“Quaresma com Nossa Senhora da Saudade” História e Oração.

“Quaresma com Nossa Senhora da Saudade” História e Oração.

104 Anos da devoção no Carmelo de São José, de Petrópolis – RJ.
(30.03.1918 – 30.03.2022)
#ComissãoDeHistória
#AlmaCarmelita 
NOSSA SENHORA DA SAUDADE é uma devoção especial do Carmelo São José de Petrópolis, local onde a Senhora do Céu foi a inspiração do anjo de Deus à monja formadora daquele Carmelo – Irmã Ignez do Coração de Jesus, no início do século XX. 
A devoção da chamada “Coroa de Saudades da Rainha dos Mártires”, encontrou na simplicidade de uma serva de Deus e Nossa Senhora a confirmação por se tratar de uma oração já inspirada por Deus a São Bernardo de Claraval que viveu nos anos de 1090-1153.  A oração foi indulgenciada em 300 dias pelo Papa Pio IX 11/12/1846. Vale a pena conhecer a história dessa inspiração. 
 
A Quaresma, como tempo forte de conversão, nos convida à meditação do mistério da “Paixão e Morte” de Nosso Senhor Jesus Cristo. Através de suas agudíssimas dores e de seus lancinantes sofrimentos, contemplamos tamanho mistério de amor.
 
“Ora, depois de Jesus, é Maria Santíssima a mais sublime dignificação dos sentimentos nobres e puros. Sofreu portanto todas essas dores, numa intensidade imensuravelmente acima de tudo o que de mais lancinante possa torturar os mais ternos corações, porquanto a perfeição incomparável de sua incomparável alma excede em delicadezas as de todas as mais perfeitas naturezas. Demais, o Filho que Ela chorava era também o Deus da sua adoração. Consideremos, pois, a espada de lucidante gume que o amor lhe cravou no peito, ao fechar o túmulo onde sepultada ficava a sua Vida…
Naquele instante solene, a Mãe dos homens encarnou a Dor, e como que corporificou em bulidade sagrada a Saudade que Ela personificou” – Irmã Ignez do Sagrado Coração de Jesus, OCD (1943).
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“O Sonho da Irmã Ignez do Sagrado Coração de Jesus”
Na noite de 30 de março de 1918, Sábado Santo, então chamado de Sábado de Aleluia, Irmã Inês do Sagrado Coração de Jesus, uma das fundadoras do Carmelo de são José em Petrópolis teve um sonho, por ela mesma relatado em documento.
“Sonhei que estava no leito, exatamente como então me encontrava e costumo passar as noites: meio sentada, recostada sobre travesseiros altos. a minha direita, um ser invisível, de quem vi apenas a mão formosa e alvíssima, estendida a pouca altura dos meus olhos, mostrava-me uma coroa de contas, enfeitadas a maneira do Rosário. E ao mesmo tempo, ouvi mentalmente as seguintes palavras: ‘É uma devoção a Nossa Senhora, muito eficaz. Compõe-se de 3 Padres Nossos e 36 Lembrai-vos”. E despertei inebriada de paz e de suavíssima consolação; mas ignorando que fosse o ser invisível que me trazia aquele segredo do Céu, porquanto só lhe vi a mão diáfana. Ficou-me a persuasão de ter sido o meu Anjo da Guarda o doce mensageiro da preciosa jóia de que o rei, meu Senhor, se dignara de encher-me as mãos, para exornar as vestimentas da Rainha, sua mãe. Mas não entendi absolutamente a significação dos 36 “Lembrai-vos”. Passei o dia inteiro de Sábado de Aleluia presa ao misterioso sonho, que de tanto bálsamo me ungira a alma; mas de modo algum consegui interpretar a razão do número 36, nem tão pouco a finalidade da nova devoção. Pela tarde, a hora da oração, no coro recolhida, ouvi no meu íntimo, dentro do meu coração, esta voz clara, distinta: ‘A devoção que recebeste em seu sonho é para honrar as saudades que Nossa Senhora sofreu de Jesus, durante as 36 horas em que esteve sepultado o corpo do Salvador’. Oh! Que abalo senti! Que estremeço de júbilo me sacudiu a alma ao receber a explicação do que até aquele momento era um enigma indecifrável! Que festa para o espírito quando se encontra a chave de um problema que não podia resolver!”
 
 E anos depois, nosso excelso mestre (Padre João Gualberto – Capelão do Carmelo), encontrou, no corpo da Suma Teológica de Santo Tomás, a confirmação desse número de horas. Narrei o fato a nossa Priora, que então era minha estremecida Madre Antonieta. No dia seguinte, Domingo da Ressurreição, apenas acabei de narrá-lo a minha querida Madre Natividade, tive a inspiração de dar à Santa Mãe dos meus enlevos, um ‘Nome Novo’, o de NOSSA SENHORA DA SAUDADE, e intitular a nova devoção por Coroa de Saudades da Rainha dos Mártires.”
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A oração do “Lembrai-vos”, ou melhor, a “Coroa de Saudades da Rainha dos Mártires”, é remédio para a alma abatida pelo pecado, pela dor e pelo sofrimento. São Bernardo, fervoroso servo de Maria, a Igreja o honra e o invoca universalmente como padroeiro das causas mais difíceis visto dirigir a Maria todo o seu fervor. Assim peça à Maria que venha pedir por você e os seus a Jesus. Implore, do seu especial privilégio diante de Deus, que Maria possa trazer o benefício visível e rápido a essa causa que lhe faz desesperar-se. Clame que a Senhora lhe venha assistir. Apresente-se a ela com as dificuldades e necessidades que o consolo e a ajuda lhe virão para amenizar as tribulações e sofrimentos.
Segue, abaixo, a oração da “Coroa de Saudade da Rainha dos Martires”, e as meditações das dozenas escritas pela Irmã Ignez no ano de 1943, durante os 25 anos da devoção.
 
“Coroa de Saudades da Rainha dos Mártires”:
(3 Pai Nossos/ 36 Lembrai-vos)
 
1. Na primeira dozena, contemplamos as saudades que Nossa Senhora sofreu de seu Divino Filho, desde o instante em que a pedra do Santo Sepulcro velou aos seus maternos olhos o Corpo de Jesus.
 
2. Na segunda dozena, contemplamos as saudades de Nossa Senhora, que, na residência de São João, não pôde abrigar-se na solidão, refúgio onde menos dessangram chagas mortais.
 
3. Na terceira dozena, contemplamos as saudades de Nossa Mãe adorada, quando voltou ao Calvário, onde renovou o seu sacrifício de Co-redentora da humanidade, oferecendo por nós a Deus o Filho que ela chorava.
 
“Lembrai-vos, ó misericordiosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que nenhum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho; e gemendo com o peso dos meus pecados, me prostro aos vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Mãe do Divino Verbo humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.” 
(Indulgência de 300 dias cada vez que se recitar esta oração, e plenária, uma vez por mês. Pio IX, 11 de dezembro de 1846)
 
Ao final, na medalha de Nossa Senhora termina a Coroa, rezando-se três Ave Marias e a seguinte súplica: 
“Lembrai-vos, ó Rainha dos Mártires, das saudades cruciantes que atormentaram o vosso Imaculado Coração durante as 36 horas de sepultura do vosso Divino Filho. Pelas dores acerbíssimas da vossa saudade, oh! acendei-nos n’alma o desejo de ver a Deus no Céu, e alcançai-nos, um dia, a eterna Bem-aventurança. Enquanto, porém, neste desterro peregrinamos, obtende-nos as graças que nos são necessárias para amarmos e servirmos a Jesus com fidelidade até à morte; e, se for da sua vontade adorável, impetrai-nos (ou impetrai-me) o merecimento que vos imploramos (ou imploro) com inteira confiança. Amém.” 
(Indulgência de 50 dias concedida a esta oração pelo Exmo. e Revmo. Sr. Bispo de Niterói).
 
NOSSA SENHORA DA SAUDADE, Rainha dos Mártires, rogai por nós! 
 
Estela Márcia da Paz Moreira de Araújo
Estela Maria Teresa de Jesus, OCDS.
 
Obs.: Aquisição do Devocionário de Nossa Senhora da Saudade.
Carmelo São José de Petrópolis/Endereço: Avenida Barão do Rio Branco, 1164  Petrópolis – RJ, 25680-150
(0xx)24 2242-3434