
28 de Março – NASCIMENTO DE TERESA DE JESUS

NASCIMENTO DE SANTA TERESA DE JESUS
DATA DE NASCIMENTODom Alonso Sánchez de Cepeda escreveu no livro onde registrava “os nascimentos de seus filhos e de suas filhas” :
“na quarta-feira, vinte e oito dias do mês de março de quinhentos e quinze anos, nasceu Teresa, minha filha, às cinco horas da manhã, meia hora mais ou menos, que foi a dita quarta-feira quase amanhecendo. Foi seu padrinho Vela Núñes e madrinha Dona Maria Del Aguila, filha de Francisco Pajares.”
LUGAR DE NASCIMENTO
O lugar do nascimento oscila, historicamente, entre o casario da cidade e a fazenda senhorial de Gotarrendura, aldeia de Ávila, onde seus pais costumavam passar a invernação e celebrar os sucessos íntimos da família; residência também da avó Dona Teresa de lãs Cuevas, que lhe daria seu nome, cujas fazendas, desde a conquista de Navarra, eram administradas por D. Alonso.
Aquele nascimento trazia alegria a todos. Pouco antes nascera o segundo filho, Rodrigo, e a jovem mãe olhava, cheia de ilusões, sua primeira filha e futura confidente.
A notícia correu como um grito de alvoroço entre os devedores e amigos e todos se prepararam para celebrar o batizado, uns dias depois, na paróquia de São João, onde seus pais freqüentavam.
Alguns autores supõem que o batizado foi no mesmo dia do nascimento, fundamentados no que D. Alonso apontou as duas coisas numa mesma nota. Na Espanha, era costume batizar dentro da oitava do nascimento.
As testemunhas, que declararam nos Processos, não assinalaram o dia preciso, confiando, sem dúvida no costume geral: os primeiros testemunhos são muito tardios. Em 1662, constava em uma inscrição colocada na pia batismal, e D. Maria de Pinel, historiadora do convento da Encarnação, assegurava que foi batizada no dia 4 de abril, no mesmo dia que se disse a primeira missa no referido convento. A suposição de D. Maria de Pinel, fundamentada no costume espanhol de se batizar ao oitavo dia, era, neste caso, pouco segura. Sabemos que em algumas ocasiões divergiam esta data.
No caso presente, havia razão para isto. Uma quarta-feira santa era pouco indicada para tal solenidade. Se a recém-nascida haveria de ser transferida desde Gotarrendura, poderia se pensar que as próximas Páscoas seriam marcos mais oportunos.
Em troca, está confirmado, por vários depoimentos, o lugar, que foi a igreja paroquial de São João: declarou-o “com certeza” o beneficiado de tal igreja, D. Juan de Santacruz; afirmou-o, como coisa averiguada, Isabel Bautista, e faz-se constar no Livro Becerro de San José de Ávila e algum outro testemunho.
Seu padrinho de pia foi D. Francisco Núñes Vela, irmão de D. Blasco, futuro vice-rei do Peru. Isto dá a entender que havia laços de amizade entre ambas as famílias.
A Madrinha, Dona Maria del Aguila, era filha de Francisco Pajares, depois cunhada de Pedro de Cepeda.
NOMINAÇÃO
TRAÇOS DE TERESA
Ela se enaltecia, infinitas vezes, “de ser discreta, santa e formosa.” E de ser como era tão menosprezada de si, ela também “acreditava que era discreta e formosa.”
Eis aqui, com palavras dos primeiros biógrafos, o seu retrato:
“Tinha, em sua mocidade, fama de ser muito formosa e até a idade derradeira mostrava sê-lo.”
“Era de estatura mediana, mais alta que pequena, mais gorda que franzina e tudo muito bem proporcional.”
“Corpo algo avultado, vigoroso, muito branco e (como depois de morta se viu) limpo, suave e cristalino, que de alguma maneira parecia transparente.”
“Rosto nada comum: não se pode dizer nem redondo e nem pequeno, de cor branca e encarnada, especialmente nas faces, que se parecem mescladas de sangue com leite.”
“Tinha cabelos negros, limpos, sedosos e ligeiramente ondulados.”
“Sobrancelhas algo espessas, de cor rubro escuro com pouca semelhança de negro, pêlos curtos e bem arrumados, não muito em arco mas um pouco retas.”
“Olhos negros, vivos, redondos; não muito grandes, mas bem colocados, um pouco empapuçados e rindo se riam todos e mostravam alegria e por outro lado muito graves quando ela queria mostrar gravidade.”
“Nariz bem destacado, antes pequeno que grande, a ponta redonda, um pouco inclinada para baixo, com narinas pequenas.”
“Boca nem muito grande nem pequena, lábio superior delgado e o inferior mais carnudo e um pouco caído, de muita beleza e colorido.”
“Dentes iguais e muito brancos.”
“Buço bem formado.”
“Orelhas pequenas e bem feitas.”
“Garganta larga, muito branca e alta.”
“Mãos muito lindas embora pequenas, pés bonitos e bem proporcionados.”
“No rosto, ao lado esquerdo, três pintas vistas como verrugas, pequenas, começando abaixo da boca e outra entre a boca e o nariz e o último no nariz, mais para baixo do que para cima.” “Proporcionava grande alegria mirá-la e ouvi-la, porque era muito agradável e graciosa em todas as suas palavras e ações.”
“Tinha um ar gracioso no andar, no falar, no olhar e em qualquer ação ou qualquer maneira de semblante que mostrasse. A roupa que vestia, quer fosse o pobre hábito de sua Ordem ou um trapo velho e remendado que ostentasse, tudo lhe caía bem.”
O CARÁTER DE TERESA
DEVOÇÕES DE TERESA
Contava muito em ser devota de Nossa Senhora e de alguns Santos .
Anos depois, encontrou-se, em seu breviário, uma lista com os nomes de sua devoção particular. Alguns deles, em número mais ou menos conhecidos, faziam parte da lista, como:
N.P. São José – Santo Alberto – São Cirilo – Todos os Santos da Nossa Ordem – Os Anjos – O Anjo da Guarda – Os Patriarcas – São Domingos São Jerônimo – O Rei Davi – Santa Maria Madalena – Santo André – Os Dez mil Mártires – São João Batista – São João Evangelista – São Pedro e São Paulo – Santo Agostinho – São Sebastião, mártir – Sant´Ana – SÃo Francisco – Santa Clara – São Gregório – São Bartolomeu – O Santo Jó – Santa Maria do Egito, eremita e penitente – Santa Catarina, mártir – Santa Catarina de Sena – Santo Estevão, mártir – Santo Hilário – Santa Úrsula, mártir – Santa Isabel da Hungria – O santo da sorte – Santo Ângelo.
Fora estes, e a uns mártires e solitários, cujas vidas a entusiasmaram pela leitura do Flos Santctorum, podemos quase, com segurança, assinalar como herança materna a devoção aos anjos, especialmente a São Miguel e ao Anjo da Guarda; o santo de sua sorte, que era Santa Dorotéia, São João Batista, São João Evangelista e especialmente Sant´Ana. Sabe-se também que D. Lorenzo de Cepeda era devotíssimo da mãe da Virgem, provavelmente desde a sua infância. O motivo desta devoção, tão arraigada nas tradições populares da Espanha, era sua relação com a Virgem Maria. Por motivos idênticos entrou a devoção a São Joaquim e a São José especialmente. Os carmelitas e franciscanos propagaram, entusiasticamente, entre o povo, a Summa de Donis Sancti Ioseph.
Assim era Teresa de Ahumada.
Fonte: “Tiempo y Vida de Santa Teresa” Efrén de la Madre de Dios, OCD y Otger Steggink,O.CARM
Biblioteca de Autores Cristianos – Madrid – MCMXCVI
Tradução livre somente para informação, sem fins lucrativos,
por Dyonisio da Silva , ocds