Beata Maria dos Anjos

Beata Maria dos Anjos

A beata Maria dos Anjos, no século Mariana Fontanella, foi a primeira carmelita italiana a subir à glória dos altares. Foi proclamada beata pelo beato Papa Pio IX em 1865. Nascida em 07 de janeiro de 1661 em uma família nobre do Piemonte, superando a oposição dos pais, veio com pouco mais de 15 anos entrar no Carmelo de Santa Cristina, em Turim.
 
Distinguida pela por uma grande maturidade humana e espiritual, logo se tornou mestra das noviças. Na idade de 33 anos, foi eleita priora. Apoiava a quem precisava de ajuda no caminho espiritual. Sua fama de santidade atravessou os muros do convento chegando até à casa real. Muitas vezes vieram-lhe visitar as princesas.
 
Desejava ardentemente a fundação de um novo Carmelo em Moncalieri, para acomodar as jovens vocacionadas que não podiam se acolhidas em Turim por falta de vaga. O local só pode ser inaugurado em 1703.
 
Faleceu santamente em 16 de dezembro de 1717. “A bondade do Senhor – diz em um de seus escritos – é maior do que os muitos males e pecados que cometemos e antes nos cansamos de ofendê-lo do que Ele de nos perdoar”.
 
Sua vida
 
Em 1638, subiu ao trono de Turim Carlos Emanuel II, o que melhorou a administração na cidade. No entanto, o Piemonte ainda permanece sob tutela francesa, o que retarda qualquer iniciativa política. 
 
A cidade de Turim, por essa época, está cheia de muita fé, fé essa enraizada nas famílias, paróquias e mosteiros. Na verdade, é o momento em que nascem novas fundações de casas religiosas, graças ao “estímulo espiritual” deixado pelo vida e exemplo de são Luís de Gonzaga.
 
Neste clima, em 07 de janeiro de 1661, nasce o último dos 11 filhos do conde João Fontanella Baldissero e de Maria Tana Santena, batizada com o nome de Marianna. Pequena, vem a saber que sua mãe é da mesma família – oriunda de Chieri – na qual nascera, um século antes, Marta Tana, que foi mãe de são Luís de Gonzaga (1568 – 1591), o príncipe de Mântua, que abraçou a vocação religiosa e seguiu a Jesus virgem, obediente e pobre, entre os jesuítas. Havia renunciado à sua herança e títulos consideráveis. Luís, verdadeiro anjo de carne e osso, tinha sacrificado a sua vida aos 23 anos, em Roma, servindo entre os infectados por uma grave epidemia de cólera, que também o vitimou. Quando Mariana nasceu, já havia sido proclamado santo.
 
Mariana cresce espiritualmente diante dos olhos de todos, levando a sério a Luís Gonzaga como modelo e intercessor. Imita-o na fé, caridade, na pureza ilibada e em sua devoção a Jesus.
 
Sua educação, desde menina, é intensamente cristã, enriquecida por uma terna devoção a Nossa Senhora e São José. Ao mesmo tempo ela sabe o que viver e sofrer por causa de Turim e as relações entre sua amada cidade e os demais Estados da Europa, muitas vezes em guerra uns contra os outros por razões de supremacia dinástica, militar e econômica.
 
Ao longo de sua vida, seus olhos estarão constantemente voltados para Deus como o Único, Senhor da história de seu tempo. Ela sabe que pode, com o poder da oração, ser influente perante Deus, o que não é pouca coisa. Aos 14 anos, seu pai falece.

Mas, o chamado de Deus está amadurecendo e planeja consagrar-se a Ele no Carmelo, fascinada pelo ideal de santa Teresa de Ávila e de são João da Cruz.

Havia em Turim o mosteiro das Carmelitas Descalças (Mosteiro de Santa Cristina) fundado em 1639, que a inspira fortemente.
 
Com notável firmeza, Mariana entrou neste mosteiro. Em 19 de novembro 1675, ela recebeu o hábito religioso e tornou-se irmã Maria dos Anjos. Durante o ano do noviciado, ficou animada em sua nova vida e se apaixona por Jesus. Durante a época do Natal, muito querida à tradição carmelita, emite a profissão. Chama a atenção o fato de ter apenas 15 anos de idade. Mas, por uma graça especial de Deus, dá “passos largos” no caminho da maturidade humana e espiritual, avançando rapidamente em direção ao cume da santidade.
 
Neste caminho, a irmã Maria logo se encontra com o sofrimento: ela aceita todas as provações e tribulações com confiança, serenidade e até com heroísmo, deixando aprimorar a alma e a vida, apontando para uma forte transfiguração mística em Jesus, através de sua vida de oração e de união com Ele. Essa união muitas vezes transborda para as irmãs e todos aqueles que muitas vezes buscam o mosteiro a procura de sua oração e de seu conselho.
 
Irmã Maria está muito familiarizada com a realidade de Deus e da humanidade. Também conhece a história de seu tempo. Goza, ainda jovem, uma reputação de santidade. As irmãs que estão sob sua orientação acreditam que ela é um anjo enviado por Deus. É estimada por seus concidadãos da cidade de Turim. Em 1694 foi eleita priora.

Ela tinha apenas 33 anos. Para ser eleita teve que pedir uma dispensa apostólica; mas, é confirmada neste cargo por três vezes seguidas: um sinal de sua autoridade. Não sendo mais possível ser reeleita, será a mestra de noviças. Para as noviças sob sua formação será realmente uma mãe e uma guia para a santidade.
 
Na história política do Piemonte, novos conflitos com a França recrudescem perigosamente. Enquanto isso, no Carmelo de Santa Cristina, a madre Maria dos Anjos ora fervorosamente e obtêm de Nossa Senhora o fim da guerra e a libertação de Turim. O rei da França libera o Piemonte. Maria atribui a vitória à intercessão de São José e proclama o esposo virginal de Maria Santíssima o santo padroeiro da cidade.
 
É crescente a admiração e a estima pela freira santa, de forma especial, a casa real de Savóia. Seus membros tornam-se seus confidentes. No entanto, os seus favoritos sãos os pobres e os humildes. Ela é conhecida por todos por seu amor ao país, à Igreja e ao Papa. Exerce seu “sacerdócio comum” com seu amor vivido em oração contínua, na imolação e no silêncio, em união com o Crucificado. Mulher singular, rica em favores divinos, em 1702 torna-se fundadora, abrindo um Carmelo em Moncalieri, dedicado a São José.
 
É uma verdadeira filha de santa Teresa de Jesus (de Ávila), zelosa na observância da Santa Regra e Constituições. Ofereceu sua vida para a Igreja e para a conversão do mundo a Jesus. Sedenta de oração e da solidão, no entanto, não se “isola” dos problemas do mundo. Interessa-se e reza por seu povo e por sua Pátria.
 
Em 1706, Turim é novamente sitiada pelos franceses por quatro vezes. Se Pedro Micca (comandante das forças piemontesas) se sacrifica para impedir a entrada francesa na cidade, Maria dos Anjos se dirige mais uma vez à Virgem Maria impetrando-A a proteção de Turim. Em 07 de setembro de 1706, as forças combinadas do príncipe Eugênio de Savóia conseguem uma vitória decisiva e a fuga dos franceses, vitória essa prevista por Maria dos Anjos. Cheia de júbilo e gratidão, Maria dos Anjos, vai agradecer a vitória sobre a colina de Superga, onde é levantado um santuário à Virgem Maria, à qual tinha prometido na hora do perigo.
 
Ela sempre teve uma terna devoção a Nossa Senhora, invocada sob os títulos mais bonitos em Turim, entre os quais, se destaca o de Nossa Senhora da Consolação. A honra com a oração do santo rosário. Procura imitar suas mais altas virtudes, especialmente a paixão apostólica pela salvação das almas. “Por essa causa ela oferece a Deus o sofrimento que não lhe falta, um sinal, conforme a doutrina católica – característica essa vivida com especial entusiasmo por santa Teresa – de uma especial amizade com Deus, que costuma associar seus amigos a seu Filho Crucificado.
 
Quando solicitada, Maria, enriquecida com dons singulares de Deus, ilumina aos irmãos com cartas de incentivo e conselhos, como uma verdadeira mestra: nesses escritos autobiográficos vislumbramos seu estilo resplandecente, sua vida angelical e sua doutrina. Durante este período, no auge de sua maturidade humana e espiritual, o Senhor a favorece de graças místicas extraordinárias, às quais ela corresponde com uma generosidade sem reservas, tornando-se verdadeiramente “tudo em todos”, com humildade, dedicação, espírito de serviço, delicada atenção às necessidades das irmãs, solicitude amorosa para seu crescimento espiritual, plena fidelidade ao carisma da Ordem, com um carinho especial para a Santa Madre Teresa, para qual nutre uma devoção singular e que é retribuída com favores especiais.
 
Sua santidade brilhava em amor ardente especialmente pelas almas. Essa forte experiência foi produzida pela oração e penitência, apoiadas por sua caridade generosa e ardente. Seu zelo realizava-se nas “obras e obras” em favor de alguém que precisava de sua ajuda ou de sua oração. A fama de sua santidade logo cruzou o limiar da clausura, manifestada de forma especial pelas visitas frequentes ao mosteiro pelas princesas e sua corte. Pessoas de todas as classes e categorias recorreram a ela para aconselhar-se ou para suplicar a sua intercessão com o Senhor.
 
Entre estes se distinguiram Madame Reale, a duquesa, e o próprio Vitório Amedeo II (rei do Piemonte). Ansiosa por escapar dessa reputação e impulsionada pelo desejo de fundar um novo Carmelo para acomodar as jovens que não puderam ser recebidas em Santa Cristina por falta de espaço, iniciou negociações com os superiores diretos e com autoridades civis. Após superar muitas dificuldades, em 16 de setembro de 1703 teve a alegria de ver inaugurado o Carmelo de Moncalieri. Não conseguiu transferir-se para ele visto que a casa de Savóia exerceu forte pressão junto aos superiores para impedir que a madre se afastasse de Turim.
 
Assim, continuou a fornecer às monjas de Moncalieri o necessário, cuidando de sua formação espiritual e supervisionando com coração de mãe o bom funcionamento da
comunidade.
 
Nossa beata foi também grande incentivadora da devoção ao Santo Sudário de Turim. Juntamente com o beato Sebastião Valfré, recomendava aos fiéis que o tivessem em grande conta e devoção, pois sabia, por revelação divina, que era o verdadeiro pano que cobrira o Corpo Santíssimo do Salvador.
 
 
Em 16 de dezembro de 1717, morre com apenas 56 anos de idade, partindo para o encontro com Deus. Apenas cinco anos após sua morte começa a causa de sua beatificação. Em 05 de maio de 1778, o Papa Pio VI proclama suas virtudes heroicas. Pio IX, em 25 de abril de 1865, a inscreve entre os bem aventurados do Céu. São João Bosco, em 1866, escreveu uma biografia da beata que se espalhou entre seus leitores católicos, propondo-a como modelo de santidade e amor cristão pela terra natal.  Sua memória litúrgica é celebrada em 16 de dezembro. 

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