Testemunho – Fernando Alcici, ocds.

Testemunho – Fernando Alcici, ocds.


Celebração de um Jubileu

Celebrar o Jubileu de Prata Carmelitano é cantar as misericórdias do Senhor sobre mim nestes vinte e cinco anos de vida carmelitano-teresiana.
Recordo os últimos meses do distante ano de 1989, quando, vivendo uma grande “falta” em minha vida, após alguns anos de afastamento da vida sacramental, mesmo sem ter deixado morrer a semente, saí a procura do meu Amado, querendo retornar a vida de oração.
Inicialmente, morando perto do Santuário de São Judas, no bairro da Graça, ali encontrei o testemunho das Mestras de Santa Dorotéia, filhas dos Sagrados Corações, que me atraiu novamente para a vida sacramental e oração litúrgica. Comecei a participar da missa diária e querendo sempre mais, nos meus distantes caminhos para o trabalho, encontrei um Carmelo, na proximidade da festa de Santa Teresa de Jesus.
Deus respondia a minha busca, o meu desejo de maior intimidade com Ele. Se era verdade que eu o buscava, muito mais Ele me atraía e me desejava, sem mérito algum de minha parte; era o encontro do Criador e da criatura, exilada há alguns anos do seu Eu mais profundo, e da miséria com a Misericórdia. Como derramava lágrimas de alegria por causa da nossa reconciliação, lágrimas de tristeza, por ter ficado tantos anos aparentemente longe do Amado.
Comecei em outubro de 1989 a participar da adoração Eucarística, da reza das Vésperas e da missa diária na Capela das Carmelitas de Santa Teresa, congregação filiada ao Carmelo Descalço, no retorno do meu trabalho.
Tudo era novidade e me atraia, com todos os meus sentidos. Tudo tinha gosto, cheiro, textura, som e prazer. Pensei: encontrei o meu lugar na Igreja, aqui é meu lugar. Novo sentido para a vida, maior alegria e força para viver o peso de uma dedicada vida aos doentes, aos amigos e à família. Tudo parecia novo, a realidade ganhava um novo colorido, amadurecia e descortinava uma nova maneira de viver e ver o mundo.
No início de janeiro de 1990, houve capítulo dos Frades Carmelitas Descalços e a Teologia retornou a Belo Horizonte, com seus estudantes. Com eles, veio o propósito de dar inicio a comunidades seculares.
E aconteceu, fundaram-se três comunidades em Belo Horizonte, a 21 de junho de 1990 e eu que já frequentava o Carmelo do Planalto, incorporei ao grupo lá, sob a coordenação de Irmã Rosângela Fregonesi, carmelita de Santa Teresa e a assistência espiritual de Frei Luis Filipe Pitta Azinhais Mendes OCD. Foi criada uma coordenação provisória e eu escolhido como mestre de formação, apesar de então conhecer pouco nossa espiritualidade, mas ávido, lia os livros na frente.
Tínhamos reuniões mensais, foi impressa a então norma de vida dos carmelitas descalços seculares, que íamos lendo e relendo e nunca faltava o canto da Salve Regina. O grupo foi crescendo em aprendizado e na absorção do estilo carmelitano de ser e foram perseverando aqueles que realmente eram chamados, mistério vocacional, dom de Deus e correspondência nossa. Os exemplos das irmãs Carmelitas de Santa Teresa, dos frades e das Monjas ajudavam a formar a identidade camelitana laical, seja no convívio cotidiano, seja participando da vida litúrgica, retiros, encontros, recreios comunitários, além das leituras e oração.
No segundo ano da vida carmelitana fui a São Roque (outubro de 1991), para o Congresso Provincial da OCDS, ainda muito simples, todo organizado pelos frades, tendo como líder e grande entusiasta, o querido frei Patricio Sciadini. Minha visão se ampliou, encontrando seculares de outros lugares, a maioria, idosos, eu o caçula, no local, que sempre foi e será sempre minha paixão, o Centro de Espiritualidade Teresiano.
Tudo era novidade para mim, a oração mental no estilo teresiano, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha, mistério a me fascinar e atrair. Pensava também quero entrar neste Castelo, chegar a sétima Morada e haviam irmãos a me estimular, a aumentar o meu desejo de uma vida de intimidade com o Senhor.
O ano do quarto centenário de morte de São João da Cruz (1991) foi decisivo e serviu como incentivo nesta busca, um mergulho em suas obras. Há uma outra vida, a vida interior, que precisa ser desenvolvida, conhecida e trilhada, pensava eu nesta época.
Elias foi uma figura que me atraiu e graças a meu “ecumenismo”, que buscava conviver com os frades da Antiga Observância e as Carmelitas da Divina Providência, fui beber na sua Fonte e vi que não poderia ser teresiano-joanino, sem ser eliano, o homem de Deus. A regra de Santo Alberto, com seus valores, norteava minha vida e queria conhece-la e compreende-la sempre mais.
Em 14 de setembro de 1992, fiz as Primeiras Promessas no Carmelo Secular Teresiano, contando a partir desta vida o meu Jubileu de Prata e no dia 16 de setembro de 1995, as Promessas definitivas.
Com o tempo, vieram as funções na Comunidade como Presidente, ora como Mestre de formação e também na Província, como conselheiro provincial, presidente da comissão do Congresso Provincial e o melhor de tudo, um dos representantes do Brasil no Congresso Mundial do Carmelo secular, no México, em setembro de 2000, juntamente com cento e sessenta carmelitas de quarenta países. Meu coração vibrou de emoção e alegria, queria me comunicar e conhecer a todos e só tinha uma linguagem, a do amor, já que não falava línguas, além do português e um limitado inglês.
Sou muito grato ao Senhor por fazer parte desta linda família na Igreja e que a marcha do tempo sempre me encontre com aquele amor apaixonado pelo Carmelo dos primeiros tempos, por seus membros e pela sua espiritualidade.
As misericórdias do Senhor eternamente eu cantarei, fazendo minhas as palavras de minha Santa Madre, Santa Teresa de Jesus, de quem levo o nome no Carmelo.

*Texto enviado pela Comissão Vocacional OCDS

1 Comment

  • Ana Maria
    11/10/2017

    Louvo a Deus por este testemunho que ajuda a reavivar nosso caminho.

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