A LUZ DA FÉ E SANTA TERESA DE JESUS

A LUZ DA FÉ E SANTA TERESA DE JESUS

Aproximamo-nos da festa de
santa Teresa de Jesus. Neste Ano da Fé que se concluirá em novembro com a festa
de Cristo Rei, recordando os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, fomos
convocados pelo Papa emérito Bento XVI a reafirmar nossa fé em Cristo recebida
no Batismo, a fim de que sejamos capazes de testemunhar o valor de se crer em
comunhão com toda a Igreja.
No dia 29 de junho deste ano
de 2013, o Papa Francisco publicou a encíclica Luz da fé.  Ela havia sido começada pelo papa Bento e foi
concluída por ele. Como dizem, foi “escrita a 4 mãos”.
Tomando alguns trechos do n.
4 da Lumen Fidei, vemos como na vida de Santa Teresa de Jesus (1515-1582) a
luz  da fé  a guiou e a transformou profundamente a partir
da oração. Esta,  por sua vez, é
expressão de sua fé viva e atuante.
“A fé nasce no encontro com o
Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o
qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida”.
A experiência de Deus que
Teresa faz tem suas raízes na fé recebida na família e que a leva à oração,
“porta por onde lhe vem todos os bens”. Gradativamente ela reconhece o “Deus
vivo e verdadeiro” (Relação 56) em seu interior. Ele se mostra como amigo e
companheiro no seu caminho, não obstante as infidelidades de Teresa ao chamado
dele. Mas por sua bondade infinita (Vida 15,7), o Senhor vence e ela passa a
viver de forma mais coerente sua vocação religiosa e procura  seguir em tudo a Jesus: “Juntos andemos
Senhor, por onde fordes, irei; por onde passardes passarei (Caminho, 26,6).
Desta companhia nasce “um amor terníssimo” por Ele (6 Moradas 8,4) e desejos de
servi-Lo com todo seu ser, pois descobre que “Só Deus basta”. Descobre na
pratica que a fé há uma luz que a “levava a ver o pouco valor do perecível e o
alto preço dos bens que com ele se podem ganhar, visto serem eternos” (Vida
5,2; cf 21,7) e  compreende “a vaidade do
mundo” (Conc 4,3).
Podemos então dizer que em
Teresa há uma transformação interior a partir da descoberta do amor e da
bondade de Deus, sobretudo diante de suas infidelidades. Deus não se deixa
vencer em bondade e misericórdia. Por isso ela aconselha:  “Louvai sempre Sua Majestade e confiai na sua
bondade, pois ele nunca faltou aos seus amigos” (Vida 11,12) e “não se recorda
de nossas ingratidões, quando nós, conhecendo-nos, queremos acolher sua
amizade” (Vida 19,15).
A partir deste contato vital
com o Senhor, Teresa encarnou o que diz a Luz da Fé:
Transformados por este amor,
recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de
plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom
sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos
no tempo.
Em Teresa de Jesus a ação de
Deus manifesta-se no crescimento e tensão dinâmica na totalidade de sua pessoa,
para o  encontro e transformação em
Cristo, plenitude de seu ser e de cada pessoa humana, como descrito nas 7 Moradas,
levando-a à comunhão com a Trindade.
Desta plenitude humana e
espiritual, sobretudo nos últimos 20 anos de 
vida (1562-1582) temos a sua obra de fundadora de Mosteiros de Monjas e
de Frades. Deste período são também seus principais escritos místicos e
pedagógicos – Livro da Vida, Caminho de perfeição, Fundações, Moradas ou Castelo
Interior – , além de inúmeras cartas, onde deixa entrever seu espírito prático,
o profundo senso das coisas e  negócios
referentes à  Reforma teresiana.
Podemos então dizer que para
Teresa a fé foi uma luz que a levou ao encontro de Cristo Ressuscitado. Da
comunhão com Ele descobriu horizontes de atuação em prol da Ordem do Carmelo,
da Igreja de seu tempo na Espanha, e depois no horizonte missionário no Novo
Mundo…
 Frei Alzinir Debastiani, ocd
Delegado Geral para a ocds

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