pela sua doutrina
simples e essencial, porque ela narra o que 
vive, é transparente, verdadeira, humilde. Seu saber   vem  da
Fonte do amor, na qual ela se imergiu. 
Sua  doutrina pode ser vislumbrada através de sete palavras ou ideias chaves.

O realismo na vida do dia a dia
 Não existe outra coisa a  fazer  na noite desta vida, a única noite que não
retorna nunca mais: amar Jesus (Carta 74).
A condição da vida presente é um
dom inestimável quando vivida na fé em Deus. Partilha na fé Nele os
acontecimentos diários, que podem ser  um
relâmpago, a morte de alguém, etc., pois sabe que apesar de tudo, além das
nuvens que encobrem o Sol durante a tempestade, estes acontecimentos  trazem momentos de perfeita alegria: a Luz do
Astro Amado mostra-se  encoberta pela  fé neles.

A busca incessante da verdade
Jesus, ilumina-me; Tu o sabes, eu busco a verdade (MB 259).  Teresa gosta mais de escutar falar sobre  Maria SS. 
em sua vida real, não naquela imaginária. Na Bíblia busca as passagens
essenciais, tais como o Sl 22, Is 53, Jo 17, I Cor 12-13… sinal de uma busca da
verdade profunda das coisas que não admitem os exageros imaginativos nas
realidades da fé. “Parece-me que sempre busquei somente a Verdade”, dirá no
final de sua breve vida.

O valor do sofrimento
O Bom Deus, que nos ama muito,
sofre bastante em ter que nos deixar nesta terra para o período de prova, sem
que nós corramos continuamente a dizer-lhe que estamos sofrendo; não devemos
dar a impressão de que somos conscientes disso (Conselhos 58).
O sofrimento
em si mesmo não tem valor; somente em vista de um fim, pois o Deus cristão é
amor eterno e sofre pelo nosso sofrimento. Se o permite, é como remédio para
que nos reaproximemos Dele depois do mau uso de nossa liberdade, que nos levou
ao pecado. Entender isto é ver à  luz da
fé que as cruzes não são em si mesmas um valor; somente à luz da misericórdia
divina que nos associa a Jesus em seu amor por nós, cumpridor pleno da vontade
divina. Assim o amor a Jesus até a loucura faz com que se abandone como ele no
cumprimento sem reservas da vontade do Pai sobre si mesmo (MA 325).
Passar o céu fazendo o bem na terra
Sim , quero passar meu Céu fazendo o bem sobre a terra (NV 17 julho).
Seu desejo de não estar inativa e de trabalhar pela Igreja e pelas almas, brota
de um amor que partilha os sofrimentos dos outros. É um meio para exercitar a
caridade em relação aos outros. O céu é 
a vivência em plenitude de todas as vocações às quais aspirou Teresa,
agora sem os condicionamentos terrenos. O amor pelo próximo poderá então
estender-se a todos os espaços, circunstâncias históricas e socorrer às
necessidades da  missão da Igreja.
 Purgatório como crescimento no
amor
Se eu for ao Purgatório, serei bem contente; aliás farei como os
hebreus, mas circularei na fornalha cantando o cântico de amor (NV 7 agosto).

Teresa vê que as penas do Purgatório são as de um amor sempre em crescimento,
alegre, e que deve chegar a ser puro, livre da angustia de poder agir mal e de ser
mau. É a espera da visão definitiva do Amor!
Prática das virtudes sem esforço
Eu (Teresa) lhe serei próxima, a segurar a tua mão para que possa
colher esta palma gloriosa sem esforço (Carta 225).
É o convite que nos faz
Teresa a uma ascese continua no exercício de pequenas virtudes e de
sacrifícios, sem esforços heroicos
que exigiriam uma heroicidade gigante.
A eternidade no tempo: amor
Jesus não olha ao tempo, que no céu não existe mais (Carta 92); cada
instante é uma eternidade, uma eternidade de alegria… (Carta 74).
 As perguntas de  Teresa sobre o tempo a fazem escrever na Carta
a Celina (n. 88) que “O tempo não é senão uma miragem, um sonho. Desde agora
Jesus nos vê na glória e se alegra por nossa beatitude eterna”. A eternidade está
presente no momento em que se vive no amor, porque Deus é amor. Por isso o
tempo vivido nele é já eternidade quando age com todas as forças e suporta tudo
com amor, com “as vestes manchadas de sangue” da batalha de viver o amor. Este “lança
fora todo temor”.
Teresa deixou-nos na poesia Só por hoje estas reflexões sobre o
tempo que foge e o amor que se vive no hoje da terra a fim de chegar um dia a
cantar o louvor de Deu no eterno hoje.
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Enfim, o autor  faz uma aproximação de Teresa de Lisieux com
Elisabete da Trindade e com Edith Stein. Reflete sobre a Virgem  Maria em S. Teresinha, sobre o protestantismo
e a vida eterna, mostrando ao final que a santidade é possível a todos…
justamente porque em Teresa não existe nada de extraordinário, como a música de
Elisabete ou a ciência acadêmica de Edith. Teresa vive em profundidade o amor
nos atos corriqueiros do dia a dia. Por isso ela é tão cativante!
Fr. Alzinir

Roma, 29 de setembro
de 2013

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