1º DE JANEIRO

1º DE JANEIRO

Solenidade da Santa Mãe de Deus

A reforma litúrgica consagrou à Mãe de Deus a oitava do Natal, que coincide com o início do ano civil e que, conforme o Evangelho, é o dia em que impuseram o nome a Jesus: “Completados que foram os oito dias, foi-lhe posto o nome de Jesus” (Lc 2,21).
Com o tema do nome do Senhor, explicitamente recordado no Evangelho de hoje, harmoniza-se a primeira leitura com o texto da comovente bênção sacerdotal sugerida pelo próprio Deus: “Eis como abençoareis os filhos de Israel:dir-lhes-eis: o Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e te conceda sua graça!… Assim invocarão o meu nome… e eu os abençoarei” (Nm 6,23-27). Reservada outrora ao povo de Israel, a bênção do Senhor estende-se hoje a todos os povos, por intermédio de Jesus. É “em Cristo Jesus” que Deus abençoa “com todas as bênçãos espirituais” (Ef 1,3) cada homem que o procura com coração sincero. É em vista de Jesus, que volta “a ti a sua face e te dá a paz” (Nm 6,26). O melhor modo de começar o ano é invocando o nome de Deus para dele receber o dom precioso da paz. Pensar nesta criança de “oito dias” é pensar em sua Mãe. Assim, hoje, a Liturgia se dirige espontaneamente a Maria, a Virgem Mãe, presente de modo discreto em toda parte onde está seu Filho divino. Olhando-o, invoca a Igreja, para todos os fiéis, a intercessão materna de Maria. Ó Deus,… concedei-nos experimentar a intercessão daquela por quem nos tornamos dignos de receber o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso Filho.” A bênção de Deus adquire, por assim dizer, um toque materno: s]ao os fiéis abençoados em Jesus por intercessão de Maria, porque somente a pureza e o amor desta humilde Virgem os tornam “dignos de receberem o Autor da vida”, Jesus, Filho de Deus. A bênção do Senhor prometida a Israel, por meio de Jesus e de Maria, sua Mãe, atinja hoje todos os homens, e traga a cada coração graça e paz. “Deus nos seja propício e nos abençoe” (Sl 67,21).

A presença de Maria aparece com insistência nos vários textos litúrgicos, mas de forma velada, perfeitamente conforme ao caráter dela, toda humildade e silêncio. Na segunda leitura, São Paulo menciona-a, mas não a nomeia; salienta unicamente o fato do nascimento de Cristo de uma mulher: “Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher… para que recebêssemos sua adoção como filhos” (Gl 4,4-5). Realiza-se virginalmente a Encarnação do Filho de Deus, mas pela via normal da natureza humana; nasce de uma mulher, Maria. Por Maria vem viver, verdadeiro homem, entre os homens. Juntamente porque pertence à raça humana, porque é irmão dos homens na carne, pode Jesus resgatá-los e torná-los seus irmãos no espírito e, portanto, participantes de sua filiação divina. A graça de adoção chega aos homens através de Maria a qual, sendo Mãe de Cristo, é também Mãe dos que, em Cristo, se tornam filhos de Deus. Se no coração dos fiéis está “o Espírito do… Filho que clama: Abba, Pai!” (Gl 4,6), isto é devido – havendo Deus assim disposto – também à função materna de Maria Santíssima. Com igual discrição apresenta o Evangelho da Missa do dia Maria Santíssima no ato de cumprir seu ofício de Mãe. A narração de Lucas deixa entrever Maria que, logo após o nascimento de Jesus, recebem os pastores, alegremente lhes mostra Jesus (LG 57), e atenta ouve o que referem sobre as grandes coisas anunciadas pelo Anjo. Em seguida, enquanto “os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido” (Lc 2,20), Maria permanece junto do Filho e guarda consigo “todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19). Maria é Mãe de Jesus, não só porque lhe deu a carne e o sangue, mas também porque penetrou-lhes o mistério e se associou a ele de maneira mais íntima: “consagrou-se totalmente a si mesma… à Pessoa e à obra de seu Filho, servindo ao ministério da redenção em dependência dele e com ele” (LG 56). Por isso Maria é “para nós Mãe, na ordem da graça” (LG 61).

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD

Ó Jesus, considero este novo ano como uma página em branco que vosso Pai me apresenta e em que escreverá, dia por dia, o que dispôs em seu divino beneplácito. Desde já, no alto da página, escrevo com absoluta confiança: Senhor, fazei de mim o que vos aprouver. E no fim da página, ponho já meu Amém, assim seja, a todas as disposições de vossa divina vontade. Sim, ó Senhor, sim a todas as alegrias, a todas as dores, a todas as graças, a todos os cansaços que me preparastes e que me ireis revelando, dia após dia. Fazei que o meu amém pascal, sempre seguido do aleluia, pronunciado com todo o coração, na alegria de uma completa doação. Dai-me o vosso amor e a vossa graça e serei bastante rica.

Ir. Carmela do Espírito Santo, Escritos inéditos.

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