Santos Luís Martin e Zélia Guérin

Santos Luís Martin e Zélia Guérin

Luís Martin (1823-1894)
 
Nascido em Bordeaux em 22 de agosto de 1823, Luís Martin era o terceiro dos cinco filhos de Maria Ana Fanny Boureau e Pedro Francisco Martin, oficial do exército napoleônico. Três dos seus irmãos (Pedro, Maria e Ana Francisca) morreram ainda jovens, e a caçula da família, Sofia (de quem Luís era padrinho e por quem tinha grande afeição), faleceu com apenas nove anos. Após a aposentadoria do capitão Martin, a família foi morar em Alençon (em 1830), onde Luís foi educado com os irmãos das Escolas Cristãs.
 
Em 1842, Luís começou a aprender o ofício de relojoeiro. Durante três anos, esteve em Paris para aprimoramento profissional, período em que frequentou assiduamente o santuário de Nossa Senhora das Vitórias. Por volta dos vinte anos, tentou ingressar no Grande Mosteiro de São Bernardo, mas não foi admitido por não saber latim. De volta a Alençon, instalou-se, em 1850, como relojoeiro e joalheiro.
 
Tranquilo e piedoso, Luis dedicava-se com afinco ao trabalho e, nas horas livres, suas principais atividades eram a pesca e conversas com jovens do Círculo Católico fundado por seu amigo Vital Romet.
 
 
Zélia Guérin (1831-1877)
 
Zélia Guérin nasceu em 23 de dezembro de 1831 em Gandelain (departamento de Orne, na Normandia) e teve dois irmãos: Maria Luíza, dois anos mais velha (que aos 29 anos entrou para o Convento da Visitação de Mans, onde recebeu o nome de Irmã Maria Dositeia), e Isidoro, dez anos mais novo. Seus pais, Luísa Joana Macè e Isidoro Guérin (militar, assim como o pai de seu futuro esposo), rudes e severos, talvez não conseguissem traduzir em afeto o zelo que tinham para com os filhos. Zélia define sua infância e juventude como períodos “tristes como um sudário” (Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. História de uma alma: manuscritos autobiográficos. 2ª. ed., São Paulo: Paulus, 2008. p. 14). Enquanto o irmão caçula era alvo de todos os mimos, a ela e à irmã Maria Luísa (que seria ao longo da vida sua grande conselheira espiritual) nunca foi permitido sequer brincar com bonecas.
 
A família estabeleceu-se em Alençon em 1844, após a aposentadoria do pai de Zélia. Nessa cidade, Zélia estudou no convento da Adoração Perpétua, tendo-se mostrado sempre excelente aluna. Desde cedo, sentia-se inclinada à vida religiosa, mas, assim como Luís, não teve êxito nesse propósito. Chegou a pedir admissão entre as Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, mas a superiora julgou que ela não tinha vocação para o claustro.
 
Perto de completar vinte anos, fez uma novena à Virgem Imaculada pedindo conselho para a escolha da profissão e teve a inspiração que a levou ao empreendimento das rendas e a especializar-se no famoso “Ponto de Alençon”. Habilidosa e empreendedora, aos 22 anos ela abriu, com a irmã, um pequeno ateliê que depois tornou-se renomado graças à excelência dos produtos ali confeccionados.
 
A vida num autêntico lar cristão:
 
Luís e Zélia conheceram-se em abril de 1858, quando caminhavam sobre a ponte São Leonardo. A futura sogra, que frequentara o ateliê de Zélia, já havia falado ao filho da talentosa jovem. Em poucos meses, os enamorados casaram-se, em cerimônia realizada no dia 13 de julho de 1858, na Igreja de Notre Dame, em Alençon. Nos dez primeiros meses de casamento, viveram como irmãos. Porém, numa conversa com um sacerdote foram convencidos a ter uma prole numerosa, o que ia ao encontro do grande desejo de Zélia: uma vez frustrado seu intento de ser religiosa, pedira a Deus para ter muitos filhos e que eles fossem todos consagrados a Deus.
Entre 1860 e 1873, o casal teve nove filhos (7 meninas e 2 meninos). As cinco meninas que sobreviveram até a idade adulta seguiram a vida religiosa: Maria, Paulina, Teresa e Celina entraram para o Carmelo, e Leônia, para a Visitação.
 
Os momentos de grande alegria pelo nascimento de cada filho alternavam-se com períodos de profundo pesar pelo falecimento de quatro deles. Entremeada a isso, havia a apreensão com as doenças das crianças – para muitas das quais a cura era impossível ou muito difícil à época –, as preocupações com o trabalho e toda a carga de obrigações temporais esperada em uma família numerosa. Os sofrimentos, aceitavam-nos com serenidade e fortaleza; as alegrias eram vividas com gratidão; nas dificuldades, conservavam o ânimo e a coragem. Por tudo davam graças ao Bom Deus.
 
Conciliando a maternidade com o trabalho, a vivaz Zélia sempre priorizava os filhos, de cuja educação cuidava minuciosamente, atentando tanto para a alimentação e o vestuário quanto para a orientação moral e religiosa; ensinando a falar e a rezar; preocupando-se tanto com os estudos quanto com o lazer saudável (recitações, cantorias, jogos – atividades muito comuns na rotina da família Martin). Também com suas colaboradoras em casa e no ateliê (cerca de 15 mulheres) mantinha um clima alegre e fraterno. Tal ambiente, ao lado do talento de Zélia, contribuiu para o êxito do empreendimento, o qual prosperou tanto que Luis vendeu sua joalheria para um sobrinho e passou a cuidar das encomendas, entregas e da contabilidade do ateliê, fornecedor de rendas para a alta sociedade parisiense.
 
Luís, tão devotado às filhas quanto Zélia, dava-lhes uma educação firme e marcada pelo carinho. Ao mesmo tempo austero e divertido, adorava entreter-se com as meninas – para as quais muitas vezes fabricava engenhosos brinquedos – e levá-las para passeios.
 
No lar dos Martin, vivia-se o autêntico espírito cristão. Além do grande amor, unia o casal um intenso fervor religioso e um profundo apego a Nossa Senhora (todos os seus filhos tiveram “Maria” no nome). Logo após o casamento, puseram em casa a imagem da Virgem que se tornou o centro das devoções familiares – aquela que mais tarde sorriu para Teresa, curando-a instantaneamente de uma grave doença que quase a levou à morte (leia aqui sobre a origem da devoção à “Virgem do Sorriso”). A rotina do casal incluía missas diárias, comunhão frequente (tanto quanto possível na época) e adoração ao Santíssimo Sacramento, o hábito da confissão assídua, das peregrinações e retiros espirituais, a participação na paróquia, o seguimento fiel de todas as prescrições da Igreja.
 
Inúmeras eram as manifestações de caridade do casal – nas visitas a idosos, no auxílio aos pobres, na assistência aos doentes, na acolhida e disponibilidade para com todos. Certa feita, Luís levou para casa um epilético que encontrara na rua para prestar-lhe assistência adequada. Às vezes convidava mendigos para fazer refeições; não raro abrigava pessoas abandonadas. Em sua postura e seus atos, sempre enfatizava e ensinava às filhas – pelo exemplo – que a dignidade da pessoa independia das circunstâncias em que se encontrava. Por ter presenciado tantas e tantas cenas demonstrativas da virtude de seus pais, Teresa viria a dizer ao padre Bellière (um de seus irmãos espirituais), dois meses antes de morrer: “O bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do céu que da terra.” Essa é, aliás, a frase escrita sobre o túmulo do casal Martin.
Doença de Zélia:
 
Em outubro de 1876, numa consulta médica, Zélia fica sabendo que tem um câncer no seio já grande demais para uma operação bem-sucedida. Embora muito aflita com a notícia, prossegue com o ritmo de trabalho e devoções diárias até não poder suportar, pautando a vida pela esperança e fortaleza cristãs. Em junho de 1877 fez uma peregrinação a Lourdes com as três filhas mais velhas na expectativa do milagre da cura, que, não tendo ocorrido, tampouco a decepcionou. Consolou-a a promessa feita por Nossa Senhora a Bernadete: “Não vou fazê-la feliz neste mundo, mas no outro.” Na última carta escrita ao irmão Isidoro, em 16 de agosto, disse: “Se a Santíssima Virgem não me curou é porque chegou a minha hora e Deus quer que eu encontre repouso em outro lugar que não a terra.” Era dura para Zélia a idéia de deixar o marido e as filhas, mas aceitava com resignação os desígnios de Deus: “Se não me curo é porque será talvez melhor para eles que eu me vá.”
 
Seus últimos meses na terra foram marcados por intensos sofrimentos, dores atrozes, febre, hemorragia, desarranjo intestinal e toda sorte de desconfortos. Mas Zélia manteve a serenidade até a morte, em 28 de agosto de 1877. No momento de sua partida, estavam a seu lado o marido e o irmão Isidoro (a irmã Maria Dositeia morrera na Visitação sem saber quão doente Zélia estava). Logo depois vieram as três filhas mais velhas. A pequena Teresa, assim como Celina, despediu-se da mãe na manhã seguinte. Zélia foi enterrada junto aos 4 filhos falecidos.
 
A vida em Lisieux:
 
Como era desejo da esposa, e por insistência do cunhado, após a morte de Zélia o Sr. Martin mudou-se para Lisieux, onde se instalou na casa conhecida como “Buissonnets”. Ali estavam próximos dos tios maternos, Isidoro e Celina Guérin, que tiveram importante papel na educação das meninas.
 
Até entrar para o Carmelo, Maria era o “braço direito” do pai, ajudando-o a cuidar das irmãs mais novas e do lar, com a assistência de uma empregada. Em Lisieux, o Sr. Martin se desdobrava para minimizar a falta que Zélia fazia. Deixemos que a Santa das Rosas nos conte como transcorria a vida em família naquela abençoada casa: “Ah! como me era agradável, depois do jogo de damas, sentar-me com Celina nos joelhos de papai… Com sua bela voz, entoava canções que enchiam a alma de pensamentos elevados… ou então, embalando-nos de mansinho, recitava poesias inspiradas nas verdades eternas… Depois, subíamos para fazer a oração em comum, e a rainhazinha ficava só ao pé do seu rei, não precisando senão olhar para ele para saber como rezam os santos” (op. cit., p. 58). A caçula adorava pescar e apreciar a natureza nos frequentes passeios que fazia com o pai. Outra de suas atividades prediletas era a visita ao Santíssimo Sacramento, tão cara ao Sr. Martin que o levou a fundar em Lisieux, com a ajuda de seu cunhado, a Sociedade de Adoração Noturna ao Santíssimo.
Em 1882, Paulina ingressa no Carmelo; depois, em 1886, Maria segue o caminho da irmã; em 1888 é a vez da “rainhazinha” Teresa entrar para o claustro. Leônia ingressou nas Clarissas de Alençon em outubro de 1886, mas retornou a casa em 1º de dezembro; depois de duas entradas e saídas, instalou-se definitivamente na Visitação de Caen em janeiro de 1899. Mesmo sentindo tristeza pela separação das filhas, o Sr. Martin sempre agradeceu a Deus pelo sublime caminho pelo qual as levara. Quando Celina lhe contou do desejo de entrar para o Carmelo, ele lhe disse: “Vem, vamos juntos à presença do Santíssimo Sacramento agradecer ao Senhor a graça que concede à nossa família, e a honra que me faz de escolher para si esposas em minha casa…” (op. cit., p. 174). Celina, que cuidou do Sr. Martin até sua morte, ingressou no Carmo em 14 de setembro de 1894.
 
Um mês depois que Teresinha entrou para o Carmelo, o Sr. Martin ofereceu-se como vítima diante do altar da igreja de Notre Dame de Alençon (onde se casara). Em conversa com as filhas, assim relatou o fato: “Minhas filhas, estou chegando de Alençon, onde na Igreja de Nossa Senhora recebi graças tão grandes, e consolações de tal natureza, que formulei a seguinte oração: ‘Meus Deus, é por demais! Sim, sou feliz demais; dessa maneira não me é possível alcançar o céu; quero sofrer alguma coisa por vós! E eu me ofereci….’ Morreu-lhe nos lábios o termo vítima; não se animou a pronunciá-lo em nossa presença, mas nós o tínhamos compreendido!” (op. cit., p. 173).
 Doença de Luís:
 
Desde 1887, o Sr. Martin apresentava alguns sinais – então ainda esparsos – do que depois se descobriria ser uma arteriosclerose cerebral. Tivera dois ataques de paralisia nas pernas, mas recuperara-se bem. Em 23 de junho de 1888, em um dos lapsos de memória decorrentes da doença, desapareceu sem avisar a ninguém. A filha Celina e o tio Isidoro Guérin foram encontrá-lo no Havre quatro dias depois, em estado de grande confusão mental. Esses episódios se tornaram cada vez mais frequentes e provocavam enorme sofrimento em toda a família.
 
Sabendo das notícias, Teresa, que já se encontrava no Carmelo desde abril de 1888, ia perdendo as esperanças de que o amado pai pudesse participar da cerimônia de sua tomada de hábito. Porém, contrariando todas as expectativas, Luís recuperou-se para a solenidade, ocorrida em 10 de janeiro de 1889. Diz-nos Teresa: “A festa foi encantadora, e a flor mais formosa e deslumbrante era meu querido rei, nunca estivera tão formoso e imponente […] Foi o dia de seu triunfo, sua derradeira festa aqui na terra. Doara todos os filhos ao Bom Deus” (op. cit., p. 174).
 
A evolução da doença provocou a perda das faculdades mentais de Luís, obrigando a família a interná-lo – “Ele bebeu a mais humilhante de todas as taças”, diria Teresinha sobre a natureza da enfermidade do pai. Em 12 de fevereiro de 1889 foi levado para o hospital Bom Salvador, em Caen, e lá permaneceu até 10 de maio de 1892, quando retornou a Lisieux. Quando apresentava períodos de melhora, tratava de cuidar e confortar os outros doentes. Frequentava a capela e recebia a Eucaristia todos os dias enquanto pôde. Certa vez, disse a um dos médicos que o atendia: “Eu estive sempre habituado a comandar, e aqui tenho que obedecer. É difícil. Mas eu sei por que Deus me enviou essa provação. Eu nunca tive uma humilhação em minha vida; precisava de uma.”
 
Em 12 de maio de 1892, dois dias depois do retorno a Lisieux, levaram-no para aquela que seria sua última visita às filhas no Carmelo. Luís já mal podia falar e, na despedida, esforçou-se para dizer-lhes: “Até ao céu!”.
 
O Sr. Martin faleceu com 71 anos, em 29 de julho de 1894 – ocasião em Isidoro Guérin transferiu o jazigo da família para Lisieux.
 
Todos são chamados à santidade:
 
Como ressalta Eva Carlota Rava, professora de teologia espiritual na Pontifícia Universidade Lateranense (em Roma), “o fundamento da beatificação dos pais de Teresinha não é a santidade de sua filha, mas as virtudes heroicas que eles viveram em sua vida de esposos e pais”. Sua beatificação, portanto, não vem a reboque da santidade de Teresa. Inversamente, é bastante provável que a santidade de Teresa tenha muito que ver com o ambiente de fé, amor e virtude em que viveu na infância. O casal Martin viveu plenamente o sacramento do matrimônio, com total abertura à vida e aceitação de todos os sofrimentos e de todos os sacrifícios envolvidos nas suas obrigações temporais.
Bem antes da beatificação do casal, um documento do Concílio Vaticano II, a Constituição Dogmática Lumen Gentium, proclamada em 21 de novembro de 1964, fez reavivar na memória dos cristãos o fato de que também o matrimônio é uma via de santificação, já que “todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho”. Vejamos alguns trechos que corroboram essa declaração:
 
“Todos os fiéis se santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da própria vida e através de todas elas, se receberem tudo com fé da mão do Pai celeste e cooperarem com a divina vontade, manifestando a todos, na própria atividade temporal, a caridade com que Deus amou o mundo.”
 
“Finalmente, os cônjuges cristãos, em virtude do sacramento do Matrimônio, com que significam e participam o mistério da unidade do amor fecundo entre Cristo e a Igreja (cf. Ef. 5,32), auxiliam-se mutuamente para a santidade, pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos, e têm assim, no seu estado de vida e na sua ordem, um dom próprio no Povo de Deus (cf. 1 Cor. 7,7) […] Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um, especialmente a vocação sagrada.”
 
“Os esposos e pais cristãos devem, seguindo o seu caminho peculiar, amparar-se mutuamente na graça, com amor fiel, durante a vida inteira, e imbuir com a doutrina cristã e as virtudes evangélicas a prole que amorosamente receberam de Deus.”
Processo de canonização:
Os processos de canonização de Zélia e Luís foram instruídos separadamente pelas dioceses de Bayeux-Lisieux e de Séez entre 1957 e 1960 e enviados a Roma para apresentação à Congregação para as Causas dos Santos. Em 26 de março de 1994, reconhecida a heroicidade de suas virtudes, eles foram declarados Veneráveis pelo papa João Paulo II. A beatificação do casal ocorreu em 19 de outubro de 2008, na basílica de Lisieux (dedicada a Santa Teresinha), quando se celebrava o Dia Mundial das Missões (das quais a Santa das Rosas é padroeira). Foi estabelecido pela Igreja que a festa em honra dos esposos seja no dia do seu matrimônio.
 
O milagre que deu causa à beatificação foi a cura do italiano Pietro Schilirò, nascido em 25 de maio de 2002 com grave má-formação pulmonar, que segundo todos os médicos que o examinaram inevitavelmente o levaria à morte. A família e amigos dos pais do menino fizeram duas novenas a Zélia e Luís Martin. No dia 27 de julho, o menino deixou o hospital, inexplicavelmente curado. Em junho de 2003 foi reconhecida a origem milagrosa da cura.
 
Zélia e Luís são os primeiros pais de um santo a serem beatificados e o segundo casal a ser elevado à honra dos altares – o outro é formado por Luigi Beltrami Quatrocchi e Maria Corsini, beatificados em 2001 por João Paulo II. A primeira festa litúrgica do casal Martin ocorreu em 12 de julho de 2009, em Lisieux, e foi presidida pelo arcebispo de Milão, cardeal Dionigi Tettamanzi, que apresentou o processo para a cura do pequeno Pietro.
 
Papa Francisco anuncia a canonização dos pais de Santa Teresinha 
 
O Papa Francisco presidiu, na manhã de sábado, 27 de junho, no Vaticano, à celebração da Hora Terceira e o Consistório Ordinário Público para a Canonização de quatro novos Santos. Entre eles estão os cônjuges Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin, pais de Santa Teresa de Lisieux.
 
Luís e Zélia Martin – como são conhecidos – foram beatificados em 19 de outubro de 2008 pelo então Papa Bento XVI e sua canonização foi a primeira na história deste tipo. Agora, o casal Martin serão canonizados no ano em que acontece o Sínodo para a Família, a ser realizado em outubro, no Vaticano.
Luís e Zélia Martin são os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira das missões e uma das santas mais queridas pelo Papa Francisco, proclamada doutora da Igreja pelo Papa São João Paulo II em 1997.
 
Casal Martin
 
Casados em 1858, Luís e Zélia tiveram nove filhos, dos quais quatro morreram na infância e cinco seguiram a vida religiosa.
As 218 cartas que foram conservadas de Zélia, de 1863 até sua morte em 1877, registram o ritmo de vida com a guerra de 1870, a crise econômica, os nascimentos e mortes de quatro bebês.
Missa diária às 5:30, Ângelus e Vésperas, o descanso dominical, o jejum durante a Quaresma e Advento. Mas também piadas e brincadeiras; Louis gostava de pescar e jogar sinuca.
Convidavam os pobres para comer em casa e visitavam os idosos. Também ensinaram suas filhas a tratar os mais pobres como iguais.
Zélia morreu com um câncer muito doloroso, aos 46 anos. Louis ficou com as cinco filhas pequenas: Marie, Pauline, Léonie, Céline e Teresinha, que tinha apenas quatro anos e meio, mas sempre recordava de sua mãe como uma santa. Louis morreu em 1894, depois de sofrer uma doença mental grave.
Ambos foram beatificados em 19 de outubro de 2008 por Bento XVI e sua canonização será a primeiro conjunta de um matrimônio. Muitos propõem a vida cotidiana de santidade como um modelo para este tempo.
Processo de canonização
Os processos de canonização de Zélia e Luís foram instruídos separadamente pelas dioceses de Bayeux-Lisieux e de Séez entre 1957 e 1960 e enviados a Roma para apresentação à Congregação para as Causas dos Santos. Em 26 de março de 1994, reconhecida a heroicidade de suas virtudes, eles foram declarados Veneráveis pelo Papa João Paulo II. A beatificação do casal ocorreu em 19 de outubro de 2008, na Basílica de Lisieux (dedicada a Santa Teresinha), quando se celebrava o Dia Mundial das Missões (das quais a Santa das Rosas é padroeira). Foi estabelecido pela Igreja que a festa em honra dos esposos seja no dia do seu matrimônio.
O milagre que deu causa à beatificação foi a cura do italiano Pietro Schilirò, nascido em 25 de maio de 2002 com grave má-formação pulmonar, que segundo todos os médicos que o examinaram inevitavelmente o levaria à morte. A família e amigos dos pais do menino fizeram duas novenas a Zélia e Luís Martin. No dia 27 de julho, o menino deixou o hospital, inexplicavelmente curado. Em junho de 2003 foi reconhecida a origem milagrosa da cura.
Zélia e Luís são os primeiros pais de um santo a serem beatificados e o segundo casal a ser elevado à honra dos altares – o outro é formado por Luigi Beltrami Quatrocchi e Maria Corsini, beatificados em 2001 por João Paulo II. A primeira festa litúrgica do casal Martin ocorreu em 12 de julho de 2009, em Lisieux, e foi presidida pelo arcebispo de Milão, cardeal Dionigi Tettamanzi, que apresentou o processo para a cura do pequeno Pietro.
Oração para obter graças por meio da intercessão dos esposos Zélia e Luís Martin e para a glorificação deles:
Deus, Nosso Pai, eu te dou graças por ter doado Luís Martin e Zélia Guérin na unidade e fidelidade do matrimônio.Eles ofereceram o testemunho de uma vida cristã exemplar, cumprindo seus deveres cotidianos segundo o espírito do Evangelho. Conduzindo uma família numerosa através das provações, lutas e sofrimento, manifestaram sua fidelidade a Ti e aderiram generosamente à tua vontade.
Senhor, mostra-nos teus desígnios a eles reservados, e atende a graça que te peço (fazer o pedido), na esperança de que o pai e a mãe de Santa Teresa do Menino Jesus possam um dia ser propostos pela Igreja como modelo às famílias do nosso tempo. Amém.
 
*Texto enviado pela Comissão de Espiritualidade OCDS
 

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