JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO. Solenidade. Encerramento do Ano Litúrgico de 2015.

JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO. Solenidade. Encerramento do Ano Litúrgico de 2015.



Mais uma vez o
ano termina… Para nós, católicos, o Ano Litúrgico não se encerra no dia 31 de
dezembro, mas, no próximo domingo, dia 22 de novembro, com uma linda
solenidade: “Jesus Cristo, Rei do
universo
”.
Parece “contraditório”
que um humilde carpinteiro de Nazaré, Filho de José e de Maria de Nazaré, que
depois se tornou um “rabi” (mestre) itinerante, seja um “rei”. Aos olhos do
mundo, aquele homem humilde jamais poderia ser rei… Cadê suas roupas
suntuosas? Cadê seus palácios? Quem eram seus súditos? Alguns homens da
Galileia e da Judeia, entre eles alguns pescadores? Realmente, apesar de sua
presença sempre “marcante” (talvez devido a seu porte, ou ao seu modo de ser,
talvez, quem sabe, à sua voz sonora ou ao seu olhar penetrante…), Jesus
aparentemente não tinha nada de rei…
Quando um dia
esse homem foi levado ao governador Pôncio Pilatos, este se espantou quando
seus acusadores disseram: “este homem se diz rei”… Imagino que aquele ímpio
mandatário romano deve ter olhado a Jesus de “cima a baixo”… Pilatos deve ter
visto em sua vida a muitos senadores, governadores, príncipes e até alguns
reis… Realmente, aquele pobre homem não se parecia nada com um deles…
Mas, vejam, que
até mesmo ele percebeu “algo diferente” em Jesus. Quando lemos e relemos a
narrativa dos santos Evangelistas, em nenhum momento percebemos Pilatos
“destratando” Jesus. Sinto até certo “respeito” por ele. Pilatos não era
acostumado a ser assim. Tinha fama de cruel, mandava executar os criminosos e
inimigos do império num “estalar de dedos”, sem o menor remorso… Não era do
seu feitio conversar com um prisioneiro como o fez com aquele judeu “diferente”
que lhe apresentavam os fariseus…
Jesus, em
resposta à pergunta: “Então, tu és rei”? Simplesmente respondeu: “Tu o dizes, sou rei. Porém, meu reino não
é daqui… Se meu reino fosse daqui, certamente meus guardas lutariam por me
libertar, porém, meu Reino não é deste mundo”
… Que resposta corajosa! O
que Pilatos terá pensado? Quem era aquele homem? Um louco? Um sábio? Só sei que
a resposta de Jesus foi serena, segura e incisiva…
Realmente, aos
olhos do mundo, aquele homem jamais poderia ser rei. Jamais! Mais o era. Jesus
verdadeiramente não era um homem comum. Apesar de “humilde carpinteiro” e de
“rabi itinerante”, Jesus também era da descendência direta de Davi. Mesmo
humanamente falando, era de “sangue real”. Davi era “seu pai”. Sábios do
oriente, atentos aos sinais das estrelas, conheciam bem a profecia que dizia: “E tu, Belém de , não és de forma alguma a
menor das cidades da Judéia”
. Eles, movidos pelos “sinais da natureza”,
saíram de suas longínquas terras para encontrar esse menino-rei… Era um rei
“diferente”, pois, até mesmo o cosmos se rendia à sua majestade e uma nova
estrela surgia no céu para marcar sua vinda ao mundo… “Vimos sua estrela no
céu”… Sua estrela! Já pensou? Um astro novo surgia no céu para marcar e
honrar aquele “pobre menino” de Belém. Homens sábios e ricos do oriente
deixaram tudo e todos, viajaram durante muitos dias para conhece-lo.
“Viemos para adorá-lo”, disseram os
magos… Como assim “adorá-lo”? Não se adora somente a Deus? “Eu e o Pai somos um” uma vez disse
Jesus… Sim.. Aquele pobre carpinteiro, rabi itinerante, que “não tinha onde reclinar a cabeça” se
declarava “Deus”. Se era Deus, portanto, tudo era seu: todas as coisas criadas,
as visíveis e as invisíveis. A Judeia, a Galileia, o mundo, o universo e o Céu,
eram seus… “Jesus Nazareno, rei dos
judeus”
, estava escrito na placa colocada em sua cruz… Até mesmo o ímpio
Pilatos, movido por uma “força estranha”, o declarava…
Mas, Jesus disse
que seu reino “não é daqui”… Que
significa? Esse “novo rei”, da descendência e estirpe de Davi, a cuja presença
até o céu parecia reverenciar, não seria também rei do mundo? Jesus, com essas
palavras, se contradizia?
Ah! Corações!
Almas! Como são importantes para Deus! Mil sóis, milhões de galáxias, estrelas,
cometas e mundos, não valem uma única alma. Como Deus as ama! Como são
preciosas para esse Deus as almas! O que Ele não fez, faz e faria por elas? Que
coisa “absurda” não chegou a fazer? Mandou à morte seu Único Filho, apenas no
intuito de salvá-las! Que valor, portanto não tem para Ele?
Almas, corações
e amor: são as únicas riquezas que Deus quer e deseja! São seus tesouros
preciosos. Seu verdadeiro Reino… Normalmente, um rei da terra se deleita com
seus exércitos, seu ouro, diamantes, rubis, esmeraldas, com seus castelos, com
suas terras… Mas, esse “rei diferente”, Deus, se compraz apenas com as
almas…
“Onde está seu tesouro, ali estará também seu
coração”
,
disse um dia o Senhor. Era nas almas que Jesus, assim como o Pai, punha seu bem
querer. Naquele momento, no palácio de Pilatos, Jesus não estava cercado apenas
por homens. O inferno também estava ali. Milhões de demônios, de anjos
decaídos, que negaram a Deus, que viraram “as costas” para Ele, estavam ali,
espreitando, observando aquele “manso cordeiro”, que se entregava à morte sem a
menor reação. Também aqueles homens, romanos e fariseus, movidos por uma
crueldade desmedida, estavam muito afastados do Reino e da realeza de Deus…
Quando Jesus disse: “meu Reino não é
daqui”
, não estava equivocado. Nada ali lhe pertencia. Aquele mundo que o
cercava não fazia parte de seu Reino. Com essas palavras Jesus sentenciava-lhes
também uma iminente condenação, caso um dia não se convertessem…
“Sim, sou rei”! Jesus exclama agora a cada um
de nós. Mas, também nos pergunta: “e vós, sois do meu Reino? A que reino
pertenceis? Quem é vosso rei? A quem seguis? Qual ou quais são seus tesouros”?
Que resposta lhe daremos hoje em sua solene festa? Ele é realmente nosso Rei? É
importante para nós? Obedecemos-Lhe as ordens? Deixamos que Ele nos governe?
Seus domínios atingem nossas almas e nossas vidas ou Ele não passa de um
“intruso incômodo”? Como isso é duro, irmãos e irmãs… Como isso é duro… Que
resposta Lhe daremos?
Jesus, Rei do
universo, quer, antes de tudo, ser o Rei de nossas almas, de minha alma. Quer
participar intimamente da minha vida, da sua vida. Interessante que é um Rei
que nos quer fazer felizes. Só isso. Nada mais. A grande maioria dos reis quer
ser servida. Esse “rei diferente”, quer servir. Esse “rei diferente” quer ser
meu amigo: “já não vos chamo ‘servos’,
mas, ‘amigos’”
.
Quem de nós não
ficaria todo feliz e orgulhoso se a rainha da Inglaterra ou o rei da Espanha
fossem nossos amigos? Já pensaram? Que honra, não é? Pois bem, o Rei do
universo quer ser meu amigo, seu amigo. Quantos sequestrados, felizes,
aliviados e emocionados, não abraçam calorosamente quem os liberta após dias de
sequestro… Pois é: esse “rei diferente” deu sua vida por mim. Pagou meu
resgate. Libertou-me do cativeiro onde eu estava sequestrado. Um cativeiro que
me levaria à morte. Sou livre graças a Ele. Emociono-me da mesma forma?

Jesus, Rei do
universo, perdão. Perdão por não Vos amar como mereceis, meu amigo. Perdão por
meu coração ainda não ser o reino que quereis que ele seja. Perdão por minha
ingratidão, por minha tibieza, pelos muitos “reis” que eu coloquei nele e que,
ocupam espaços que deveriam ser somente seus. 
Ó Jesus-Rei, reinai em mim… 

(Giovani Carvalho Mendes, ocds)




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