14 de dezembro de 2014: VIVA SÃO JOÃO DA CRUZ, NOSSO PAI!

14 de dezembro de 2014: VIVA SÃO JOÃO DA CRUZ, NOSSO PAI!

“Vim ao mundo trazer fogo…
Quem me dera que eu pudesse
ateá-lo em toda a terra”! 
Hoje, dia 14 de
dezembro, há quatrocentos e vinte e três anos atrás, após uma curta, porém,
riquíssima vida, partia para a “Chama de Amor Viva”, nosso amado pai São João
da Cruz!
Quando penso na
possibilidade de nosso amado pai ter sido um santo “famoso”, isto é, cheio de
dioceses, paróquias, colégios ou hospitais que o tivessem como patrono, me
pergunto: o que nós, carmelitas descalços, fizemos ou deixamos de fazer para
que ele não ter tido a mesma fama de um “São Francisco”, de um “Santo Antônio”
ou de uma “Santa Teresinha”?
Parecem
pensamentos muito simplórios, mas, perdoem-me se os tenho. Gostaria muito que
São João da Cruz, no dia 14 de dezembro, fosse reverenciado por todos! Que
procissões, quermesses e muitas festas fossem feitas em centenas, quiçá,
milhares de paróquias pelo mundo inteiro! Porém, isso não acontece. Ele é
lembrado, sim, nos mosteiros das monjas, nos conventos e paróquias dos frades e
nas comunidades dos seculares…
Quem me dera que vocês, 
meus filhos e filhas, 
O amassem como eu O amei”... 
Faltou
propaganda? Faltou algum incentivo? Ou fizemos a propaganda de forma errada?
Será que nosso pai ficou no “imaginário” como um santo “impossível” ou “esquisito”,
que possa ter causado até mesmo certa estranheza em muitos corações? Será que a
austeridade de nosso pai fez com que achássemos que ele, lá no Céu, não
precisaria de tanta festa aqui na terra? Não sei…
Lembro a todos
que São Francisco, por exemplo, não foi também um “santo bonitinho” ou “engraçadinho”,
mas, que também se enquadraria no rol dos santos austeros, penitentes, que
viveram radicalmente a pobreza e o desapego evangélicos, que se vestiam com
rudes e pobres hábitos, que faziam jejuns rigorosos, que amavam a cruz, que
faziam sacrifícios duríssimos, etc.. Porém, “alguém”, soube “vender” muito bem
o “peixe” de São Francisco…
Talvez – falo isso
até com bom humor – se nós descalços tivéssemos “contratado” essa pessoa (a que
fez muito bem a propaganda de São Francisco ou de Santo Antônio, por exemplo),
nosso Santo Padre seria muito, mas, muito mais famoso… Quem sabe? Muitos
abririam a boca para dizerem que leram seus escritos, que adoraram a leitura “daquele
livro” que fala de sua vida, que assistiram emocionados “aquele filme” ou “aquele
seriado” que narram os anos e acontecimentos maravilhosos de sua passagem pela
terra… Quem sabe os milagres hoje em dia, narrados pelos milhares de romeiros
que visitassem seus santuários, seriam muito, muito mais abundantes… Não
sei…
“No meu tempo, lutei contra muitos
demônios… Quais são os ‘demônios’
que hoje vocês deverão enfrentar”?
Acredito sim,
que os tempos atuais, tão sedentos de Deus, clamam por um São João da Cruz!
Acredito que chegou o momento, que está chegando a hora de nós carmelitas, sairmos
de nosso comodismo e, finalmente, pregarmos mais sobre ele bem como sobre nossa
amada mãe Teresa… Quantos não se beneficiariam!
Quantos
sofredores não encontrariam em seus escritos e palavras o refrigério que
necessitam! Quantos trabalhadores, que de sol a sol saem diariamente para os
campos, fábricas, oficinas, colégios, ruas e hospitais, não encontrariam no
exemplo de trabalho de nosso pai a luz que precisam para responderem a seus
“porquês” e “para quês”… Quantas pessoas verdadeiramente “crucificadas” na
depressão, na doença, nas perdas, nos lutos e no “vazio” de suas existências,
não encontrariam nesse santo irmão um companheiro de caminhada que os animassem
e sarassem suas feridas? Quantos evangelizadores, agentes de pastoral,
catequistas e missionários não teriam sua força apostólica revigorada e
iluminada pelos escritos de nosso pai? Ah! Que sonho!
“Em minha vida busquei
somente a Deus. Foquei no
essencial. Deus era minha
única meta e meu único amor.
Sejam felizes como eu fui”…
Estamos em pleno
século XXI. O século do relativismo, do secularismo, do ateísmo, do egoísmo, da
busca desenfreada pelo prazer, pelo ter e pelo poder. O século no qual termos
como “mística”, “religiosidade” ou “meditação”, são interpretados de forma completamente
errônea e fantasiosa. Um novo “pelagianismo” e um novo “maniqueísmo” dominam as
mentes e consciências, mesmo a de gente muito boa… Até, pasmem, de muitos
católicos! “Anjos cabalísticos”, previsões astrológicas, “forças cósmicas”, “energias
positivas”, “chacras” ou “mentalizações” são cada vez mais invocados e
utilizados para curar corações, corpos e mentes feridos…


“Deixei tantos escritos,
meus filhos e filhas…
Tantos  avisos, conselhos e
recomendações… Saiam
de seu egoísmo e ponham
o olhar e o coração no Amado”!
Chegou a hora,
irmãos e irmãs! Chegou a hora… Vamos “arregaçar as mangas”. Mãos à obra. Os
meios de evangelização estão aí ao nosso dispor. A tecnologia poderá ser usada
a nosso favor. Temos que sair de nosso “mundinho feliz” e partir intrepidamente
para o “campo de batalha”. Chegou a hora de evangelizarmos com o que temos. De
adaptarmos aos tempos hodiernos e às necessidades do homem e da mulher modernos
o que ensinam o “Noite Escura da Alma”,
a “Subida do Monte Carmelo” ou o “Cântico Espiritual”. Chegou a hora de
gritar ao mundo o amor de Deus com a mesma ênfase que nosso pai o fez quando
falava da “da Chama de Amor viva que ternamente fere”, de dizer ao mundo que o
essencial é Deus, que Ele é tudo! Que nós, sem Ele, somos nada…

Feliz dia de São
João da Cruz!  

(Giovani Carvalho Mendes, ocds) 

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