3o DOMINGO DA QUARESMA

3o DOMINGO DA QUARESMA

Destruí, este Templo, e em três dias o levantarei

Hoje, 03 de março, terceiro domingo da quaresma, o Evangelho ajuda-nos a mais uma vez nos recordar da importância deste tempo litúrgico, um tempo de conversão e de renovação. Mas, uma verdadeira e autêntica renovação não se dará, se não realizarmos, corajosamente, uma revisão da nossa própria vida, da qualidade da nossa oração, e do quão íntimos estamos do nosso Senhor Jesus… Do quanto a nossa vontade está em sintonia com a d’Ele…

O Evangelho de hoje é riquíssimo: trata-se de  João 2, 13-25, que nos diz que Jesus, um dia, subiu ao Templo de Jerusalém; ali encontrou gente que vendia, falava alto… Eram vendedores e também cambistas… Ele indignou-se, fazendo com umas cordas um chicote, expulsando a todos do templo, com as ovelhas e os bois. O texto descreve que Jesus espalhou o dinheiro dos cambistas e derrubou suas mesas, dizendo : “ Tirai daqui estas coisas! Parai de fazer da casa de meu Pai um mercado!” Esta reflexão é de tamanha importância que é descrita pelos quatro Evangelistas, sendo que nos Sinóticos se acrescenta: “Está escrito: Minha casa será chamada casa de oração. Vós, porém fazeis dela um covil de ladrões!”

 Sabemos o quanto o nosso Senhor foi perseguido, ultrajado, insultado, flagelado e crucificado… permanecendo na linguagem do silêncio, do Amor. Mas, ao ver o local do encontro entre Deus e a humanidade sendo ameaçado, é consumido de zelo amoroso… “O zelo por tua casa me devorará”- recordaram-se os discípulos em Jo2, 17.

O Cardeal Raniero Cantalamessa, ao refletir sobre este Evangelho afirma: “A purificação do Templo é um gesto messiânico. Quer indicar o início de um novo tempo, escatológico, em que são oferecidas finalmente a Deus as ofertas como convém e se adora a Deus em espírito e verdade (cf. Jo 4,23).

Gabriel de Santa Maria Madalena também comenta sobre a liturgia de hoje: “Israel não foi coerente com a fidelidade prometida no Sinai. Muitos foram os desvios, os abandonos, as traições…Era necessário que Jesus viesse restaurar a lei antiga, completa-la, aperfeiçoá-la, sobretudo no sentido do amor e da interioridade. Sob esta luz deve-se considerar o gesto ousado de Jesus ao expulsar os vendilhões do templo…a religião não pode servir de apoio aos interesses egoístas e ambiciosos. Jesus purificou o tempo na véspera da páscoa dos Judeus e a Igreja, ao aproximar-se da Páscoa dos Cristãos, repete o gesto, convidando os fiéis a purificar o templo do próprio coração para que ele suba a Deus mais puro.”

É tempo de refletir, não apenas nas nossas Igrejas, mas no nosso Castelo Interior, no Templo do Espírito Santo que somos nós… Como está o nosso espaço de encontro com o Senhor, como está o nosso templo interior?

O Senhor Jesus, nosso Deus libertador, adverte-nos para que uma “Casa de Oração”, não se transforme num covil de “ladrões”… e quantas coisas tem, de fato, nos roubado dos braços de Deus… Quantas buscas vãs, desejos desordenados, vícios, redes sociais, que tem roubado o nosso tempo, o nosso silêncio interior, impedindo-nos de estar à sós com aquele que sabemos que nos ama…quantos e quanto vendilhões estão em nosso tempo interior roubando-nos do essencial, que e Deus?

Como nos escreve S João da Cruz: “O que não se deixa levar pelos apetites, voa ligeiro segundo o espírito, tal como a ave a que não faltam penas”- (D 23)

Permita que, nesse tempo quaresmal, Deus faça em sua vida essa purificação interior

Que o Senhor nos dê a graça, de expulsar a tantos “vendilhões”, “ladrões”- para que livres,  possamos adentrar no abraço do Amor Eterno e Trinitário do nosso Deus.

Oremos:

 

 “Ó Deus, autor de toda misericórdia e bondade, que indicaste o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado, acolhei benigno esta confissão da nossa humildade, para que, reconhecendo as nossas faltas, sejamos sempre regenerados pela vossa misericórdia Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espirito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amem!”

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Amém

Bendigamos ao Senhor, demos graças a Deus!

 

Referências Bbliagráficas

 

  1. OBRAS COMPLETAS, Sã João da Cruz. Ed. Vozes, São Paulo. Ditos de Luz e Amor 23
  2. INTIMIDADE DIVINA, Gabriel de Santa Maria Madalena. Ed. Loyola, SP, 2002. Pg 213.

 

Ana Catarina da Santíssima Trindade, ocds

Maria de Jesus Crucificado, ocds

Comissão Espiritualidade – Província São José

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