1º DIA – I Semana Missionária da OCDS

O CARMELO, IGREJA DOMÉSTICA EM SAÍDA MISSIONÁRIA

A Igreja em saída é a comunidade missionária que faz a experiência de Jesus ao vivenciar e pregar o amor, “experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cfr. 1 Jo 4,10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG 24). Com outras palavras: “A causa missionária deve ser (…) a primeira de todas as causas” (EG 15).

Qual é a finalidade dessa saída? Para uma pastoral em chave missionária (EG 33ss), a Evangelii Gaudium propõe uma metodologia com cinco pilares:

a. A escuta da Palavra de Deus para conhecer a Sua vontade. Essa escuta atenta leva o discípulo missionário a assumir a missão de Deus em sua vida. “A Sagrada Escritura é fonte de evangelização” (EG 174).

b. O abandono do cômodo critério pastoral, seu imobilismo e tradicionalismo: “fez-se sempre assim” (EG 33). Levar em conta as realidades da comunidade, paróquia e diocese, considerando as periferias sociais, geográficas e existenciais para que a saída tenha um objetivo bem concreto: ir ao encontro das pessoas em suas realidades.

c. O “ouvir a todos” (EG 31). Esse critério faz parte de um “processo participativo” que promove “uma comunhão dinâmica, aberta, missionária” (EG 31) e sinodal.

d. A “saída de si próprio para o irmão” (EG 179). A Igreja em saída é uma Igreja despojada com portas abertas para o outro com suas feridas e esperanças (cfr. EG 46). No outro “está o prolongamento permanente da Encarnação para cada um de nós” (EG 179). A “resposta à doação absolutamente gratuita de Deus” (EG 179) é a saída de si como uma “absoluta prioridade” da vida cristã. “A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isto é, finitivamente, a missão” (EG 10).

e. O concentrar-se “no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário” (EG 35). “As elaborações conceituais hão de favorecer o contato com a realidade que pretendem explicar, e não nos afastar dela” (EG 194).

A ordem secular do carmelo no Brasil é cada vez dinâmica e criativa na escuta da palavra de Deus e da Igreja. O Papa Francisco desde o incio do seu pontificado tem falado de uma Igreja em saída… que não espera os fiéis mas procura os cristãos adormecidos. Despertar uma nova maneira de ser Igreja, neste tempo de missão, e de anúncio onde todos somos chamados a sermos discípulos e missionários de Jesus.

Santa Teresa d’Ávila sentiu que era necessário superar todas as dificuldades e as divisões internas presente naquele tempo na Igreja que vivia uma ruptura da sua unidade através dum amor renovado. Ela percebeu que era urgente através da oração estar ao lado dos pregadores do evangelhos dos teólogos, para que a Verdade não padecesse. Este grito de amor não caiu na beira da estrada e nem em terrenos pedregoso, e nem foi sufocado pelos espinhos, mas caiu em terra boa no coração de todos os santos do Carmelo. O mesmo São João da Cruz deixava a solidão da sua cela para ir evangelizar os povoados ao redor do convento.O grande sonho do Pe. Gracian foram as missões, e ainda era viva a Santa Madre Teresa quando no dia 5 de abril de 1582, os primeiros carmelitas partiram para a Angola em Missão!

Mas a santa que mais soube acolher o desejo Missionário foi sem dúvida Teresa do Menino Jesus .Ela que com sua oração, o seu estímulo, a sua presença de irmã desde o carmelo de Lisieux acompanhou alguns missionários em nome do mesmo Carmelo. Ela que queria ser missionária para implantar a Cruz de Jesus nos cinco continentes, mas que não tendo possibilidade de fazer isto, usou o seu gênio missionário criativo e descobriu um novo caminho da missionariedade: serei missionária pela oração e pelo sacrifício. E na Igreja serei o amor e assim realizarei todas as vocações.

Depois dela todos os santos e santas e não santos e não santas do carmelo sentiram o desejos de amar mais Jesus e faze-lo amar através do ardor missionário anunciando a todos a alegria de ser católico .

Pertencer ao Carmelo gera necessariamente o desejo da missionareidade. Amar Jesus sozinho é pecado de egoísmo que nos impede de viver a dimensão da Igreja e devemos sempre descobrir novos horizontes de atuação.

A OCDS… EM SAÍDA MISSIONÁRIA

O coração que ama não pode esconder o amor. O incêndio não pode ser contido e por isso o espírito missionário nos impulsiona na busca de métodos novos para que o evangelho seja anunciado.

Como a OCDS pode ser missionária ?

Onde a OCDS deve ser missionária?

São perguntas que questionam a mesma igreja e as quais devemos dar uma resposta individual e comunitária. Não podemos fechar -nos em nós mesmos.

O Carmelo possui um patrimônio espiritual que eu ousaria definir único na Igreja: ser fermento de uma forte espiritualidade. O Documento de Aparecida nos fala que não podemos ser missionários sem uma forte experiência de Deus. A missão de comunicar vida de amor, ser testemunhos que não se podem colocar em discussão porque são realidades de vida.

A missão do Carmelo Secular não são tantos as obras sociais que sem dúvida podem existir, mas uma difusão vital e testemunhal do mistério da oração. Gerar na Igreja a consciência que a oração precede qualquer missionariedade. Qualquer atividade apostólica antes de se tornar realidade deve ser rezada .

Teresa do Menino Jesus não aprendeu o ardor missionário depois que entrou no Carmelo, mas na sua família . Os pais de Santa Teresinha eram autênticos missionários e marcavam presença na paróquias, nas atividades, na vida material e na vida espiritual. Antes de ser Carmelo em Saída devemos ser Carmelo formado no alicerce de uma espiritualidade orante e Teresiana, e depois sair para anunciar, para formar orantes que testemunhem uma forte vida de interioridade. Todos os meios podem tornar-se veículos de missionariedade, encontros, dia de oração, semana de espiritualidade, whatsaap, videos, blog…folhetos… A criatividade não é coisa que falte aos santos do Carmelo… o importante é ter o foco do que queremos anunciar. Cristo Jesus, a Virgem Maria peregrina da fé dos discípulos missionários de Jesus.

Onde a OCDS deve ser missionária?

Em todos os lugares onde o Carmelita secular se encontra… o Beato Francisco Palau dizia: “onde a Igreja me enviar, irei!” A disponibilidade deve ser a característica da missionariedade. Que possamos dizer: onde ninguém quer ir, eu irei!

Não se escolhe o lugar, onde nos encontrarmos devemos comunicar o conteúdo da nossa espiritualidade. É preciso ir!

Lugares de missão do Carmelita Descalço Secular:

1. A família dos membros da OCDS, devem ser família com uma forte vida espiritual para contagiar os que vivem ao nosso lado, um estilo de vida simples, o povo que vê uma família ir a Igreja juntos, rezar juntos é evangelizado. Isto me perece que é ser Igreja doméstica em saída e missionária numa sociedade onde a família é descartável ou não tem uma identidade unida e de fé. O livro história de uma família, a biografia dos pais de Santa Teresinha, são importantes para criar uma pastoral familiar que faz diferença e que comunica a espiritualidade carmelitana. Todas as famílias dos santos do Carmelo tem algo a dizer neste sentido.

2. A escola , o trabalho e lugar de ofício de cada um, onde nos encontramos nunca devemos ter vergonha de manifestar o nosso ser OCDS… não se trata de falar por falar ou de impor e nem de se considerar melhores, se trata, de revelar com a nossa vida que somos AMIGOS FORTES DE DEUS, que caminhamos juntos. Os santos onde passam sem dizer nada comunicam Deus também no silêncio amoroso.

3. Na Comunidade onde devemos insistir sempre sobre a característica do Carmelo que é a vida interior, a espiritualidade. A oração nunca nos afasta do povo; o amor do Papa Francisco para com Santa Teresinha do Menino Jesus me convenceu ainda mais que ela foi uma santa em SAÍDA … SEM SAIR.

O Carmelo em saída! Missionários e Discípulos anunciando Jesus e o seu evangelho.

Frei Patrício Sciadini, ocd. 

Rose Lemos, ocds.