SANTA, GRAÇAS AOS SEUS SANTOS PAIS

SANTA, GRAÇAS AOS SEUS SANTOS PAIS





 POR FREI ALZINIR DEBASTIANI, DELEGADO GERAL OCDS 


Tal pai, tal filho, reza um ditado comum no
Brasil. Também já estamos  às portas de
outubro, mês das missões, iniciado com a festa de Santa Teresinha, padroeira
das missões. Mês do Rosário, do Sínodo dos bispos sobre a missão da família. E
especialmente para a família do Carmelo Teresiano, além de encerrarmos o Ano
Teresiano no qual festejamos os 500 anos de nascimento de Santa Teresa D’Avila,
teremos a alegria da primeira canonização de um casal dia 18, Luís e Zélia, pais
santos e geradores de vidas santas.
Voltemos um pouco a página da história. Dia 2 de
janeiro de 1873. Estamos em Alençon França. Dia alegre para família de Luis e
de  Zélia com a chegada da nona filha,
Teresa. Luís, o pai tem quase 50 anos de idade; a mãe Zélia está com 41 anos de
idade e traz em si o sofrimento pela perda de quatro filhos ainda pequeninos,
mais o trabalho de sua pequena empresa de bordado do famoso ponto de Alençon. As
quatro irmãs mais velhas de Teresa  a
mimam e a cumulam de atenção.
relicário de Luis e Zélia, que contém parte do braço direito
dele e dela, significando o momento de seu Matrimônio, quando se deram as mãos
para o juramento de amor e fidelidade; esta parte superior da tampa da urna se
baseia no desenho de Teresinha que representa sua família…e outros símbolos
matrimoniais….

Porém esse tempo feliz da família em Alençon vai
“passar pelo crisol do sofrimento” (MA 12r): a morte de Zélia (28 de agosto de
1877) após grandes sofrimentos causados por um câncer num seio, os quais foram vividos
no abandono em Deus, na oração e oblação de si. Zélia mesmo nos últimos dias de
sua vida, quando dar um passo provocava dores lancinantes, não deixou de ir à
Missa, normalmente a das 6 da manhã, a missa dos pobres que depois seguiam para
o trabalho. Este bom costume foi sempre vivido pelo casal e mesmo depois da
morte de Zélia, Luís continuou a seguí-lo, bem como a participação nas
adorações ao SS. Sacramentos e das Vésperas na igreja paroquial.

Teresa em sua infância não compreende bem a
situação da perda materna,  mas a sofre
profundamente e busca refúgio na irmã mais velha, Paulina (MA 13v). O  pai pensando na continuidade da educação das
filhas, decide mudar com a família para Lisieux, a fim de estar mais próximo de
seus cunhados que o ajudarão nesta tarefa de educação e de cuidado das filhas
órfãs.
Em Lisieux Teresa plantará suas raízes e será o
local que lhe emprestará o nome com o qual é também conhecida: Teresa de
Lisieux. Fará sua primeira comunhão, o que ela chama sua “fusão com Jesus” (MA
35 r), que a conduzirá no caminho da vida contemplativa do Carmelo desta
cidade, onde já se encontram algumas de suas irmãs.
Aos escrever as suas recordações – a História de
uma alma – Teresa reconhece que teve “pais incomparáveis” (MA 3r) que a
educaram na virtude, corrigindo seus defeitos a tempo, o que a ajudou a crescer
na perfeição (cf. MA 8v); bastava que lhe dissessem que o que ela fazia não era
correto ou bom, que Teresa punha mãos à obra para que eles não repetissem a
mesma recomendação ou advertência.
Numa interessante comparação sobre a educação
dos filhos por parte dos pais, Teresinha escreve:
“Como os passarinhos aprendem a cantar escutando
seus pais, assim as crianças aprendem a ciência da virtude, o canto sublime do
amor de Deus, das almas encarregadas de formar-lhes para a vida” (MA 53 r).
Na tarefa educativa dos pais, Teresa aplica à
sua missão a promessa de Jesus do cêntuplo, tradicionalmente aplicada à vida
consagrada ou sacerdotal: são “pais generosos que fazem o sacrifício de seus
filhos a quem mais querem”  pela causa do
Reino (Cta. de 14-17 outubro 1895).
Das orações em família guarda Teresa uma terna
lembrança: bastava olhar para seu pai em oração “para saber como rezam os
santos” (MA 18r). E aqui vale a pena lembrar que a certeza  da santidade de seus pais sempre esteve
presente em sua memória (cf. MA 82 v). Muitos dos vizinhos que ouviam os passos
da família que passava cedo pelas ruas em direção à igreja para a missa,
comentavam: são os santos cônjuges Martin que vão para a missa.
Após a morte do pai (29 de julho de 1894) Teresinha
escreve uma espécie de oração ou poesia como história familiar intitulada Oração
da filha de um santo (Poesia 8). Na primeira estrofe escreve:
Recorda-te de que outrora na terra
Tua felicidade era sempre nos amar.
De tuas filhas escuta agora a prece,
Protege-nos, digna-te nos abençoar.
Encontraste no céu nossa Mãe querida
Que já te precedera na Pátria eterna,
Agora nos céus
Reinais os dois
Velai por nós.
Fazemos nossas as palavras de Teresinha e
pedimos que o exemplo de Luiz e Zélia possa iluminar e fortalecer tantos casais
que,  animados pelo mesmo espírito de
santidade sigam adiante, formando seus filhos no amor a Deus amor ao próximo. Esta
é a parte mais sublime de sua nobre e desafiante missão. E ao mesmo tempo,
supliquemos ao Espírito Santo sua luz sobre o Sínodo dos bispos sobre a família
e sua missão no mundo de hoje: à luz da Sagrada Família sejam fermento do
Reino!



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